Mãe desabafa após filho de 3 anos ser acusado de roubo em padaria brasileira

Na segunda-feira da semana passada, a brasileira Lidiane Ferreira sofreu um dos maiores constrangimentos que um pessoa pode passar. E para piorar, na presença dos dois filhos. Ela viu o caçula, de apenas três anos, ser acusado de roubo na padaria Pão Brasil Bakery, em Framinhgam. Mais que isso, de maneira grosseira, para que todos no local pudessem ouvir. E mesmo mostrando que o menino não havia pegado nada, foi tratada de maneira humilhante pela funcionária do local. E para que mais ninguém precise passar por uma situação dessas, ela falou com exclusividade com o repórter investigativo Thathyanno Desa, no Programa Lado a Lado com a Verdade.

Lidiane contou que buscou os filhos na escola e foi até a padaria. “Meu marido pediu para eu levar uma marmita. Perguntei aos meus filhos o que eles queriam comer, e eles disseram que gostavam de enroladinho. Pedi dois enroladinhos, a comida do meu marido e um açaí para mim. E enquanto preparava o açaí, eu fui ao banheiro. Coisa de um minuto. E na hora que eu fui pegar o açaí, a moca falou que meu filho pegou um ovo. Eu sempre deixo meus filhos escolherem alguma coisa quando eu saio com eles. Meu filho estava com um brinquedo grande, e eu coloquei de volta. Perguntei se era aquilo. E ela: ‘não, ele pegou um ovo amarelo’. Falou alto. Ela ja estava nervosa. Não sei se ela estava tendo um bom dia. Eu olhei na sacola e disse que não tinha nada na sacola. Então ela, com muita grosseria, falou que ele tinha colocado dentro do bolso. Eu falei para ele, que já tinha dito que não pode pegar nada sem pagar. Meu filho de oito anos olhou para mim. E ela muito irritada. Tinha duas pessoas pegando comida, que falaram que ele realmente pegou um ovinho amarelinho, mas depois colocou de volta. E ela falava que não viu ele colocando. E eu falei que se ele tivesse pegado, eu ia pagar, e ela disse: ‘sei. Ela debochou. E aquilo me doeu na alma. Eu pensei, ‘quem é essa mulher para talar que eu ia pagar ou não alguma coisa?’. Um ovinho de três dólares. E os olhinhos do meu filho encheram de lagrimas. E eu fiquei tão chocada que não consegui nem falar com o gerente. Só queria sair daquela situação”, revelou.

Toda a situação foi acompanhada pelo caminhoneiro Ruan, que estava na padaria no momento da acusação. “Eu estava na padaria, e a menina que estava no caixa começou a falar alto, como se estivesse acusando. Dizia ‘o seu filho pegou alguma coisa e não pagou’. Falando alto, para todo mundo escutar. E a Lidiane falou que não, que ele não tinha pegado, e que se tivesse, ela ia pagar. E ela: ‘sei que vai pagar’, com deboche. Acusou uma criança de 3 anos que não sabe o que faz. Se vê um chocolate, alguma coisa, pega. Ela foi muito infeliz na maneira como tratou a situação. Deveria chegar e falar em particular, e não falar alto para todo mundo ouviu. Ela agiu muito mal”, avaliou.

Segundo Ruan, havia pelo menos 50 pessoas no estabelecimento naquele momento. “A padaria estava cheia. Ela literalmente chamou a atenção na frente de todo mundo e continuou discutindo, falando. Todo mundo ficou assustado. Eu como pai fiquei horrorizado. Me senti constrangido. Se fosse comigo, não sei o que faria. Isso não se faz com ninguém. Ainda mais com uma criança. Fiquei chateado porque isso não se faz. Se trabalha em um estabelecimento público, tem que saber tratar as pessoas. E ela não soube tratar. Se você trabalha em público, dê o seu melhor. Tratar as pessoas com dignidade, com respeito”, disse. “Uma coisa que eu fiquei horrorizada. A mulher não esperou nem abriu a porta para chegar perto de mim. Ela ja começou gritando. Não tinha conversa. Como se não tivesse ninguém la, como se a gente não fosse nada e pudesse fazer o que quisesse”, completou Lidiane.

