
Seguem aparecendo novas vítimas e novos detalhes dos golpes aplicados por Bruno de Almeida no Brasil. Além de tirar o dinheiro de dezenas de pessoas nos Estados Unidos, com a venda de carteiras de motorista internacional, quando estava no país de origem, mais do que danos financeiros, colocou a vida de muitas pessoas em risco.
Como uma das vítimas já havia revelado na última semana, Bruno e a esposa, Ana Paula Gomes, de 30 anos, se passavam por biomédicos, em clínicas de estética, para cobrar por tratamentos que colocaram a vida de muitas pessoas em risco. Algumas dessas vítimas estavam desde então sem ter notícias da quadrilha, até que a entrevista feita por Thathyanno, sobre a venda de carteiras chamou a atenção.
Três das vítimas de Bruno e sua quadrilha falaram com exclusividade com o repórter investigativo Thathyanno Desa e contaram detalhes dos golpes.
Na última semana, Luciana Costa já havia dado entrevista por telefone, com o nome fictício de Erica. Mas desta vez, ela decidiu mostrar o rosto e pedir por justiça.
“Eu conheci o Bruno através de uma vizinha que falou que tinha conhecido um biomédico que fazia um trabalho maravilhoso no rosto usando fios. Eu fui ate o Bruno, fui até lá para a primeira consulta. Ele pega uma folha e diz o que você tem que fazer e você retorna no outro dia. Eu fui, foi colocado os fios e a têmpora foi esverdeando. Ele disse que isso acontecia com quem fez bariátrica, e eu disse que não fiz bariátrica. Nisso ele saiu da clínica e foi para outra. Chegando lá, ele colocou a prima da Paula, chamada Thaís, que colocou uma solução que ia lavar a minha têmpora. Depois que eu descobri que essa menina não é biomédica. Depois a Paula, esposa dele colocou o fio na minha testa, porque segundo ele, esta teria que ser feita por uma pessoa mais experiente. Não sabia nem que ela era esposa dele. Vim saber muito depois. A Paula fez a minha testa. E quando tudo estourou, descobrimos que ninguém era formado em nada, aquilo era uma quadrilha. Ele só corria. E fui atrás dele. E disse que não saia de lá sem que me atendesse. Ele ficou com medo de eu dar escândalo na clínica, me chamou para dentro da sala, e eu tenho um áudio de 2 horas que ele fala que a Paula não é biomédica, que ele não tem formação. Eu vou puxando a conversa para ele ver que eu não era boba. Não acreditava que uma pessoa sem formação tivesse a coragem e furar o rosto de outra pessoa. Tenho print das conversas, tenho áudio de 2 horas”, conta.
“Tive problema de saude, e ele mandou procurar um cirurgião plástico que vamos pedir para retirar os fios. Depois ele desapareceu. Fomos em duas clínicas onde ele colocava laranja como dono. Em uma delas, inclusive, a prima da Paula fugiu da polícia. E aconteceu que ele fugiu do brasil. E fomos tendo notícias que ele estava muito bem, de carrão, e aqui no Brasil, uma gama de pessoas lesadas. Eu, por exemplo, levanto com isso doendo. A têmpora inchada. Faço ultrassom, ressonância e não acusa onde esta o fio. Depois descobrimos que o fio não é próprio de colocar no rosto. O corpo da gente não vai conseguir reconhecer esse tipo de coisa. Algumas pessoas pagaram e tiveram problema financeiro e outros com problema financeiro e estético. Eu não coloco na Justiça porque ele não está aqui. Mas um dia a casa cai. Uma hora você vai ser achado”, revela Luciana.

Segundo Mayesse Gomes, outra das vítimas, uma das características dos golpistas era montar estruturas muito organizadas, de modo que convença todas as vítimas. “Fui para fazer aplicação de botox. Na hora que cheguei, a moça da recepção falou que eu tinha que passar por uma avaliado com o Dr. Bruno de Almeida. Ele pegou uma ficha, fez diversas marcações, e marcou todos os procedimentos que eu tinha que fazer, disse que fica excelente e me apresentou a técnica do fio, que não tinha corte. Ele me mostrou diversas fotos, achei interessante, pesquisei o fio, a técnica e era como ele tinha falado.Eles mostram o fio, que é um fio de PDO. Mas depois que você deita e está com a anestesia, eles trocam o fio. Colocam um fio de sutura. Cheguei e me apresentaram como Dra. Ana Paula. Eu perguntei como iria continuar o tratamento, e ia ser uma hidratação e depois o fio. E eu falei que não ia fazer, porque não tinha dado resultado. Mesmo assim, aplicou um soro fisiológico. No outro dia, começou a inchar, dar um caroço. Mandaram eu voltar. Quando fui, a clínica tinha fechado. E o salão que tinha embaixo contou que tinha muita gente que estava procurando eles por terem sido lesados, que eles faziam procedimento sem poder. Então eu consegui falar com a menina da recepção e ela disse que tinha fechado”, conta.
