Conheça a Turma do Forró, a dupla sensação do gênero no Brasil

Mais do que dois talentos, dois guerreiros. Acreditaram no sonho da música, lutaram – e ainda lutam muito – e hoje colhem os frutos da batalha. E ao mesmo tempo, colocam todo mundo para dançar agarradinho. Essa é a história dos primos Maurício Duvalle e Carlos Moreno, que formam a “Turma do Forró”.

É possível até que você já tenha ouvido o som da dupla, seja em algum vídeo do WhatsApp ou no TikTok. A música “Dipirona” (disponível nas plataformas digitais) vem fazendo cada vez sucesso. “É que a saudade dela me detona, não adianta beber dipirona…”

Mas o caminho trilhado foi de muita luta, como conta o vocalista Maurício Duvalle, que começou na música em 2005, por influência dos tios, que tinham uma banda de forró. “Era o Bandeirantes do Forró, em Macaé (RJ). Onde eles passavam era sucesso, ônibus lotado, casa cheia. Quase um Zezé di Camargo e Luciano. E cuidavam dos seguidores, que iam de cavalo, de bicicleta, e não mediam esforços para estar lá. E isso me despertou a vontade de cantar”, revela.

E foi em um dos shows do Bandeirantes do Forró que ele se inspirou. “Eu ficava de longe observando a sanfona, o triângulo e o baixo. E aquilo ficou na minha mente. Eu pegava as latinhas de leite ninho e fazia de bateria. E a minha mãe comprou uma fita k7 que tinha um forró e eu ficava batucando. Na época tinha muita coisa boa. Raça Negra, Frank Aguiar, Amado Batista. E o tempo foi passando, e quando eu completei 15 anos, comecei a trabalhar de locutor no centro da cidade que eu morava, e colocava uns forrós para tocar, para chamar o pessoal para comprar. O pessoal passava, brincava, dançava, e eu pensava ‘o pessoal gosta de forró’”.

A primeira oportunidade veio em 2005. Ele ia em um forró da cidade e pedia para cantar. Ficava até o fim e muitas vezes não conseguia. Mas um dia conseguiu. “Eu conheci dois irmãos que tinham uma banda de forró. Revelação do Forró, no munícipio de Tanguá. Eu cantava meio desafinado. O pessoal dizendo que eu estava ruim. Mas com o tempo, eu comecei a me aprimorar na música. Foi um aprendizado. Um certo dia, eu fui cantar e o cantor principal passou mal. E o dono da banda falou que eu tinha que segurar. Meu repertório é era de 10 musiquinhas. E eles cantavam três horas. Eu não sei como foi. Foi de Deus, mas fiz as três horas de show. Achei que ia ser ruim, mas o pessoal gostou. Tomei gosto, e pensei: é aqui que eu vou ficar”.

Maurício ficou dois anos com a banda, até que se separou e mudou de cidade. Como vivia da banda, cujo cachê era baixo, ao deixar o grupo, ficou sem dinheiro. E sofreu para conseguir chegar até a mãe. “Foi onde começou a saga da dificuldade. Eu trabalhei em um hotel de beira de estrada, no munícipio de Rio Bonito, para juntar dinheiro e vir para Macaé. Eu não queria dizer para a minha mãe o que eu estava passando. Só sei que eu passei três meses trabalhado de graça, por comida, e 15 reais por semana, para comprar passagem para o ônibus”, revela.

