Brasília: Projeto de Lei visa impedir que sindicatos exijam contribuição obrigatória

Senador Styvenson Valentim, autor do projeto de lei. Imagem: Geraldo Magela/Agência Senado

Projeto propõe uma alteração significativa na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ao estabelecer autorização prévia e expressa para cobrança de contribuições sindicais

Por Nicole Cunha | GNEWS

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou um projeto de lei que tem grande impacto no cenário sindical brasileiro. O PL 2.099/2023, de autoria do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN), foi relatado favoravelmente pelo senador Rogerio Marinho (PL-RN) e tem como objetivo impedir que os sindicatos exijam a contribuição sindical dos trabalhadores sem sua autorização prévia e expressa.

 

Mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)

O projeto propõe uma alteração significativa na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ao estabelecer que, mesmo os trabalhadores filiados, devem autorizar de forma prévia e expressa a cobrança de contribuições sindicais. Essa medida visa garantir o pleno consentimento do trabalhador em relação às contribuições sindicais.

Antes de 2017, a contribuição sindical, federativa e assistencial era obrigatória para todos os trabalhadores, mesmo aqueles não filiados a sindicatos, de acordo com entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, com a Reforma Trabalhista de 2017, tornou-se facultativa para os não associados.

Recentemente, o STF decidiu pela constitucionalidade da cobrança da contribuição assistencial para empregados não filiados em casos de acordo, convenção coletiva de trabalho ou sentença judicial. No entanto, a decisão assegurou o direito do trabalhador de se opor a essa cobrança, desde que de forma expressa.

 

Regulamentação da cobrança

O senador Rogerio Marinho, relator do projeto, ajustou o texto original para garantir o direito de oposição, conforme o novo entendimento do STF. O projeto proíbe a cobrança de contribuições de não sindicalizados e exige autorização prévia dos sindicalizados para a cobrança da contribuição sindical.

Assistimos a um festival de arbitrariedades cometidas por alguns sindicatos, que podem ser generalizados caso não tenhamos a possibilidade de regulamentar essa situação. Salário é verba de natureza alimentar. Você deveria ter o arbítrio de determinar se deve ou não permitir o rateio com uma entidade que eventualmente você considere importante para sua vida laboral” – afirmou Rogério Marinho.

A cobrança deve ser realizada por meio de boleto bancário ou sistemas de pagamentos instantâneos, como o PIX. O empregador pode descontar a contribuição no contracheque apenas se houver previsão em acordo ou convenção coletiva, mas não é obrigado a fazê-lo.

O Senador Rogério Marinho (PL), apresentou relatório favorável ao projeto de lei 2.099/2023. Imagem: Pedro França/Agência Senado

 

Informação e direito de oposição

Durante a contratação, o empregador deve informar por escrito ao empregado sobre o sindicato representativo e o valor da contribuição assistencial. Também é necessário esclarecer o direito de não se filiar ao sindicato e não pagar a contribuição.

Não me consta que nenhum empresário pague a contribuição do Sistema S e não bote na sua planilha de custo. Sai do bolso do trabalhador. Isso é parte do Custo Brasil, mas nisso não se mexe. Quem está pagando é o trabalhador, que sustenta o sistema sindical patronal. Enquanto essas coisas não se equipararem, não se pode pedir que alguém tenha uma arma, e o outro entre nessa batalha desarmado” – criticou Wagner.

O projeto estabelece prazos para informar o trabalhador sobre o valor a ser cobrado e seu direito de oposição, tanto no ato da contratação como após a assinatura de acordo ou convenção coletiva.

Além disso, os sindicatos serão obrigados a divulgar amplamente o direito de oposição em diversos meios, como páginas na internet, aplicativos de mensagens e e-mails. A proibição de cobrança sem autorização prévia se aplica independentemente de referendos em negociações coletivas ou assembleias-gerais.

Opiniões divergentes

O projeto recebeu apoio de senadores que argumentam que é necessário garantir a liberdade do trabalhador em relação às contribuições sindicais. No entanto, também houve críticas, especialmente do líder do Governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), que apontou a questão dos recursos compulsórios dos sindicatos patronais como uma preocupação a ser considerada. O debate sobre o projeto promete ser acalorado enquanto ele segue para análise na Comissão de Assuntos Sociais (CAS).

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Fonte: Agência Senado

Sobre Nicole Cunha 228 Artigos
Nicole Cunha é jornalista e profissional com uma década de experiência em atendimento e formação em Gestão Comercial. É responsável no GNEWSUSA por informações do meio político e atualidades, com o objetivo de trazer conhecimentos de forma dinâmica e de simples compreensão.

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