“Então eu descobri que eles tinham reaberto em outra clínica, que era a clinica Hollywood. Que você chegava na entrada da clinica e tinha uma foto do Dr. Rey. Diziam que não tinha vínculo nenhum com a Ana Paula e o Bruno. Eu fui lá, disse que tinha ido a pedido da Ana Paula para concluir o procedimento, e eles me perguntavam quem é Ana Paula. Então chamei a polícia, fui com a Luciana e a menina não sabia o que fazer. Nisso passa a Thaís, prima da Ana Paula por trás Eu disse ‘por favor, conversa com a gente’. Eu puxei e vi que a clínica estava registrada no nome da Ana Paula. Então chamamos a viatura. O policial chegou, explicamos a situação. Então a Thais subiu, e fugiu. Minha mãe pagou e não chegou a fazer, graças a Deus. E lá as máquinas, tudo era a mesma coisa da clínica antiga. Não tinha como citar eles para processar porque a gente não sabia onde eles estavam, até ver a matéria da falsa carteira”, afirma Mayesse, que fez dois boletins de ocorrência.
Já Cláudia Antonacci revelou ter vergonha de ter caído na lábia dos estelionatários, mas que a maneira como eles aplicam o golpe mostra a habilidade deles. “Ele explica muito bem. Como todo estelionatário, ele te convence. Mostra a técnica, te explica. Eu achei que ele fosse médico, por isso que tinha que fazer a avaliação”, conta.
“Eu fiquei totalmente deformada. Fiquei 15 dias sem trabalhar porque não tinha como sair na rua. Quando passou o inchaço, eu fui atras do Bruno, porque a minha testa estava toda inchada. Os fios todos aparentes. Eu não conseguia marcar com ele, diziam que não tinha agenda, mas eu queria falar com ele, porque achei que ele fosse doutor. Com muito custo, marquei com outro nome, e disse que só seria se fosse com o Dr.Bruno. E ele me convenceu que iria colocar outros fios que iria corrigir o problema. Que com dois anos o organismo iria absorver. Esperei os dois anos. E fiquei deformada. O rosto todo roxo, devido aos fios aparecendo. Voltei na clinica, que já estava fechada. No site só tinha a propaganda com telefone. Não tinha mais com quem reclamar. E procurei o melhor cirurgião plástico de Belo Horizonte. E ele disse, que não tem jeito. Não sabe onde está os fios. O fio pode estar em um nervo. Se mexer vai ser pior. Não tem nenhum exame que diz em que fio está. Fui numa dermatologista e ela tirou uns 5 fios que estavam aparentes. Cada fio é uma cicatriz. E não tem dinheiro que vá consertar. A minha tristeza foi tão grande que eu nem queria cuidar mais. Sinto dor na testa, a boca repuxa”, conta Cláudia.
“Não tenho pretensão de dinheiro. Não há dinheiro no mundo que pague essa dor. Eu só quero que ele pague pelo que ele fez e que não faca isso com nenhuma pessoa. Nem que tenha que ser preso ai e pague pelo crime, por mim já basta. Ele não tem um pingo de humanidade para fazer isso com as pessoas”, diz Luciana. “Que fique preso aí. E já procurei a Polícia Civil. E se acontecer alguma coisa comigo, você é o principal suspeito. Não vem mandar mensagem me ameaçando”, completa.
“Que pare de enganar as pessoas. Vamos ficar o resto da vida com essa dor”, disse Cláudia.
“Que fique preso aí. A gente quer que eles paguem pelo que fizeram com essas pessoas. Algumas meninas não quiseram participar da live, porque não têm autoestima para fazer nada”, afirma Mayesse.
Eu quero o telefone de uma das vítimas, do Bruno e Ana Paula eu sei onde eles estão, estão em Ipatinga
Esse casal está em Betim Mg – inclusive ela acabou de perder o pai
Sou vítima e abri uma queixa na Polícia Civil em Minas Gerais. Impressionante como nada os detém!