
Quando lançou sua pré-candidatura à Presidência dos Estados Unidos, em abril de 2019, o democrata Joe Biden declarou que representava duas coisas: os trabalhadores que “construíram este país” e os valores que podem unificar a polarizada sociedade americana atual.
A pandemia do coronavírus, a crise que expôs o racismo no país e a depressão econômica histórica que se avizinha viraram 2020 de cabeça para baixo, representando um grande desafio para quem chegar à Casa Branca após as eleições de 3 de novembro. Esses acontecimentos obrigaram os candidatos a modificar algumas de suas propostas, prioridades e estratégias.
Muitos analistas veem a decisão de Biden, de 77 anos, de nomear a senadora Kamala Harris como sua vice — a primeira mulher negra a concorrer à vice-presidência na história do país — como parte dessas mudanças. Porém, há uma coisa que não mudou: a proposta básica de Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama, continua sendo de reconstruir e restaurar o que, em seu entender, se perdeu durante o atual governo. Isso inclui pontos como alianças internacionais, avanço da classe média, proteção ambiental e direito à saúde.
Não deve ser surpresa para ninguém que Biden pretende enfrentar a crise de saúde pública com uma resposta tecnocrática impulsionada pelo governo federal. Em seus últimos dias como vice-presidente de Barack Obama, Biden deu início a um grande e ambicioso projeto federal para promover a pesquisa sobre câncer, conhecido como Cancer Moonshot. Para enfrentar o coronavírus — o desafio mais imediato e óbvio que os Estados Unidos enfrentam hoje — Biden está propondo fornecer testes gratuitos para todos e contratar 100 mil pessoas para estabelecer um programa nacional de rastreamento de contatos.
Economia:
salário mínimo e energia verde Biden quer aumentar o salário mínimo para pelo menos US$ 15 (R$ 80) por hora, um movimento popular entre os jovens que se tornou uma espécie de plataforma de campanha do Partido Democrata em 2020.
Meio ambiente:
voltar ao Acordo Climático de Paris e adotar matriz de energia verde até 2050 Biden prometeu que, se ganhar, trará os Estados Unidos de volta ao acordo climático de Paris, do qual o país se retirou sob Trump. Ele se comprometeu a alcançar 100% de “economia de energia limpa” até 2050 e descreveu as mudanças climáticas como “o desafio que definirá o futuro de nosso país”.
Indústria:
priorizar produção nacional O plano “Rebuild Better” de Biden propõe que o governo federal invista US$ 700 bilhões em materiais, serviços, pesquisa e tecnologia feitos nos Estados Unidos. A proposta também visa a fortalecer as chamadas leis de “Compre Produtos Americanos”, que incluem ajustar a definição do que é considerado um bem de produção nacional.
Política externa:
reparar a reputação do país (e talvez enfrentar a China) A política de Biden se concentra na noção de “política externa para a classe média”, bem como na promessa de reparar as relações com os aliados tradicionais do país que Trump minou, particularmente com os países da Otan.
Educação:
pré-escola universal e expansão da educação universitária gratuita Em uma notável mudança para a esquerda, Biden endossou várias políticas de educação que se tornaram populares dentro do partido: cancelamento de dívidas de empréstimos estudantis, expansão de faculdades gratuitas e acesso universal à pré-escola.
Controle de armas:
uma mudança radical das políticas atuais para conter a violência armada A campanha de Biden chama a violência armada de “uma pandemia de saúde pública”. Se vencer, o candidato prometeu dezenas de mudanças nas políticas de controle de armas dos Estados Unidos. Biden diz que, se eleito, seu governo vai proibir a fabricação e venda de armas de assalto e pentes de alta capacidade, e exigir a checagem de antecedentes de todos os compradores de armas.
Imigração:
reverter as políticas de Trump Se eleito, Biden diz que procurará desfazer imediatamente as políticas de imigração da era Trump. Em seus primeiros cem dias no cargo, ele promete reverter as políticas que separam os pais de seus filhos na fronteira, acabar com os limites dos pedidos de asilo e retirar restrições a viagens para vários países de maioria muçulmana.
Justiça:
reforma do sistema penal, legalização da maconha e fim da pena de morte Biden propôs uma série de políticas para reduzir o encarceramento, abordar disparidades de raça, gênero e renda no sistema judicial e reabilitar prisioneiros libertados. Se eleito, Biden diz que removeria as sentenças mínimas obrigatórias, descriminalizaria a maconha (e retiraria as condenações anteriores por maconha) e acabaria com a pena de morte.
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