
O café da manhã dessa quarta-feira foi ainda mais saboroso para o empresário brasileiro Rafael Souza. Ele, que teve sete cheques roubados por Gisele Nascimento, em um caso mostrado com exclusividade pela GN USA WEBTV, encontrou a golpista e chamou a polícia. Ela foi presa, por volta das 11 da manhã, em Framingham.
“Eu já estava sabendo que ela estava sendo procurada pela Justiça. Ela não estava indo nas cortes, tinha ido para a Florida. Segundo as informações que eu tinha recebido, é que ela tinha dado mais golpes na Florida. Mas um cheque era de um policial. Eu estava na estrada, há uma semana, e a minha esposa me ligou. Disse que tinha visto a Gisele. Eu perguntei onde, e ela me disse que era no Dunkin Donuts, em Framingham. Eu liguei, alertei a polícia que não chegou a ir lá. Estavam juntando as informações. Eu voltei de viagem, e hoje [quarta] de manhã, dei uma passada para ver se ela estava lá. Ela me atendeu, como se eu fosse uma pessoa que nunca tivesse visto na vida. E assim que saí de dentro, liguei para a polícia de Framignahm, e avisei que ela estava lá, trabalhando. Mas como eu tinha que ir no consulado, não pude ir lá. Depois eu liguei para a polícia novamente e eles me falaram que ela estava sob custódia, que estavam a par de todos os pedidos de prisão dela. Inclusive os da Florida. Ela não vai sair da cadeia tão cedo, enquanto não responder os processos. E agora quero ver ela debochar, achar que está por cima da carne seca, porque agora ela vai enfrentar a Justiça. Vai ver o que é fazer o mal aqui”, contou Rafael, em entrevista ao repórter investigativo Thathyanno Desa.
Após as várias denúncias, e até mesmo ordens de prisão por não comparecimento à corte, Gisele estava na Florida, onde teria continuado aplicando golpes. Um dos cheques, porém, seria de um policial. Então, assustada, ela voltou a Massachusetts. Para trabalhar, inclusive, estaria usando um nome falso.
“Quando eu cheguei, eu não vi ela. Achei que ela nem estava trabalhado. Mas aí eu peguei meu café, sentei na mesa e ela veio de trás. Foi quando eu vi ela. E depois, me tratou como se eu nem existisse, como se nem me conhecesse. Mas as informações é que ela estava com nome diferente”, explica Rafael. “Ela achou que eu tinha deixado para lá. Foi muito debochada. E eu tinha falado, que um dia eu ia mandar ela para a cadeia. A oportunidade chegou”, completa.
Dhiogo Freccia, que também foi vítima de Gisele, participou da entrevista. “Até que enfim. Eu e o Rafael esperamos tanto a corte dela. E ele me ligou hoje. Na hora que me ligou, falou que achou ela trabalhando no Dunkin, eu estava passando na frente de uma prisão, e pensei, é aqui mesmo que ela vai ficar”, conta.
E os acontecimentos deixaram marcas profundas. “Eu tive que reaprender a confiar nas pessoas. Ela passou a palavra em mim certinho. Até eu ganhar a confiança, conseguir confiar nas pessoas, que nem todo mundo é mal, a gente fica com pé atrás. Mas tá indo. Justiça está sendo feita”, revela Dhiogo, que perdeu 400 dólares para Gisele, mas que acredita que não irá reaver esse dinheiro.
Já Thathyanno destacou o caso e pediu que o juiz responsável dê a atenção necessária. “Não é só um caso. São vários casos. Ela sabia o que estava fazendo. Espero que a Justiça seja feita. Ela fala que o coração só funciona 35% e usa muito isso muito para evitar ser presa. Mas na hora de cometer os crimes, o coração funciona novamente”, destacou o repórter investigativo.
Entenda o caso
No início do ano, chegaram aos bazares da comunidade brasileira no Facebook, acusações de que uma brasileira teria roubado cheques do ex-patrão, Dhiogo Freccia. Em entrevista ao programa Lado a Lado com a Verdade, ela disse não ter roubado nenhum cheque, e que teria ganhado eles do patrão, em troca de sexo.
Desde que eu comecei a trabalhar lá, a química bateu. Quero frisar que eu sou lésbica, e a gente teve uma química de primeira. Rolou uma química e a gente acabou ficando. Mas tudo que eu fiz foi por dinheiro”, contou, na ocasião.
“Eu não entendo o que faz uma pessoa chegar neste nível, mas nunca pagaria. Sou noivo. Ela é uma pessoa muito bem articulada. Ela tenta se livrar de várias coisas. Ela é uma mentirosa muito boa. Só pelo vídeo já dá para notar. Mas nunca pagaria 12, 19 mil dólares para fazer alguma coisa com a Gisele”, disse Dhiogo.
Rafael Souza, que tem uma empresa de transporte de veículos, contratou ela para trabalhar no office. Ele conta que fez um post no Facebook, procurando alguém para trabalhar lá, quando ela entrou em contato. “Como ela é uma mentirosa, eu fiquei com dó dela. Disse que tinha experiência com isso, com aquilo, então eu dei uma oportunidade para ela. E no primeiro dia de trabalho, ela teve acesso a meu talão de cheques, roubou sete cheques”, conta, revelando que ela chegou a comprar um cachorro com um dos cheques.
Já Dienyson Assis, que tem uma empresa de manutenção e limpeza, também deu uma oportunidade a Gisele trabalhar. Ele pagou a ela em cheque, que falsificou, adulterando o valor.
O ex-marido de Gisele, Ismael Ramos, que é cozinheiro, e que foi apontado como cúmplice, também seria uma das vítimas. “Ela tinha me ligado, disse que estava precisando de dinheiro e era para eu confirmar um cheque para ela. Eu perguntei que cheque era, e ela disse que era um cheque que tinha que receber do advogado de imigração pelo processo que estava fazendo. E o governo aparentemente estava ajudando ela. E isso que eu mandava ajuda em dinheiro para as crianças. Ela pediu para eu confirmar os cheques para ela. Eu disse que não queria entrar em problemas. Perguntei de quem era, e ela disse que era do advogado, só estava precisando de alguém para confirmar o cheque. Ligou desesperada, que estava com o aluguel atrasado, passando mal. Sempre essa história que está passando mal. Ela disse, ‘é pelo teu filho, estamos precisando, não quero que me despejem do lugar onde eu estou morando. Só preciso que você confirme para mim’. Eu queria ajudar ela. Mas não fazia ideia que era um cheque roubado. Até surgir as notícias e ela me envolveu nesta cilada aí. Disse que eu só tinha que confirmar que era 12 mil de um cheque do advogado de imigração e o nome dele era Dhiogo”, disse.
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