O Brasil registra uma média de 200 desaparecidos por dia, segundo o anuário de segurança pública. E além da aflição e sofrimento de muitas famílias, a cada dia que passa, fica mais difícil resolver esse problemas. Mas com o avanço das redes sociais e o apoio de voluntários engajados em ajudar o próximo, a situação vem mudando.
Um desses voluntários é o Clóvis Marques, fundador da Associação de Apoio e Busca por Desaparecidos (AABD). O grupo tem crescido cada vez mais e ajudado a acabar com o sofrimento de inúmeras famílias.
“Comecei sem propósito algum. Na verdade, eu era socorrista em emergência aeroportuária e um dia, eu não estava mais atuando no aeroporto e teve um colega, que era da área da enfermagem e ele desapareceu. Eu postei no Facebook, onde acabei criando um grupo, mais focado para ele. E começou a vir postagens de outras pessoas desaparecidas. Diante disso, o grupo foi crescendo. Em um mês, já tinha 5 mil membros participantes, e começamos a notar o seguinte, que muitas pessoas que eram encontradas, continuavam com as postagens circulado como desaparecidos. E a gente começou a fazer essas edições nas postagens. Com o passar do tempo, a gente começou a ganhar número de seguidores. Até então eram só pessoas desaparecidas. Depois começou a aparecer postagens do tipo ‘busco um familiar que está perdido, que perdemos o contato há muitos anos’. E a gente começou a a trabalhar neste segmento também. Hoje temos um equipe voltada a essa situação, que fazem buscas, correm atrás de informações. E é um trabalho investigativo também, onde a gente consegue localizar esses familiares depois de anos desaparecidos. E hoje atuamos também com pessoas que buscam suas origens. Diante disso, a gente foi crescendo. Hoje estamos com pouco mais de 90 mil membros”, contou Clóvis.
A entidade, formada em São Bernardo do Campo, em São Paulo, se tornou uma das maiores instituições de busca de pessoas desaparecidas em nível nacional. “Nosso trabalho só tem três anos e a gente está forte. Temos parceria com o Ministério da Mulher e Direitos Humanos de Brasília. E estamos aí com a intenção de fortalecer muito essa causa. Estamos à disposição de ajudar. Trabalho gratuito, sem fins lucrativos. E corremos atrás de poder ter recursos vindos do governo, porque o trabalho seria obrigação do governo”.
O problema, para Clóvis, é que a causa tem pouco apelo. “A causa de pessoas desaparecidas, é uma coisa, infelizmente, muito pouco observada pela população e principalmente pelo meio político. É uma causa isolada. Não tem um mastro com a bandeira lá no topo. Nós lançamos uma plataforma de rede social própria para pessoas desaparecidas, que chama Portal Desaparecidos. Através dessa plataforma, temos instituições idôneas, sérias, que são parceiras nossas. E vamos interagir nessa plataforma”, destaca.
O portal deve facilitar o trabalho para as demais instituições nas buscas. “O objetivo o mesmo do Facebook, que é a melhor ferramenta que temos para divulgação. Temos muitos probleminhas na questão de oportunistas. E a gente encontra muito e tomamos muito esse cuidado para que a família não caia. Mas é muito difícil, porque o familiar quer divulgar o seu telefone. Então a gente disponibiliza o nosso. A gente tem o intuito, com essa rede social, de direcionar o nosso público para lá, para a rede social nossa. A gente consegue que o membro faça o cadastro e disponibilize o telefone para as instituições e não na postagem. Assim fica mais fácil o contato que a gente venha a ter com esses familiares. Diferente do Facebook, onde ele faz a postagem e para fazer contato com ele, só se expor o telefone pessoal, e mandando uma mensagem via Messenger para obter resposta. Através dessa rede social, lançada há um mês, estamos engajando, com as outras instituições, que cada uma tem suas particularidades”, explica.
“A intenção é que esses familiares tenham o suporte de todas as instituições sérias dentro dessa plataforma. Ele vai fazer só uma postagem, diferente do Facebook que tem que postar em vários grupos. E quando a pessoa é localizada, muitas vezes acaba esquecendo de apagar a postagem, e na plataforma, nós vamos utilizar ela como uma central de distribuição”, completa.
Meu marido desaparecido.