
Léo Motta, agora renomado escritor aos 42 anos, vai subir ao palco da superação para contar como deixou para trás as adversidades das ruas e as garras da dependência química
Por Nicole Cunha | GNEWS
Na terceira edição da Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, um convidado inusitado vai compartilhar sua jornada incrível de superação. O autor vai estar no estande da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro hoje (sexta-feira, dia 08/09) a partir das 16h.
“Eu vou com muito pé no chão e levando voz e vez das pessoas que ainda se encontram do lado de fora do portão. Eu vou usar essa uma hora que eu tenho para palestrar sobre a vida de um homem negro, morador de uma comunidade, estudante de escola pública, ex-morador de rua. Um dependente químico em recuperação. Há 6 anos, não uso drogas. Não estou nem um pouco arrependido disso“, disse Léo Motta.
O encontro com a Cultura
A história de Léo Motta é um testemunho inspirador de como a cultura pode ser uma âncora na tempestade da vida. Para ele, a cultura, em especial a literatura, foi a tábua de salvação que o resgatou de um abismo. Um abismo composto por décadas de dependência química, anos nas ruas do Rio de Janeiro e a perda trágica de um filho.
“Vou com o objetivo de levar a mensagem para uma sociedade. De que a história triste nunca vai impedir o final feliz. E ali, naquele cenário de literatura, onde eu me sinto bem, me sinto em casa. Porque a cultura me salvou”, afirmou Léo.
Da Rua às Páginas
A reviravolta na vida de Léo Motta é notável. Antes de se tornar um autor reconhecido, ele foi um usuário de drogas por duas décadas, com sua situação piorando após a perda de seu filho e uma overdose. Isso o levou a uma jornada que o viu morando nas ruas do Rio de Janeiro, enfrentando fome, sede e humilhações inimagináveis.
“Eu saí das ruas a partir do momento que eu aceito ser ajudado. De um lado está alguém para ajudar, do outro alguém para aceitar ser ajudado. Eu aceitei essa ajuda e fui para uma instituição que acolhe e reinsere as pessoas em situação de rua na sociedade. Eu passei 7 meses. Foram 20 anos de uso de drogas, 7 meses de tratamento e 6 meses morando nas ruas. E ali eu dou a volta por cima”, ressaltou o escritor.
O Poder Transformador da Arte
Léo Motta, hoje, não apenas compartilha sua história de superação nas páginas de seus livros, mas também trabalha incansavelmente para retirar outras pessoas das ruas, oferecendo uma mão estendida e a esperança de um novo começo.
Além disso, ele é um exemplo inspirador de como a arte e a cultura podem transformar vidas, independentemente das dificuldades enfrentadas.
“A gente está falando de uma população, que eu fiz parte, que muito sofre com preconceito e rótulos. Quando se pensa em população de rua, sempre se pensa em uma pessoa com papelão na mão, cobertor na outra, mas vai muito além disso. A gente mostra que há fome. Mas a fome, é de que? São diversos vazios, diversos fundos de poço, são diversas histórias, mas que todos ali anseiam por uma oportunidade”, concluiu Léo.
O Ex-morador de Rua que se Tornou Escritor
Léo Motta é a personificação da resiliência e da determinação. Sua história é um lembrete de que a força interior pode superar qualquer adversidade. Desde sua infância humilde na Cidade Alta até sua jornada pelas ruas do Rio de Janeiro, Léo encontrou seu caminho de volta através da literatura e da cultura.
“Pessoas extraordinárias nascem em lugares simples, o potencial não depende das circunstâncias para existir na vida de alguém, ele vai além das estruturas que o cercam. A capacidade que um ser humano possui de vencer, não está na condição social ou intelectual, mas na determinação de mudar a própria história e ser exemplo de superação para a humanidade.” – Léo Motta.
O exemplo de Léo Motta é um farol de esperança para todos nós, lembrando-nos de que não importa quão sombria a jornada possa parecer, a luz da superação está sempre ao nosso alcance.
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