Mais de 1,2 mil pessoas são presas na Rússia por protestos contra discurso de Putin

Mais de mil pessoas foram detidas na Rússia nesta quarta-feira (21) por protestarem contra a mobilização de reservistas feita pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. O grupo de monitoramento OVD-Info, uma organização não-governamental de monitoramento que visa reportar situações de perseguição política na Rússia, registrava 1.240 pessoas detidas às 16h desta quarta.

Mais cedo, em um pronunciamento à nação pela TV, Putin anunciou que prorrogou o contrato de soldados no campo de batalha e convocará cerca de 300 mil cidadãos da reserva para se unirem às tropas russas na Ucrânia. Esta é a primeira mobilização militar feita pela Rússia desde a Segunda Guerra Mundial.

Putin disse já ter assinado o decreto que estabelece a convocação dos reservistas, o que gerou revolta de parte da população e busca por passagens saindo de Moscou. O líder russo não deixou claro a partir de quando os reservistas começarão a ser convocados e nem quanto tempo será necessário para convocar todos eles. O que ele deixou claro é que apenas os que já têm alguma experiência militar entram na lista da mobilização. Ele anunciou ainda ter prorrogado indefinidamente os contratos dos soldados que já estão lutando no país vizinho e o aumento dos gastos com a produção de armamentos.

No discurso, Putin também fez ameaças nucleares ao Ocidente: “Isto não é um blefe”, declarou o líder russo. “Vários representantes do alto escalão de países da Otan falam da possibilidade e admissibilidade de usar armas de destruição em massa contra a Rússia. Falam até de ameaça nuclear. Quero dizer a quem diz isso que nosso país possui uma variedade de armas de destruição, algumas mais modernas até que as dos países da Otan”.

No pronunciamento, o presidente russo disse também que dará apoio aos referendos de separação da Ucrânia anunciados em regiões como Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, invadidas pela Rússia. As consultas públicas estão previstas para este fim de semana.

Fora do país, o discurso de Putin gerou reações imediatas de governantes da Europa. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que não acredita que a Rússia usará armas nucleares. “Não acho que essas armas serão usadas. Não acho que o mundo deixará isso acontecer”, afirmou o chefe de Estado ucraniano em uma entrevista ao canal alemão Bild TV.

Em seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) desta quarta-feira (21), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que ninguém ameaçou a Rússia, e que a guerra na Ucrânia é “uma guerra de um homem só”. Apesar de mostrarem certa preocupação com o tom ameaçador de Putin, representantes de países como Alemanha e Reino Unido avaliaram que as novas ações anunciadas pelo líder russo são sinal de que Moscou está perdendo a guerra na Ucrânia.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, chamou as palavras de Putin de “retórica perigosa e imprudente”.

“Vamos garantir que não haja mal-entendidos em Moscou sobre exatamente como vamos reagir. Claro que depende do tipo de situação ou de que tipo ou armas eles podem usar. O mais importante é evitar que isso aconteça, e é por isso que estamos sendo muito claros em nossas comunicações com a Rússia sobre as consequências sem precedentes desse ataque”, declarou Stoltenberg.

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