Mãe revela que filha foi estuprada pelo próprio pai

Um crime monstruoso. Abominável. Faltam adjetivos para descrever mais um caso que atingiu a comunidade brasileira. Uma mãe contou os detalhes de quando a filha, de apenas 12 anos, foi estuprada pelo próprio pai.

O caso foi relatado pela mãe, Luciene Vanessa Risso, ao repórter investigativo Thathyanno Desa, no programa Lado a Lado com a Verdade. Para ela, o criminoso, até então, era um bom pai. Mas tudo mudou após a separação.

“Ano passado, por volta de marco eu em separei. Fui casada por 15 anos. Ele não concordou muito com a separação. Começamos a olhar quem iria mudar de casa. A princípio, eu quis mudar, mas seria mais difícil pelas crianças. Eu tenho quatro filhos. Uma de 23, que não mora mais comigo, independente. Uma de 19, que está no College, que estuda e trabalha, e mora comigo. Um menino de 13 anos e uma menina de 12. Seria difícil mover as três crianças para um lugar menor. Então encontramos um apartamento e decidimos que seria mais fácil ele se mudar do que eu com as crianças. E ele se mudou. Levou a maioria das coisas. Não concordava muito, mas estávamos conversando e estava indo de boa. As crianças sempre gostaram muito dele. O menino e a menina são filhos do casamento com ele. E as duas mais velhas são de outro casamento. Ele pegava as crianças, saía com as crianças. E quando foi por meio de outubro do ano passado, a minha filha de 12 anos, na época tinha 11, começou a apresentar alguns sinais que me deixaram preocupada. Ela gostava muito de sair com o pai dela, tomar sorvete, e passou a ter ódio, dizia ‘não quero ver meu pai’, ‘tenho ódio dele’, ‘não quero ir, por favor’, relata a mãe.

“Teve um dia que eu tinha que sair para fazer alguma coisa e pedi a ele para ficar com as crianças e ela ficou transtornada. Ela começou a falar que queria morrer. Tentou suicídio algumas vezes. E na última vez que ela tentou suicídio, tomou um monte de remédio. E ela já não queria mais ir para a escola. Eu forcei ela a ir, e ela se abriu, falou que tinha tomado um monte de remédio e não estava bem. Chamei o socorro, os médicos fizeram o que tinham que fazer. E ali eu vi que tinha alguma coisa acontecendo”, completa Luciene.

Foi a partir de ali, que a mãe viu que tinha algo errado e foi atrás de saber o que estava acontecendo. “Eu já havia perguntado algumas vezes se tinha alguma coisa entre ela e o pai. Ela sempre gostou do pai e agora dizia que odiava ele. Perguntei se ele desrespeitou ela. E ela disse que não, mas que ele só falava da separação, e deixava ela triste. E por isso não queria ir. Não queria ficar perto dele. Mas neste dia, eu coloquei ela frente a frente comigo e disse: ‘minha filha, você está me escondendo algo e eu só vou poder te ajudar se você me contar o que é. E ela disse que se eu contasse, eu não ia acreditar. E eu disse: ‘sempre te ensinei a não mentir para mim, porque entre a sua palavra e a do presidente, eu sempre vou escutar a sua palavra’. Eu sempre disse isso para os meus filhos. E eu nasci em um lar onde a minha palavra não era validada. Se ouvia todo mundo, mas a gente não tinha vez. E eu quis educar os meus filhos de um jeito diferente. Então ela me disse: ‘se eu te contar, você vai fazer um escândalo disso, porque eu te conheço’. E eu disse: ‘se for para te proteger, eu vou fazer. Não vou prometer, mas preciso saber o que acontece, porque você se corta. Toma remédio para morrer’. Ela olhou com olhar cheio de dor e disse: ‘mãe, o meu pai me estuprou'”, conta.

Foi ali que o mundo de Luciene desabou.

