Colômbia: madrugada marcada por protestos e manifestantes falam em “massacre”

Um balanço da Defensoria do Povo, órgão público de fiscalização do governo da Colômbia, estimou nesta segunda-feira (3) que 19 pessoas morreram e mais de 800 ficaram feridas durante a violência nos protestos no país contra um projeto de reforma tributária.

Desse total de mortos, 18 eram civis e um era policial. O ministério da Defesa, em outra contagem, diz que 846 pessoas se feriram nas manifestações — 306 deles, civis. Os protestos começaram em 28 de abril.

As autoridades prenderam 431 pessoas durante os distúrbios, e o governo ordenou que os militares fossem enviados para as cidades mais afetadas.

Mais cedo nesta segunda, o ministro da Defesa, Diego Molano, disse que os atos de violência foram “premeditados, organizados e financiados” por grupos dissidentes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e pelo ELN (Exército de Liberação Nacional), a última guerrilha reconhecida no país, sem dar mais detalhes.

O presidente já tinha anunciado na última sexta (30) que reformularia o projeto anterior, mas não deu detalhes. A declaração, porém, não foi suficiente para acalmar os protestos contra a proposta, e milhares de pessoas foram às ruas no fim de semana contra a reforma, acusando o projeto de sacrificar a classe média durante a pandemia de Covid-19.

Embora em menor número, manifestantes foram às ruas novamente nesta segunda na capital Bogotá e em outras cidades como Medellín, Cali e Barranquilla.

Em novembro de 2019, colombianos tomaram as ruas durante vários dias, em protestos que acabaram com ao menos quatro mortes e 500 feridos e geraram a prisão de 172 pessoas e a expulsão de 61 estrangeiros, sob acusação de vandalismo.

Os atos daquela época somavam diferentes demandas. As centrais sindicais rejeitavam possíveis iniciativas do governo, não oficializadas, para reduzir direitos trabalhistas e aposentadorias; os estudantes pediam mais recursos para a educação; e os indígenas, mais proteção, pois dezenas deles foram assassinados desde o início do mandato de Duque, em 2018.

Os manifestantes também questionavam a intenção do presidente de rever o acordo de paz com as Farc, que desarmou a guerrilha e transformou o grupo em um partido político.

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