Ela conta, que muitas pessoas disseram que estaria exagerando, mas que ninguém gostaria de passar pelo que ela enfrentou. “Quando eu vi aquelas pessoas olhando para mim, meu filho, foi tão constrangedor. Por algo que nem aconteceu. E quando eu entrei dentro do meu carro, meu filho de 8 anos falou ‘mamãe, a gente nunca roubou nada’. E eu disse, não, foi um mal entendido. Em casa, eu falei para o meu marido. Deixei até a comida para lá. Falei ‘amor, eu vou voltar para falar com o gerente, não se pode tratar o outro assim’. Nós viemos de uma cultura que a gente acha que é normal ser mal tratado, acusado. Se fosse só comigo, talvez eu tivesse para lá, mas o olhar dos meus filhos me deu coragem de mostrar para eles que não é assim que se trata os outros. Voltei, fui falar com o gente, um rapaz jovem, acho que não tinha muita experiência. Eu falei que era caso para chamar a polícia, porque acusaram a gente de roubo. Quando alguém pega alguma coisa não chama a polícia? Se acusou, tem que chamar também. E ele disse ‘a polícia não vai fazer nada, a gente vai conversar com ela’. E eu saí muito humilhada”, conta.

No dia seguinte, Lidiane voltou ao local, desta vez, com o marido, e falaram com a filha da dona. “Ela falou que não tem controle sobre os funcionários, que já falaram com ela. Perguntei o nome dela e não me falaram. Ela falou que não é o meu caso, mas que na câmera eles olham mães colocando ovos na bolsa e saem sem pagar. E o estranho é que eu vou em outro estabelecimento brasileiro, o Açougue do Cowboy, meus meninos vão lá e as mulheres até deixam escolher qual eles querem comprar. Muito atenciosas. Meus meninos se assustaram muito com aquele tratamento”.

Lidiane contou ainda que desde cedo, ensina os filhos o que é certo e o que é errado. “Uma vez fomos no Whole Foods, e meu filho de oito anos pegou uma bolinha e colocou na mão. Falaram que eu tinha que ver isso. É muito fácil julgar uma mãe. Mas mas não consegue ver tudo. Você está fazendo uma compra, ainda mais uma mãe imigrante que não tem família, não tem ninguém para deixar os filhos. E no carro eu vi uma coisa na mão dele e perguntei o que era. Ele mostrou a bola, e eu disse que não podia, porque não pagamos. Eu voltei e entreguei para o rapaz e ele falou ‘obrigado pela honestidade, e disse que ele podia ficar, que era um gift’. E eu disse que não, senão ele ia acostumar, que sempre que pegasse algo, ia achar que era um gift. Agradeci e ensinei para o meu filho que não pode fazer isso. Meu pai era um homem muito simples, mas sempre nos ensinou isso. Não gosto nem de lembrar. Não sei quem já passou por isso, De ver o quanto é constrangedor uma pessoa gritando com você, como se no outro lado do balcão não tivesse um ser humano. Deixei meu numero de telefone com a filha da dona da padaria esperando uma ligação que nunca recebi. É como se eu nunca mais precisasse ir”, lamentou.

“Quando não gosta do produto, procura outra padaria. Mas quando você é mal tratado, não é só procurar outra padaria. Se não fosse os meus filhos, talvez eu tivesse deixado para lá. Mas como envolveu crianças, não quero que mais crianças passem por aquilo. Ser mãe ja é… só Deus sabe. E uma mãe imigrante, que onde vai, tem que levar os filhos… Eu estou com timidez, mas não podia deixar passar. Perguntei se eu estava exagerando, e me falaram “Lidiane, de forma alguma. Se fosse eu, tinha feito um barraco, chamado polícia, jornal. É muito constrangimento. Vou lutar para os meus filhos, para que eles saibam como ser tratados. E como tratar. Sempre ensino meus filhos. A tratar as pessoas. A empregada do estabelecimento tratou a gente como se fôssemos nada. E eu enchi meu coração de amor, pensando que teve um mau dia. Mas todos nós temos maus dias. Meus filhos não são acostumados a ouvir aqueles gritos. Quando eu vi todas as pessoas me olhando, eu queria enfiar a minha cara em um buraco”, desabafou.

“Para aquela funcionária, eu gostaria de dizer para ela, que o que ela fez, nos constrangeu muito. Mas dentro dela, deve ter algo muito triste para ter coragem de gritar com três pessoas que não fizeram nada com ela. Ela não começou nem com educação. Já começou gritando, como se estivesse com ódio de algo. Não faca isso com ninguém. Do mesmo jeito que você tem sentimentos, as outras pessoas também têm. Todos temos dias difíceis, mas nem por isso, você sai descontando nos outros. Quando dizem que uma mãe é uma leoa, ela vira para defender os filhos. E não vamos aceitar que as pessoas nos tratem como se a gente não fosse nada. Como se pudessem ter um dia difícil e descarregar na gente. Não podemos aceitar. E eu quero ensinar para os meus filhos. Não quero ser essa pessoa que engole tudo”.

Thathyanno e a redação da GN USA WEBTV entraram em contato com a Pão Brasil Bakery através de e-mail, mensagens na página da padaria e pelo telefone cadastrado no website, mas não obteve nenhum retorno de alguém que pudesse dar o lado da história.

 

Confira a entrevista completa:

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