Caso Leonel Quintana: em áudios, ele diz que não voltará ao Brasil correndo o risco de ser preso

Há cerca de 10 meses, a vida da paranaense Karoline Machado se tornou um pesadelo. A curitibana luta para poder recuperar os filhos, que foram levados aos Estados Unidos pelo pai, Leonel Quintana, utilizando uma autorização falsificada para passar pela Polícia Federal.

Durante entrevista com Karoline e o advogado Vinícius Cechinel, o repórter investigativo Thathyanno Desa apresentou dois áudios de Leonel. Um enviado para um dos filhos mais velhos, que estão no Brasil, e outro para um parente.

No primeiro áudio, Leonel diz que  só quem tem documentação consegue contratar internet nos Estados Unidos. Diz que está na Carolina do Norte, e que não contou para os filhos, porque eles podiam contar para a mãe. Ele afirma que o juiz deu uma autorização em São Paulo, e que está em uma casa muito boa, com piscina. Garante que as crianças já estão estudando, e que como não chegou a um acordo com a mãe, fez o que era melhor para eles.

Leonel afirma também que a intenção era levar as crianças para estudar e que voltassem de vez em quando para o Brasil. Ele diz  que gastou mais com as autorizações do que com as passagens. Que eles podem não entender agora, mas quando os irmãos se formarem, eles vão entender.

Já o segundo áudio, mostra uma faceta diferente. Leonel, com um tom de voz alterado, diz que os dois filhos mais velhos estão mandando mensagens e falando bosta. Diz que está tudo muito bem encaminhado e está de saco cheio. Que tem autorização judicial, e não vai voltar ao Brasil, correndo o risco de ser preso. “Eles estão bem. Eu até mandaria de volta, se alguém fosse pagar uma faculdade para eles. Parem de ficar mandando mensagem. Gastei mais com a autorização do que com as próprias passagens, e não vou correr o risco de voltar ao Brasil sendo que aqui eu tenho emprego, tem uma casa excelente, as crianças estão na escola. Então parem de me incomodar. Me deixe em paz. A coisa podia ser diferente”, afirma.

Na entrevista, os áudios também foram comentados. “Ele deixa todos convencidos que ele é só um pai que busca o melhor para os filhos dele, mas tem que olhar a situação com muita cautela. Talvez ele esteja se apropriando dos filhos dele, utilizando como escudo. Há pessoas que usam crianças para imigrar para os EUA para conseguir melhores condições. Não estou dizendo que é o caso, mas ele diz muitas coisas contraditórias. Quando ele disse que tem a guarda, não é verdade. Quando eles realizaram o divórcio, a guarda foi estabelecida na modalidade compartilhada e permaneceu compartilhada. Ele entrou com vários pedidos no Brasil para pedir a guarda unilateral para ele, e ele não conseguiu. A Karol nunca pediu a guarda unilateral para ele. Sempre quis manter para os dois pais. E essa questão da autorização me dá um nó na cabeça. Quem tem competência para autorizar a viagem dos menores é o foro de Curitiba, no Paraná. Ele diz que ele teve que conseguir uma autorização judicial em São Paulo e gastou muito dinheiro. Que dinheiro? Isso não faz sentido. O processo que ele tramitou aqui, ele não pagou nada. Como ele gastou muito dinheiro para conseguir uma autorização? Tem uma coisa muito errada nessa história. Até que ele diz que se voltar vai direto para  a cadeia, preso. Nós não fizemos pedido de prisão nem nada. O único pedido feito, que saiu da promotora, foi um pedido para investigar o possível crime de subtração de menor, de pena muito baixa, que nem dá cadeia. Não consigo entender a argumentação do Leonel. Parece ate que está confessando a culpa dele”, destacou o advogado.

“Ele usa muito o argumento de que ele tentou conversar comigo e isso nunca aconteceu. Ele usava o meu filho para tentar me convencer de que ia apenas fazer um passeio. Eu sabia, porque ele contou para alguns amigos em comum. Ele planejou isso por cinco anos. Meu filho chorou, implorou. E eu dizia que ele teria tempo para fazer esse passeio. Mas ele nunca foi pai para chegar diante de mim e falar nos meus olhos. Tanto que o áudio não foi nem para mim. Ele chegou a pedir perdão para os nossos filhos, mas não para mim como mãe. E fala tanto em estudo, mas aqui temos uma faculdade gratuita, que é uma das mais procuradas do Brasil. O governo dá até moradia para os estudantes que vem de fora. Estudo de ensino fundamental, médio, dos melhores do Brasil. Hospitais que vem gente do Brasil inteiro se tratar”, reitera Karoline.

“Se as crianças estão bem, porque esse papo de que só consegue internet quem tem documento nos EUA? Isso é papo furado. Eu moro nos EUA há mais de 20 anos. Até Wifi free você consegue na biblioteca, nas escolas. É um papo furado. Um crime, passa pela Polícia Federal, e ainda dá trabalho”, completa Thathyanno.

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*