Depois de tentar golpe em homem que lhe mandou dinheiro por três anos, brasileira rouba mulher que a acolheu

Quando fez uma solicitação de amizade no Facebook, José Amélio da Silva jamais imaginou o que iria acontecer com a vida dele. Das primeiras conversas com Sara Estefani, passou três anos mandando dinheiro para ela, até ser envolvido em uma cilada nos Estados Unidos.

Esse foi o caso que José contou com exclusividade ao repórter investigativo Thathyanno Desa. Segundo o trabalhador, o relacionamento durou quase três anos, com ele nos Estados Unidos e ela no Brasil. “Começou com uma solicitação de amizade no Facebook. Ela demorou a responder. E me chamou ele quando eu estava chegando de Nova York a Boston”, conta.

De acordo com José, a primeira coisa que ele fez foi perguntar a idade, até que ela contou ter 25. Sabendo que ela era maior de idade, iniciaram uma conversa descompromissada, que com o passar do tempo se tornou uma amizade.

Ela perguntava se ele era solteiro, e José, por sua parte, deixava claro que era casado e tinha filhos. Mesmo assim, acabou se envolvendo virtualmente com Sara. “Ela falou que eu apareci no momento que mais precisava, que ela estava pensando em se suicidar. Dizia que o sonho era ir para os Estados Unidos, e eu dizia que tinha que trabalhar, juntar um dinheiro. Ela era dramática e eu disse, ‘eu não sou seu esposo, estou apenas te auxiliando'”, revela.

“A gente foi ficando mais amigo. E ela me pedia fotos. Ela dizia que eu era o diamante negro dela. Ela foi, pegou o visto. E eu paguei tudo. Ela chegou aos EUA depois de quase três anos. Quando ela veio, eu disse: vai trabalhar. Esquece o negão. Ande com as suas próprias pernas”, mas não foi o que aconteceu.

“Um dia eu estava trabalhando e tinha uma mensagem dela dizendo: ‘José Amélio, quero a minha passagem para Orlando, vou embora’. E eu disse: ‘tá doida. Faz 13 dias que você está aqui’. Disse ‘se você não colocar a passagem na minha mão, eu vou chamar a polícia’. E o pessoal dizia ‘compra essa passagem e manda essa mulher embora’, revela.

José trabalha duro, e mandava o dinheiro para ajudar a família no Brasil. “Eu pensava, eu não posso trocar a minha família por uma aventura dessas. Me arrependi, e liguei pros meus filhos”, conta.

O caso porém ficou ainda mais sério quando ele se negou a continuar mandando dinheiro para Sara. “Daí aconteceu aquilo, e numa noite ela pegou meu telefone, pegou as fotos, Facebook dos meus filhos. Ela já tinha pegado todas as informações. Quando ela chegou no Brasil, eu falei que era uma pena ela estar de volta no Brasil, pois sei que o sonho dela era ir para a América, mas a partir daquele momento eu não mais dinheiro. E porque eu fui falar isso? A mulher se transformou no satanás. Ela dizia ‘eu vou mandar para a sua família tudo que eu fiz, tirei foto sua pelado ‘. E ela mandou”.

“A primeira foto que ela mandou, foi para a mãe dos meus filhos. E ela estava na igreja. Depois mandou para os meus filhos, e um deles passou mal”.

Um tempo depois, Sara voltou aos Estados Unidos. “Eu falei que eu não queria que ela morasse comigo, porque a primeira vez que ela foi, quase acabou com a minha família. Ela disse ‘só me recebendo, está bom’. Mas chegando no aeroporto, demorou 40 minutos para sair. E disse que não conseguia sair porque a porta do avião não abria. Mas cada áudio que mandava, ela apagava. E quando ela chegou, eu quase não reconheci. Eu pensava. Não toca nesta mulher”.

José disse que não levaria Sara para morar com ele, e a deixou em um hotel. Chegou a dizer que estava com dor de cabeça, e quando ele ia em uma farmácia, deixava o celular no carro. Ela aproveitou e apagou todas as fotos . “Ela fez tudo premeditado para me prejudicar”.

“Disse que ia chamar a polícia, que estava colocando ela numa espelunca. Eu disse que não precisava, que ela tinha visto de 10 anos, que se ela fizesse isso, só iria me prejudicar, pois eu não tenho documentos. Nisso ela apertou a mão e gritava ‘help me’. O policial veio direto em mim. Perguntou o que aconteceu, e eu disse que nem eu sabia. Perguntou se eu tinha batido nela, e eu disse que não. Veio com tudo planejado para dar o golpe em mim”.

Thathyanno também ouviu a filha de José, Francislaine, que contou sobre os materiais que recebeu. “Foi uma situação muito constrangedora. Nós ficamos sabendo do envolvimento do meu pai com essa mulher e resolvemos em família. E um dia eu indo trabalhar, recebi áudios. Ela quis denegrir o meu pai. O que mais me atingiu é que eu sou mulher. É uma pessoa que não tem pudor, não tem respeito nenhum. Para mim, não chegou foto, chegou os áudios de intimidade dos dois”, contou.

