Deportação Implacável: Afegãos com Destino aos EUA Expulsos pelo Paquistão

Foto/ Reprodução 

Autoridades paquistanesas desconsideram apelos e forçam retorno de afegãos em busca de refúgio nos Estados Unidos.

Por Schírley Passos|GNEWSUSA

WASHINGTON/ISLAMABAD – Em uma extensa campanha de deportação, o Paquistão repatriou à força dezenas de afegãos que aguardavam reassentamento nos Estados Unidos, ignorando frequentemente cartas de proteção da embaixada dos EUA. Este movimento complexifica os esforços desses afegãos, já enfrentando restrições aos direitos humanos e crises financeiras e humanitárias em seu país natal.

“No início de novembro, Islamabad iniciou a expulsão de mais de um milhão de estrangeiros, em grande parte afegãos, durante uma disputa geopolítica. Dentre eles, mais de 450 mil regressaram ao Afeganistão, muitos enfrentando condições invernais adversas perto da fronteira”, destaca Shawn VanDiver, presidente da coalizão #AfghanEvac.

Apesar dos esforços da coalizão, mais de 130 afegãos, processados para obtenção de vistos especiais de imigração ou reassentamento nos EUA, foram deportados. “A polícia paquistanesa prendeu mais de 230 desses afegãos, complicando ainda mais a situação”, acrescenta VanDiver.

Agentes policiais, em colaboração com membros da Autoridade Nacional de Base de Dados e Registo (NADRA), inspecionam os documentos de identidade dos cidadãos afegãos durante uma busca porta-a-porta e uma operação de verificação de afegãos não documentados em um campo no Afeganistão.

“As cartas são importantes em alguns casos e em outros não”, afirma VanDiver, destacando a falta de consideração das autoridades paquistanesas em relação às cartas de proteção enviadas pela embaixada dos EUA.

Para muitos afegãos, a entrada no Paquistão com vistos expirados, somada aos custos crescentes e longos períodos de renovação, criou uma situação precária. “Não tínhamos dinheiro para comida, como poderíamos solicitar vistos?”, relata um requerente do estatuto de refugiado.

Edema Bibi, uma cidadã afegã de 66 anos, permanece à entrada de sua residência, onde um policial está examinando seu cartão de registro em meio a uma operação de busca e verificação porta a porta para identificar afegãos não documentados, ocorrendo em um acampamento nos arredores do Afeganistão.

A polícia paquistanesa, em várias ocasiões, ignorou as cartas da embaixada, aumentando a incerteza e o sofrimento desses indivíduos. “Deram-nos duas horas para arrumar os nossos pertences”, conta uma antiga funcionária de uma organização de defesa das mulheres financiada pelos EUA.

As autoridades dos EUA estão tentando manter contato com milhares de afegãos no Paquistão por meio de uma linha direta de emergência via WhatsApp, com relatos de sucesso em evitar deportações em alguns casos.

“Enquanto o governo interino paquistanês argumenta enfrentar crises econômicas e de segurança, o aumento da deportação agrava a situação humanitária e coloca em risco aqueles que agora vivem com medo das restrições impostas pelos talibãs às mulheres e de uma crise alimentada pela ruptura dos laços com a ajuda externa e a banca global”, ressalta o alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA.

Recentes conversações entre representantes dos EUA e autoridades paquistanesas visam abordar essa crise, mas o desfecho permanece incerto. “Tenho cinco filhos, não tenho casa, atualmente estou morando na casa de um parente meu”, desabafa um afegão afetado pelas deportações. “Não posso me candidatar a um emprego aqui. Não sei o que fazer.” Enquanto isso, afegãos continuam a sofrer as consequências dessa campanha de deportação que desafia os esforços de reassentamento e a busca por uma vida melhor nos Estados Unidos.

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