
Pronunciamento da artista Larissa Manoela no último domingo (13), dia dos pais, trouxe à tona questionamentos a respeito do trabalho infantil no meio artístico
Por Nicole Cunha | GNEWS
Durantes os últimos meses, as polêmicas envolvendo a vida pessoal de Larissa Manoela tem estado no centro das atenções midiáticas. Muito diferente dos assuntos normalmente abordados, como novos projetos e trabalhos, a dinâmica com os pais tornou-se foco de discussões.
A seriedade do tema vai além de fofocas
O escândalo familiar é soa a gota d’água para um questionamento que perdura há anos: o trabalho infantil no meio artístico. Seja trabalhos na indústria da moda, televisão, canto, ou teatro, podemos ver crianças desenvolvendo papéis encarados como investimento no futuro, pelo menos à primeira vista.
Todo esse reboliço fez a sociedade voltar seus olhos ao controle dos pais e os limites que cercam o trabalho infantil. Esse debate gira em torno da necessidade de proteger o patrimônio, a saúde mental e a integridade dos pequenos artistas. É de suma importância compreender que se há geração de renda, mesmo sendo criança, configura-se uma relação de trabalho passível de remuneração.
Entenda o caso:
A jovem Larissa Manoela é uma atriz, cantora e empresária de 22 anos, a qual muitos brasileiros puderam acompanhar desde a infância até a fase adulta, sob empresariado dos pais. Nascida em 2000, sua carreira começou após ser descoberta por um olheiro em Guarapuava, no Paraná.
Por sua beleza, modelava e logo se consolidou como atriz, ainda aos seis anos de idade. Hoje, Larissa conta com parcerias de diversas marcas, possui 3 empresas em seu nome, e inclusive uma operadora de telefonia móvel chamada “LariCel”. Nos últimos meses, as redes sociais tornaram-se palco para polêmicas familiares da artista, mesmo sendo reservada.
O burburinho surgiu após o jornalista Léo Dias publicar que a mãe de Larissa teria vendido uma propriedade da atriz sem seu consentimento, o que levou-a a ser, em suas palavras, mais incisiva com os pais na declaração dos bens gerados durantes seus 18 anos de carreira, estimada em 18 milhões.
Em entrevista ao programa “Fantástico”, ela confirmou e explicou que não tinha acesso à sua fortuna, ou sequer valores pequenos do seu patrimônio sem autorização dos pais, mesmo na fase adulta.
A importância de Leis de Proteção
Anos atrás, por volta de 2019, o tema era a exposição e a “adultização” da cantora Gabriela Severino, de nome artístico “MC Melody”, e detalhes importantes sobre como o pai conduzia a carreira da criança, iniciada por volta dos 7 anos. Àquela época MC Belinho, pai da artista, esteve a ponto de perder a guarda da filha por conta da exposição nas redes sociais. Ainda aos 11, Melody aparecia em publicações utilizando maquiagem pesada e poses consideradas impróprias para a sua idade. A atuação do Ministério Público foi indispensável para garantir a observância dos direitos consagrados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A necessidade da criação de Leis de proteção patrimonial
Casos iguais ao da Larissa, e tantos outros como da cantora Britney Spears, ou da estrela de ICarly, Jennette McCurdy, onde os pais apropriaram-se dos bens, tornam evidente a necessidade de estabelecer uma lei de proteção de patrimônio para crianças envolvidas nesse setor.
É crucial assegurar que os rendimentos desses jovens artistas sejam gerenciados de forma responsável e que o bem-estar deles seja priorizado. Um exemplo é a legislação dos Estados Unidos, onde 15% dos rendimentos de atores mirins são depositados em contas de confiança conhecidas como “Child Performer Trust Accounts”, visando proteger seus interesses financeiros. Garantir uma regulamentação adequada é essencial para salvaguardar os direitos, a integridade mental e o futuro desses talentos em ascensão, proporcionando um ambiente mais saudável e seguro para eles e suas famílias.
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