Brasil reforça fronteira com Venezuela após Nicolás Maduro manifestar intenção de anexar território da Guiana Francesa

Maduro apresentou no último domingo (3) o "Novo Mapa" da Venezuela, que contém parte do território da Guiana.

Exército Brasileiro intensifica presença militar em Pacaraima, fronteira com a Venezuela, frente à tensão política entre Guiana Francesa e Venezuela pela região de Essequibo

Por Nicole Cunha | GNEWSUSA

 

Em comunicado oficial nesta quarta-feira (6), o Exército justifica o envio adicional de militares e armamento como uma medida para “atender, em melhores condições, a missão de vigilância e proteção do território nacional.”

Boa Vista, a capital de Roraima, também testemunha a intensificação das tropas e meios militares. O Ministério da Defesa já havia anunciado, em 29 de novembro, um aumento na segurança na região.

A situação atual acelerou o processo de evolução do atual Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, orgânico daquela Brigada, para um Regimento de Cavalaria Mecanizado, ação estratégica pré-planejada que já constava no Planejamento Estratégico do Exército (PEEx). Esse processo resultará num aumento do número de militares na área, além de viaturas blindadas as quais serão deslocadas do Sul e do Centro-Oeste do país para Roraima“, explicou.

Venezuela aprova proposta para Novo Estado em Essequibo

A tensão atinge seu ápice com a Venezuela aprovando a criação de um novo estado em Essequibo no último domingo (3). A região é disputada por envolver 70% do território da Guiana e ser rica em petróleo.

A disputa tem raízes em laudos históricos divergentes. A Guiana alega propriedade com base em um laudo de 1899, enquanto a Venezuela afirma que um acordo de 1966 com o Reino Unido invalida o laudo anterior, estabelecendo bases para uma solução negociada.

 

Brasil reforça fronteira e diplomacia de emergência

Diante da tensão, o Exército Brasileiro anuncia o envio de 28 veículos blindados e uma tropa adicional de até 150 homens para a região nas próximas semanas, visando fortalecer a segurança na fronteira com a Venezuela.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou ainda uma reunião de emergência com o chanceler Mauro Vieira e o embaixador Celso Amorim para discutir a decisão de Nicolás Maduro em anexar parte da Guiana.

Enquanto o ministro da Defesa, José Múcio, assegura que a tríplice fronteira em Roraima está “garantida” pelas Forças Armadas, simultaneamente, o Ministério da Defesa anuncia reforço militar na região, incluindo o envio de blindados.

 

Diplomacia e preocupações com isolamento

Autoridades brasileiras e de outros países da região se reúnem no Conselho do Mercado Comum do Mercosul. O chanceler Mauro Vieira, apesar das tensões, não prevê conflito armado, destacando que a região está em alerta e que o Brasil não toleraria uma invasão.

A possível invasão de Maduro gera preocupações com o isolamento internacional da Venezuela. A ex-embaixadora da Venezuela no Brasil, María Teresa Belandria, alerta sobre possíveis consequências jurídicas e políticas negativas, incluindo processos na Corte Penal Internacional.

O isolamento. Mesmo por parte de governos de esquerda. E até mesmo por parte de ditaduras, como a cubana. Cuba sempre apoiou a Guiana. E o regime cubano está tentando mediar para evitar uma guerra. O Brasil também não toleraria uma invasão. Mas até mesmo o governo de Gustavo Petro, na Colômbia, muito próximo de Maduro, não aceitaria um desfecho como esse. Ninguém vai apoiar uma aventura. Sem contar que a Guiana pediria ajuda aos Estados Unidos e ao Reino Unido. E a consequência imediata seria a abertura de bases militares estrangeiras na América do Sul. Tudo o que o Brasil não quer.” –

Eleições, Conflitos e Avaliação de Maduro

A ex-embaixadora Belandria expressa ceticismo quanto às eleições livres na Venezuela, apontando para possíveis fraudes e manipulações do regime de Maduro. O futuro político do país permanece incerto, dependendo de pressões internacionais e decisões estratégicas do governo.

[…] Maduro tem o pleno controle das Forças Armadas. Algo que não tinha em 2013, quando chegou ao poder. Mas agora está consolidado. Então, eles obedeceriam a uma ordem de invasão. Agora, é preciso considerar que a Guiana tem apenas 600 mil habitantes. A Venezuela mais de 27 milhões de habitantes. Com uma diáspora de 8 milhões. Eles tem menos de 4 mil homens das Forças Armadas. Não teria como resistir a um exército dezenas de vezes mais forte.“, contou ela.

Belandria sugere que Maduro pode buscar estratégias políticas para se manter no poder, assemelhando a situação à tentativa de consolidar apoio interno com a invasão da Guiana. No entanto, ela destaca que ditadores que seguiram esse caminho na história frequentemente perderam o poder.

Sobre Nicole Cunha 228 Artigos
Nicole Cunha é jornalista e profissional com uma década de experiência em atendimento e formação em Gestão Comercial. É responsável no GNEWSUSA por informações do meio político e atualidades, com o objetivo de trazer conhecimentos de forma dinâmica e de simples compreensão.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*