Mas ele chegou a Macaé. Pôde reencontrar a música, e além disso, ganhou um nome artístico. ” Eu estava em um rodeio, que o cara falou ‘agora com vocês, Adriano Duvalle’. E esse sobrenome pesado entrou na minha mente. Peguei o sobrenome artístico e comecei. Fazia showzinhos nos bares da cidade. Só eu e o tecladista. E comecei a trabalhar meu nome. Batia Mauricio Duvalle pra lá e pra cá. E em uma maratona de forró, encontrei meu primo. E ele disse pra mim ‘vai ensaiando mais, que a gente vai tocar junto’. E um dia ele me chamou ‘chegou a hora, vamos fazer um show’. Cada um foi treinando mais e mais. Fomos nos encaixando. E chegamos em um patamar que todo fim de semana tinha show. Nos apresentamos em televisão, exposição, tinha dançarinas, tinha sanfoneiros, e a coisa foi mudando. E o vocalista, que era o brabo, desistiu e foi para a igreja, e eu que segurei o forró Gol de Placa, durante uns cinco anos. Depois, a gente parou de cantar e começamos a fazer freelance. E no dia de uma maratona, um tecladista amigo falou com meu primo para montar um projeto, e eu estava fora. Ele queria só os dois. Mas meu primo falou para me chamar. E fomos. Não tinha nem nome a banda. E nesse dia, eu falei ‘vem sacudir com a Turma do Forró. Nisso, o tecladista olhou para o meu primo e falou: ‘esse é o nome. Turma do Forró’. E as pessoas que escutaram falaram que era um nome que vende. A minha trajetória foi essa. O tecladista hoje não faz parte da banda, mas aplaude o nosso sucesso”, conta.

Mas a história só é completa com Carlos Moreno, que tem um início parecido. Também começou na música por influência dos tios famosos. “Tinha uma fita k7 que eles gravaram nos shows e a minha mãe levava para casa. E eu escutava do início ao fim. Eu decorava cada trecho da fita. Na época eram musicas de Beto Barbosa, Cremilda, Ismael Carlos, Amado Batista, que é sucesso até hoje. E eu sempre gostava. Era fã. Eu tinha 14 anos. E tinha muita vontade de ir em um baile deles. E a minha mãe disse que eu poderia ir se lavasse uma varanda, de 25 por 25 metros em L. E naquele dia, para não pagar a entrada, assim que eles chegaram com os instrumentos, eu peguei logo uma caixa e tampei o rosto. Deixei a caixa no palco e fui para o banheiro até começar o baile. Quando eu escutei que anunciaram ‘Bandeirantes do Forró’, saí do banheiro. Me diverti demais”, revela.

Pegou gosto pela coisa e começou a ensaiar. Fazia caipirinha para conseguir comprar os instrumentos. “Começamos ensaiando as musicas de Ismael Carlos. Uma dificuldade danada de conseguir”. Mas eles conseguiram, e foram chamados para tocar na escola. “Naquela noite, as meninas das fazendas vizinhas foram todas para lá. Eu fiquei feliz, tremendo, nervoso. Quando peguei o microfone, fiquei com medo de dizer ‘boa noite’. Mas a zabumba cantou, a sanfona chorou, o triângulo miou e quando começamos a cantar, fiquei de costas e cantei ali. Eu não conseguia virar. Cantei todas as musicas que eu tinha, de costas. Quando fui no banheiro, as menininhas estavam toda assanhadas comigo. Eu me sentia o tal, mas na hora de pegar o microfone”…

Mas Moreno não desistiu. Seguiu treinando, e passou a tocar guitarra com o tio. Depois, montou a própria banda, mas pela dificuldade de encontrar músicos, passou a ter aula de teclado. “Eu precisava saber um instrumento que eu posso fazer um show sozinho, se for preciso”. Mas ele não ficou sozinho, já que ali, foi dado o primeiro passo da Turma do Forró.

“Passei a tocar teclado. Comecei a tocar do zero. O Duvalle já tocava no estado e a gente se encontrava de vez em quando e eu eu dizia ‘eu estou treinando teclado, mas a gente vai tocar junto. Deixa eu treinar’. E chegou o dia que pegamos juntos. Eu fazia teclado. Ele fazia voz, eu a segunda voz. O pessoal curtia, gostava”.

Hoje, eles querem aproveitar o momento, sempre com muita humildade. “A gente sempre se deu muito bem, sempre se respeitou, sempre tivemos pensamento positivo. Com humildade. Ninguém é perfeito, mas a gente tem uma pureza interna, e Deus vê essas coisas. Hoje estamos realizando sonhos. Fomos presenteados com uma musica do Max. É o melhor momento que estamos passando em nossa carreira. E tenho muita fé que é só o início”, completa Moreno.

 

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