Uma mulher negra foi retirada de voo da Gol por agentes da PF, após se recusar a despachar mochila com notebook. PF abre inquérito para apurar crime de racismo

Tudo aconteceu na madrugada de sábado (29/4), no Aeroporto Internacional de Salvador, na Bahia, no voo Gol 1575 onde a passageira Samantha Vitena, foi submetida a retirada compulsória.

A polícia federal abriu um inquérito neste domingo (30) para apurar a existência dos crimes de preconceito de raça ou cor durante os procedimentos.

A investigação foi instaurada na Superintendência Regional da Polícia Federal na Bahia e permanecerá em sigilo até a completa elucidação dos fatos. O anúncio da apuração foi dado da manhã de domingo (30) pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, através de sua rede social TWITTER.

Entenda o ocorrido

A passageira foi retirada do voo 1575 porque a aeronave estava cheia e não havia espaço para a mochila dela. Os funcionários da companhia aérea pediram que ela despachasse a bagagem, e ela se recusou, porque o computador estava no objeto.

Mesmo depois de uma cliente conseguir espaço para a bagagem, três policiais federais aparecem e pedem que ela se retire, sob a ameaça de algemá-la.

 

Imagens feitas por testemunhas dentro do voo no momento do ocorrido.

Relatos de uma testemunha: 

“Depois de uma hora de atraso, embarcamos e Samantha não conseguia um lugar pra guardar sua mochila, o voo estava “cheio” para ela (quando não está, né?). A tripulação ignorava completamente o desespero desta mulher. que era obrigada a despachar a mochila com seu computador – sendo, inclusive, acusada por parte da tripulação de ser “a razão do atraso”. Conseguimos um lugar para a mochila de Samantha e nem mesmo assim o voo decolaria. Mais uma hora de atraso, nenhuma satisfação da cia área, gente passando mal no Avião e eis que 3 homens da Polícia Federal entram de forma extremamente truculenta no Avião para levar a “ameaça” do voo embora – a Samantha. Ela se defende, mas não reage, alguns pedem pra ela não ir (na maioria mulheres), eu me desespero, todas com muito medo, apreensão e os policiais ameaçam algema-la. Não dizem a razão de levá-la presa, só que foi uma ordem do comandante. Samantha era uma ameaça por ser uma mulher, ser preta, ter voz. Ela foi levada pela Polícia, eu quase fui levada junto por defendê-la, me agrediram, me ameaçaram. A mãe de Samantha chorava desesperada ao telefone por não saber o destino de sua filha. Eu chorava também. Outras mulheres e homens se desesperavam”.

 

 

Nota de esclarecimentos da GOL linhas aéreas:

Nota de esclarecimento da Gol linhas aéreas através da rede social Twitter.

Nas redes os órgãos governamentais e entidades ligadas á defesa dos direitos humanos e igualdade racial repudiam a forma com que a passageira foi tratada.

O que diz a Fiocruz? 

“A Fiocruz vem se somar às manifestações de todas as pessoas e instituições que repudiam atos violentos como o que ocorreu num voo na noite desta sexta-feira (28/4), no trajeto de Salvador para São Paulo.
 A passageira Samantha Vitena, mestranda em Bioética da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca @ensp_fiocruz, foi vítima de racismo e violência contra a mulher pela forma de tratamento dispensada a ela tanto dentro do voo, pela tripulação, como pelos agentes da Polícia Federal, convocados pela cia aérea, para retirá-la à força sem justificativa e sem que Samantha apresentasse qualquer resistência ou motivo para tal.
 A violência racista que acomete tantas pessoas no Brasil expulsou Samantha de um voo de retorno para sua casa e a submeteu a interrogatório durante a noite, na delegacia.
 Como instituição que defende os princípios da equidade e da justiça social, a Fiocruz se solidariza à vítima e se une à indignação provocada por esse episódio, que deixa marcas profundas não apenas em Samantha, mas atinge a um coletivo que sofre diariamente com as consequências psicológicas, materiais, morais, pessoais e políticas que o racismo tem na população negra brasileira.
Nem Samantha, nem nenhuma mulher negra deve passar por momentos como este. Todos os dias a Fiocruz e a sociedade brasileira devem reafirmar seu compromisso com a democracia, a equidade, a justiça racial e de gênero.”

A PF informou que a retirada da passageira foi efetuada a pedido da Gol, porque Samantha não teria acatado ordens do comandante do voo 1575, referentes à segurança de acomodação de bagagens. O caso está sendo apurado pela corporação.       

 “O racismo é um indutor, principalmente na sua perspectiva estrutural, que define como cada grupo humano será tratado. Samantha é uma mulher negra que foi vista como potencial pessoa perigosa e perturbadora da paz. Se ela fosse branca, seria considerada perigosa e retirada do avião?” Disse o advogado da vítima.

Ele também afirmou que sua cliente, é coordenadora educacional da ONG Instituto Identidades do Brasil, professora e aluna de mestrado em bioética na Fiocruz. Ela mora em São Paulo e estava em Salvador a trabalho, e que sua cliente avisou que ela tinha um computador na mochila e que as próprias companhias aéreas não recomendam o despacho desse tipo de material. Em nenhum momento Samantha quis desobedecer às autoridades e que apenas questionou o motivo de estar sendo retirada do avião.

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Sobre Camila Fernandes / CEO-Brasil 615 Artigos
Jornalista, ela traz consigo uma rica bagagem de experiência e conhecimento no campo da comunicação. Sua dedicação à profissão a consolidou como uma profissional de destaque, cuja paixão pela verdade e pela narrativa precisa a define. Além de suas realizações no jornalismo, Camila também é a CEO da agência de marketing Authentic Media. Seu papel como líder empresarial destaca-se pela capacidade de combinar visão estratégica e criatividade, impulsionando sua agência para o sucesso. Formada em marketing Digital, atualmente Graduanda em Publicidade e Propaganda, ela continua a se aprimorar academicamente, mantendo-se atualizada com as últimas tendências e inovações no mundo da comunicação e do marketing. E desde 2023 faz parte do time de jornalistas do Gnewsusa. Adicionalmente, é importante ressaltar que Camila Fernandes desempenha o papel de CEO-Brasil no Jornal GnewsUSA, reforçando sua presença e influência no cenário da comunicação e do jornalismo.

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