“E eu respirei fundo, tentei ficar calma e perguntei onde foi isso. Perguntei se foi aqui em casa, quando ele colocava eles para dormir e ela disse: ‘não, foi no apartamento dele’. E eu perguntei quando foi, se foi perto daquela época, e ela disse que foi perto do aniversário, seis meses antes. E ela me confessou em janeiro deste ano. Seis meses depois do que aconteceu. Eu notava que algo estava errado desde outubro. Havia perguntado e ela disse que não. E ela se abriu em janeiro. Ela teve uma crise de choro, e eu abracei ela. Eu falei que ela sabe que isso é um crime, que o pai dela tem que ir para a cadeia, e ela disse que sim. Eu achei que o fato de ela ter falado, jogado isso para fora era suficiente para uma criança de 11 anos. E depois falei com a minha filha mais velha, de 23 anos, que se formou em psicologia. E pedi ajuda para conversar com a irmã dela. Não sabia como abordar, como foi, se eu acionava a polícia”, revela.

Luciene também descreveu como a filha detalhou o crime.

“Vou falar bem resumidamente, porque é muito ruim. Ela conta que levantou de manhã, escovou os dentes. Deu todos os detalhes. E daí ela disse que eu estava em casa neste dia. Não lembrava que dia da semana que era. Foi em julho, por volta do meio do mês, que é o aniversário dela. E tudo indica, pois, a primeira crise que ela teve foi em agosto. Eu acredito que ela não tinha feito nem 11 anos ainda. O pai dela tinha ligado, porque queria ter um tempo com ela. Ela foi com ele, pegaram um lanche, mas não comeram lá, porque era na pandemia e não podia comer no local. Eles pegaram o lanche. Ele não levou o menino, só ela. E depois ele levou ela para o apartamento dela. Chegaram lá, ligaram a televisão, estavam comendo o lanche e ele desligou a televisão. Ela perguntou porque ele desligou a televisão, ela falou que estava assistindo. E ele disse que era para ela ir no quarto dele. Perguntou se ela queria tomar banho. E ela disse que não, que tomava banho só à noite, que não gostou da pergunta. E ele deu o celular dele para ela brincar e foi tomar banho. Ela sentou na cama dela no quarto. Disse que escutou quando a cortina fechou e que a próxima coisa que ela viu foi o pai dela enrolado na toalha. E ele volta, e a segunda coisa que ela ouve foi um barulho de papel rasgando. Como uma candy bar. O pai voltou e empurrou ela na cama. Segurou os braços, tirou a toalha, arrancou a roupa dela e ela dizia: ‘porque você está fazendo isso? Não faz isso, pai, não faz isso’. E a violentou, sem nenhuma dor no coração. Eu perguntei se ela tentou gritar e ela disse que sim, mas que ele tapou a boca dela. Disse que tentou chutar, mas não conseguiu. Jogou o telefone dela. Ela disse que ele fez alguns movimentos, foi para o banheiro e ela vestiu a roupa o mais rápido que pode. Nem vestiu o sapato e fugiu pelo apartamento. Saiu correndo. Ele morava no quarto andar. O apartamento fica a 5 minutos daqui. Ele saiu correndo em direção para casa, mas ele alcançou ela. E falou ‘entra no carro, agora’. Ela falou que não ia entrar. Então ele disse que se ela não entrasse, ele iria fazer de novo, e ela entrou. Ela conta que ele disse ‘você não vai contar isso para a sua mãe e nenhum colega seu. Se você contar, ninguém vai acreditar em você. Eu vou continuar fazendo isso e vou machucar a sua mãe e seu irmão também’. E por seis meses, ele ficou ameaçando ele”, detalha Luciene.

“Com a mudança de comportamento dela, eu perguntei porque ela estava com tanta raiva dele. Se ele tinha feito alguma coisa com ela. Ele dizia que não, até que ele se abriu. E em janeiro, quando ela contou, eu liguei para a polícia. A escola também tinha ficado sabendo. Ela perdeu o ano de escola, não queria estudar mais. E eles também fizeram uma chamada para o DCF que veio aqui em casa. E ela já não quis conversar com a polícia e com o DCF. Toda a criança abusada, o abusador diz para ela que ninguém vai a acreditar. E por seis meses, ele calou ela. E entre esse tempo, entre outubro e janeiro, ele se desfez do apartamento, jogou tudo fora, jogava para a comunidade e ficou sem ter para onde ir, e foi morar no office da igreja até ele se arrumar. Na Igreja Batista Vida Nova, de Medford. Do pastor Costa Júnior. Deixando claro que os pastores não sabiam do estupro. Eles não sabiam. Fizeram o que a igreja faz por você em um momento de dificuldade”, completa.