Roubo

José Amélio não foi a única vítima de Sara. A brasileira Monnyck Leal abriu as portas da própria casa para ajudar, e em troca, foi roubada.

“Eu estava indo trabalhar, e me liga cedinho uma amiga chamada Juliana, que tinha uma pessoa que estava pedindo ajuda. Ela disse que estava sem dinheiro, hospedada em um hotel e que estaria sofrendo abusos do namorado. Que teria saído do apartamento do namorado e ido para o hotel, e tinha acabado o dinheiro. E a Juliana pensou que a pessoa que podia ajudar era eu. Me ligou, perguntou se não tinha um quarto aqui para alugar. Eu disse que tinha e não iria cobrar nada porque ela estava desempregada e iria ajudar. A Juliana trouxe ela e levou ela até uma casa ao redor para trabalhar com ela, e foi onde a gente se conheceu”, revelou Monnyck.

“Ela disse que o suposto namorado dela queria que ela cozinhasse para ele, e que fosse como mulher dele, mas que ele ia para balada, chegava de madrugada em casa, que ele teria 25 anos e ela teria juntado todo o dinheirinho dela como helper e ajudado ele a comprar um carro que ele tomou dela”.

Ela conta que ainda conseguiram emprego para Sara que trabalhou na sexta, no sábado e na segunda. Na terça-feira, foi dispensada, pois não estaria querendo trabalhar. “Eu cheguei tarde na terça. Ela bateu no meu quarto e falou que a mulher dispensou ela, e que não ia ficar. Ia usar a passagem que comprou para vir para cá, para voltar ao Brasil. E perguntou se eu não poderia comprar a passagem para Orlando, para fazer a conexão. Eu comprei no cartão de crédito e ela me deu o dinheiro. Isso na terça à noite. Na quarta, eu saí para trabalhar. Não tive muito contato. Na quinta, eu quase não vi ela”, contou. “Eu trabalhei muito nesses dias, cheguei muito tarde. Na quinta, ela mal saiu do quarto. E na sexta ela mal se despediu. E eu achei muito estranho. Eu hospedei como se fosse uma amiga minha”, completa.

Foi quando Monnyck viu que havia sido roubada. “Eu tinha um dinheiro na gaveta e dei falta desse dinheiro. 320 dólares. Me dei conta na sexta-feira. E chamei a polícia. No domingo, eu fui mexer em uma parte que eu tenho no meu quarto, que eu tranco na fechadura. Só que eu dei bobeira. Ela perguntou a senha do wifi e os quatro últimos dígitos são o código da fechadura que tranca. Não é nada valioso, de valor. É para as crianças não mexerem. E eu dei falta de um brinco de brilhante, de família. E só fui dar falta no domingo. Eu dei bobeira. Eu não associei que ela ia fazer isso comigo. E nessa altura, ela provavelmente já estava no Brasil”.

Essa não foi a primeira vez que Monnyck ajuda quem precisa, cedendo um lugar na própria casa. “Eu tive em casa recentemente uma família que estava na mesma situação. Não tinha lugar para ir. Com duas crianças, ficaram aqui em casa. Se ergueram, lutaram. Hoje já têm a casinha deles. Não mexeram em nada. Ficaram meus amigos. O caso da Sara foi similar ao deles. Também estavam em hotel e não tinham mais dinheiro. Mas agora eu pergunto, será que eu vou ter coragem de ajudar? É muito difícil. Se ela chegasse pra mim e pedisse, eu tinha ajudado. Eu tinha dado mais que aquilo ali. Mas a gente tem que tomar muito cuidado com quem a gente bota dentro da nossa casa. As pessoas estão agindo de má fé. Não têm dó e nem piedade de ninguém”.

Monnyck contou que ainda tentaram entrar em contato com Sara, que depois que chegou ao Brasil, bloqueou todos. “A Juliana tentou ligar pra ela. Ela não atendeu. Depois falou que pegou o dinheiro na casa da Monnyck, não ajeitou as coisas no quarto e é uma má agradecia. Nesse momento me bloqueou, bloqueou a Juliana, bloqueou a outra pessoa que estava morando na minha casa”

Thathyanno contou que entrou em contato com a família de Sara e chegou a falar com a mãe dela, que fez pouco caso da história. “A mãe da Sara perguntou se eu tinha provas. Eu falei que tinha provas e testemunhas. Então chama polícia, FBI com mandado na minha casa. Gogó até papagaio tem. A própria mãe respondeu isso. A mãe é a grande culpada da filha ser quem é. A mãe julgou como normal. Deu apoio a filha mesmo sabendo que tem testemunha, tem provas”, contou o repórter.

Apesar da tristeza pelo que aconteceu, Monnyck ainda tem esperança em reaver os brincos de família. “O dinheiro eu luto e consigo. Mas o brinco tem valor sentimental”, revelou.

 

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