Médico é preso suspeito de matar pacientes com Covid para liberar leitos

A Itália vivia o auge da primeira onda da pandemia do coronavírus quando, em março, enfermeiros do hospital de Montichiari, na província de Bréscia, no norte do país, notaram que o médico responsável pelo pronto-socorro adotava uma prática totalmente fora dos protocolos: a aplicação de doses mortais de remédios inapropriados em pacientes internados com sintomas graves da Covid-19.

O caso se tornou público depois que Carlo Angelo Mosca, 47, recebeu ordem de prisão preventiva domiciliar, suspeito de ter matado intencionalmente pacientes com o anestésico propofol e succinilcolina, um bloqueador neuromuscular. Essas substâncias potentes são indicadas para situações de intubação pela traqueia, procedimento a que as vítimas não foram submetidas.

Mosca foi interrogado por duas horas e meia no Tribunal de Bréscia. Ele negou as acusações e, segundo seus advogados, deu esclarecimentos. Pouco antes das 10h, o médico chegou andando sozinho e foi cercado por jornalistas e câmeras, a quem se limitou a dizer, em voz baixa: “Sou inocente”.

No entanto, a juíza Angela Corvi, que aceitou o pedido do Ministério Público para a prisão domiciliar, justificou sua decisão dizendo reconhecer “graves indícios” de que Mosca cometeu homicídio doloso qualificado em ao menos dois pacientes. A investigação, que começou em maio, levantou evidências de que as mortes de Natale Bassi, 61, e Angelo Paletti, 79, foram causadas pelas doses fatais aplicadas pelo médico entre 20 e 22 de março.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*