Questionada se notou alguns sinais estranhos quando estavam casados, e ela confirmou que sim, que ele sempre foi uma pessoa estranha, antissocial, não tinha amigos, e era calado. Que não discutiam muito porque a guerra dele sempre foi fria. “E eu dizia que ele precisava procurar um psicólogo, porque de noite ele estava olhando a vizinhança, parecia um fugitivo. Mas ele não aceitava ir no psicólogo. Mas ele não era uma pessoa violenta e era um excelente pai. As crianças iam mais para o lado dele do que do meu, porque eu era mais dura. De corrigir. Mas ele era uma pessoa estranha”.

Sobre a roupa da filha, ela disse que estava suja de sangue. “Mas na época ela estava menstruada, e era normal encontrar roupa suja de sangue. Eu perguntei se ela tinha absorvente ainda e ela disse que estava menstruada. O que já aconteceu com minhas outras duas filhas. E não me dei conta que poderia ser algo deste nível”.

Quando eu denunciei, eu perguntei se ele poderia pegar as crianças na escola, e disseram que sim, na hora que ele quisesse. E perguntei o que precisava fazer para evitar, e me falaram o que eu tinha que fazer, e consegui com uma juíza. Uma ordem de restrição de segunda até sexta. E foi assim que ele ficou sabendo que a gente já sabia. E o juiz resolveu estender a ordem por mais um ano. Ele esteve na corte, o juiz disse que ele sabia que não poderia se aproximar da escola ou da casa e duas semanas depois ele fugiu para o Brasil”.

O caso, porém, foi fechado pela Promotoria, que se negou a continuar a investigação, pelo fato de que o pai havia fugido. “Não está mais aqui. E entre 100 casos de estupro de criança, só um ou dois vai a julgamento. Porque as vítimas falam muito tempo depois. Prova não tem. Fica a palavra da criança contra o adulto. E a Promotoria não gosta de colocar criança para falar no júri. Ela falou para uma pessoa especializada, já que criança não fala com policial. E eu quero Justiça. As pessoas têm me atacado muito. Falaram que eu tenho que perdoar e deixar isso para lá. Perdão é uma coisa. Justiça é outra. Eu quero Justiça. E não sei nem o sentimento que eu tenho por esse homem. Estou totalmente destruída emocionalmente. Quero Justiça. E a Justiça não tem nada a ver com perdão. Uma pessoa me ligou e me atacou. Mas eu vou brigar por Justiça pela minha filha. E no Brasil, quem está dando guarida para ele, está correndo um risco grande, porque esse cara é um psicopata. Não quero ver outra mãe, chorando, outra família destruída, outra criança machucada”.

A mãe contou que também foi feito um exame físico, que comprovou que a menina foi violentada. “Aconteceu. Pode acontecer na sua casa. Eu dormi e acordei 15 anos do lado de um homem e nunca poderia imaginar que ele poderia fazer isso. O laudo médico, passaram oito meses, quando fizemos. E foi um médico licenciado pelo Estado, e não o próprio pediatra. E o laudo consta que tinha cicatrizes ali”.

Questionada, ela também acredita que isso só ocorreu uma vez. “No primeiro indício que eu peguei, eu não deixei ele sozinho com as crianças mais. Por isso eu acredito que foi só uma vez”.

Hoje, a menina tem acompanhamento com psicólogo, toma remédio para controlar a ansiedade e outro para ajudar a dormir. Além disso, a mãe acredita que o ex-marido passou pelo México antes de ir para o Brasil. “Ele é mineiro. Quando veio dos Estados Unidos, ele veio de Conselheiro Pena. Mas eu acho que ele estava no Espírito Santo, porque ele serviu dois anos de Marinha. Ele tinha 34 anos de América. Estava perto dele ter o Green Card. Deixou tudo isso para trás”.

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