Cassação de Moro: Parecer da Procuradoria Regional Eleitoral aponta abuso de poder econômico

Na mira da Justiça Eleitoral, Sérgio Moro enfrenta pedido de cassação e inelegibilidade por condutas na pré-campanha

Por Nicole Cunha | GNEWSUSA

Na noite de quinta-feira (14/12), a Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná emitiu parecer pela cassação do senador Sergio Moro, juiz a frente da “Lava Jato”, e seu suplente Luís Felipe Cunha, ambos do União Brasil. Os procuradores também pleiteiam a inelegibilidade de Moro e Cunha.

“Essas ações são um castelo de cartas, promovidas por ação política do PT e, do outro lado, por oportunistas que perderam a eleição pelo lado do PL. As acusações não se sustentam[…]. “Teve candidato do PL que perdeu as eleições e vive reclamando […], querendo ganhar a vaga de senador pelo tapetão, um senador biônico“, afirmou Moro.

Acusações e responsabilidades

Os procuradores Marcelo Godoy e Eloísa Helena Machado destacaram a responsabilidade pessoal de Moro e Cunha nas viagens e eventos pré-campanha. Secundo eles, os gastos devem ser contabilizados como investimentos na pré-campanha, que mesmo Moro tenha desistido da candidatura pelo Podemos.

“A responsabilidade pessoal dos Srs. Sergio Fernando Moro e Luís Felipe Cunha encontra-se solidamente comprovada através da participação direta de ambos nas viagens, eventos e demais atos de pré-campanha. […] ainda que apenas o primeiro investigado tenha figurado em destaque e apresentando-se ao público como pré-candidato, o segundo investigado o acompanhou por toda trajetória política, inclusive na condição de advogado.“- Marcelo Godoy e Eloísa Helena Machado.

A principal acusação é que Moro usufruiu de recursos e exposição em dois partidos e candidaturas distintas, conferindo vantagem indevida. Os procuradores afirmam que os gastos representaram percentuais significativos das despesas de outras chapas, indicando um uso excessivo do poderio econômico.

 “O montante gasto pelos investigados em pré-campanha representou 55,36% e 40,28% das despesas contratadas das chapas alçadas às segunda e terceira colocações na disputa, respectivamente, e 110,77% da média dos investimentos realizados pelos dez candidatos ao Senado no estado do Paraná.” – afirmou a Procuradoria do Paraná.

Afastamento de acusações de corrupção

A candidatura inicial de Moro à Presidência gerou grande visibilidade nacional, alegam os procuradores, desequilibrando a pré-campanha em detrimento dos outros candidatos ao Senado no Paraná.

Apesar das acusações, Godoy e Machado afastaram as alegações de corrupção contra a chapa, não encontrando evidências de que o partido e Moro fizeram qualquer acordo ilícito.

Dino e Moro no STF

Ainda nessa semana, após a sabatina de Flavio Dino, onde o ministro da Justiça e Sergio Moro trocaram abraços e sorrisos, uma fotografia da votação mostra mensagem vazada de Moro. Nas mensagens, o contato “Mestrão” alerta Moro para evitar declarar publicamente voto a favor do indicado de Lula para o STF.

“Mestrão”, identificado como Rafael Travassos Magalhães, assessor de Moro, aconselhou o político a não deixar registros em vídeo de seu voto favorável a Dino, evitando consequências duradouras nas redes. A história revela uma trama política e redes de apoio, levantando questionamentos sobre a independência de Moro e suas conexões estratégicas.

“A pessoa em questão [Rafael], sem ter informação do voto do senador Sérgio Moro, fez a sugestão somente porque distorceram o posicionamento do parlamentar nas redes após cumprimento ao ministro Dino. Em resposta, o senador disse que iria manter o sigilo do voto, que é um instrumento de proteção contra retaliação”, afirmou a assessoria do Deputado.

Andamento das ações

Duas ações de investigação judicial eleitoral tramitam no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, protocoladas pelo PL e pela Federação Brasil da Esperança. Ambas buscam a cassação do mandato de Moro.

Aguarda-se o desenrolar deste processo que pode impactar significativamente o cenário político brasileiro.