Post sugerindo que helpers cobrem até 180 dólares ao dia causa polêmica na comunidade

 

Um post em um grupo de bazar do Facebook é responsável por uma polêmica. Aylla da Silva publicou que nenhuma helper deveria aceitar menos de 150 dólares por dia. “Help unidas jamais serão vencidas. Gente, por favor, nada de trabalhar por 130. Com experiência ou sem. 150 a 180. Não aceite menos”, escreveu, causando inúmeras discussões.

Para tratar do assunto, o repórter investigativo Thathyanno Desa chamou Aylla, além de Ronaldo Felicio e Samuel Andrade, para discutir o tema.
“Eu coloquei que não aceitamos menos, já que eu por exemplo, tenho uma tremenda experiência e eu posso falar que tenho. São 21 anos dedicados ao clean e eu recebo como se tivesse chegado aqui hoje, sem experiência. Nem todas as patroas são assim, mas é o que eu tenho hoje. A experiência não está contando. Foi por isso que eu chamei a atenção. Posso dar nome aos bois de pessoas que me pagam como se eu tivesse chegado hoje. Não tem diferenciado isso”, disse Aylla.

Já Ronaldo defende que todos recebam o mesmo valor, com ou sem experiência. “Eu não puxo saco para lado nenhum. Vou atrás do que é justo. Já fui funcionário, sou patrão e se tiver que ser funcionário, vou ser também. E entendo isso [valor diferenciado]. Em um restaurante, a pessoa sem experiência ganha 10 dólares a hora. Com experiência ganha 12. Mas eu tenho 20 anos de limpeza de casa. A Joana tem um mês e está aprendendo. Eu chego na Joana e digo, vou pagar 100 dólares por dia porque você não tem experiência. Se colocar na ponta do lápis, seria justo. Só que tudo está caro. Eu vou pagar a Joana por 130, já que ela tem que comprar o mesmo pão. O leite é o mesmo. As contas são caras. Por isso eu gosto de pagar a mesma coisa para quem não sabe. Se for para outro setor, como um pintor profissional, que tem uma produção diferenciada, recebe um preço diferenciado”, explica.

Já Sam, contou que já teve problemas por causa disso. “As meninas que trabalhavam comigo descobriram que eu estava pagando para uma menina que recém tinha chegado, o mesmo valor delas. E isso gerou uma grande polêmica que chegou ao extremo que eu perdi as duas funcionárias que eu tinha. Um problema que existe é o ajudante e patrão. O patrão é o dono da casa. Eu contrato outra pessoa para me ajudar porque sozinho eu não consigo. Porém, o que acontece entre os ajudantes em geral é falta de comunicação. Se eu tenho um problema no trabalho, ao invés de conversar com o Ronaldo, eu vou no vizinho falar do Ronaldo, que é quem coloca o pão na minha mesa. Eu não concordo com o post. Acho que o momento é de comunicar. Tem helpers que não comunicam, te deixam na mão. O helper que é bom, não vai para a internet falar de ninguém. Não vai pra grupo de WhatsApp. Se você é justo na minha empresa, me ajuda e eu gosto do seu trabalho, eu não vou negar te dar aumento”, afirma.

Aylla, por sua vez, se defende, e diz que é comum encontrar patrões que maltratam os ajudantes. “Quando saio de casa para trabalhar, não saio pra falar mal de patrão, para ficar no celular. E eu não estou falando de todos. Existem excelentes patrões. Mas fiz uma paralisação com duas amigas, porque não tinha o que fazer. Era 4 da tarde, já tinha feito seis casas e ela queria fazer mais duas. Falamos que não tínhamos mais condições, porque não paramos 5 minutos pra comer, 5 minutos pra respirar. Combina quatro casas, mas chega no meio do caminho e diz que apareceu mais uma. Quer mais? Me paga um extra. E uma funcionária que não para para comer, para respirar, não tem condições”, diz.

Já Ronaldo disse que o valor extra é combinado, e que em casos como esse, as funcionárias deviam deixar os patrões que tratam mal. “Se essa patroa está ruim, deixa ela. Se eu for trabalhar com uma pessoa e achar que ela está fazendo uma coisa errada comigo, ninguém mais vai e ela vai acabar ficando sozinha”, analisa.

Durante o debate, a discussão foi ficando acalorada. Foi necessário silenciar o microfone de Aylla para que os outros participantes pudesse falar, como a ativista Marla Rabello.

“Pode variar entre 120 e 130 dólares [o valor do pagamento]. Tem pessoas que têm experiência que não te ajudam em nada e tem pessoas sem experiência que vestem a camisa e salvam o seu dia. Funcionário tem que ser tratado com respeito, com educação. Se tem trabalho extra, tem que ser pagado extra. Se tiver imprevisto, tem que ser compensado. Mas 180 dólares por dia? Eu preciso de funcionário, não preciso de sócio. Nós pagamos imposto. Pago seguro do meu carro, pago gasolina do carro. É justo 120 a 130 dólares. Dinheiro livre, sem imposto. O salário mínimo em Massachusetts é 13,50. Se está achando ruim, trabalhe um mês no McDonalds, Burger King, e veja quanto vai levar por dia. É duro, é cansativo, mas a remuneração é justa. É decente. Tinha que ter uma tabela de preço para evitar os problemas. Você quer causar confusão. Está fazendo a nossa raça rejeitar a própria raça, e não precisamos disso”, destacou Marla, que foi apoiada por Ronaldo e Samuel.
“É o meu imposto que está pagando o seu seguro de saúde, porque eu não tenho o beneficio que você tem. O certo é que todo mundo estivesse pagando imposto. Tem um privilégio e ainda está reclamando. E se tiver sendo mal tratado, faça contato comigo, com o centro do imigrante, não com essas pessoas. Se precisar, vamos processar, porque tem que ser tratado como gente. Funcionário tem que ser reconhecido, respeitado. Mas 180 dólares? Eu não preciso de sócio”, completa.

Thathyanno também se manifestou: “A maioria das pessoas que está chegando são um bando de preguiçosos, achando que dólar dá em árvore. Não querem trabalhar, chegam aqui e descobrem a verdade. Se não está bom, volta para o Brasil”.

Por fim, Samuel pediu que tanto os funcionários quanto donos de companhia de limpeza tenham mais diálogo. “Com dialogo fica tudo mais fácil. Se alguém te explora, dá o fora. Não sei porque tanto ódio com os donos de schedule. Resolução, conflito, não leva a lugar nenhum. Primeiro tem que saber ouvir”.

 

Confira o debate completo

 

3 Comentários

  1. Situaçao tao fácil de ser resolvida.
    Vejo duas saídas,a “help” que nao ta feliz com o que ganha ou com a “patroa”monte seu próprio “schedule”.
    As “patroas” paguem por casa trabalhada,nao trabalhou nao recebe.
    Sem brigas e sem discussoes.

  2. Eu tenho a seguinte opinião.As helps que não tem experiência , que não fala inglês ,são pegas em casa e devolvida da em casa nao tem que receber o mesmo valor de quem já está aqui a anos , se querem ganhar bem vai procurar suas casas e faze -las sozinhas, acho que temos ainda de agradecer as pessoas que nos dão oportunidades de aprender com elas . Obs trabalho de help a dois anos desde que cheguei aqui , agora já tenho meu carro , minha drive licence e já estou formando meu próprio schedule. Boa sorte a todos

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