Lessa acusou Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, de ser mandante do assassinato da Deputada Estadual Marielle
Por Nicole Cunha | GNEWSUSA
Enquanto parte da mídia brasileira se cala, Flávio Dino diz que a delação premiada “não é, por si só, um meio de prova”. Afirmou ainda que são essenciais outros elementos para conclusão efetiva da investigação sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.
Parecer do Ministro
Durante coletiva na última terça-feira (23), e Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, expressa ceticismo quanto à delação premiada de Ronnie Lessa, acusado no caso Marielle.
“Neste momento existe alguma outra delação? Que eu tenha notícia, não. Não há nenhuma delação, porque juridicamente só há delação quando há homologação“, afirmou o ministro.
Como em outros casos polêmicos, o ministro mostrou desconhecimento e, talvez em uma tentativa de esperar a poeira abaixar, o Ministro Dino não negou e nem confirmou a delação de Lessa, se atendo a dizer que “não foi homologada”.
“Houve uma delação [de Élcio de Queiroz] dessa já firmada, já homologada. E é natural, como eu já tenho assinalado aqui, que haja outros atos de investigação.“- afirmou Dino durante coletiva na sede do ministério.
Dino menciona que a investigação pode ter desdobramentos relacionados a outros crimes no estado.
Apurações de notícias
Embora Dino não tenha confirmado oficialmente a delação, de acordo com artigo publicado pela TV Band de Brasília, Ronnie Lessa implicou Domingos Brazão como mandante dos assassinatos.
“Jamais esse caso ficou parado, há uma equipe dedicada a esse caso, e os desdobramentos dos atos relacionados a aquela delação podem levar, claro, a outras delações“, completou o ministro.
O que o ministro não sabe, ou não informou por conveniência, é que homologação do acordo de delação de Lessa com a Polícia Federal está pendente, aguardando o aval do Superior Tribunal de Justiça, devido ao foro privilegiado de Brazão como conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.
Reação de Brazão
Domingos Brazão, que retornou ao cargo no Tribunal de Contas do Rio em 2023, enfrentou prisão temporária em 2017 no contexto da Lava Jato. Em 2019, foi acusado pela PGR de obstruir investigações sobre a execução de Marielle e Anderson. Lessa, por sua vez, está preso desde março de 2019 e foi condenado em julho de 2021 por destruir provas sobre o caso.
“Fui investigado por diversas pela Polícia Civil, pela PF e pelo Ministério Público. Não acharam nada. Desafio a encontrarem algo contra mim. Que servidor público colocaria em risco sua carreira para me proteger? Eu desafio acharem algo contra mim.“, afirmou.
A defesa de Domingos Brazão, apontado como mandante, nega envolvimento nos crimes. Após as atualizações do caso circularem, Brazão insinuou, em entrevista concedida ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, que ex-PM Ronnie Lessa estaria tentando, em suas palavras proteger alguém.
“Lessa deve estar querendo proteger alguém. A polícia tem que descobrir quem. Nunca fui apresentado à Marielle, ao Anderson (Anderson Gomes, motorista da vereadora, que também foi morto no ataque), nem tampouco à Lessa e ao Élcio de Queiroz (que participou da emboscada). Não tenho meu nome envolvido com milicianos. A PF não participará de uma armação, pois as afirmações em uma delação devem ser confirmadas“, declarou Brazão.
Desdobramentos do caso
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, reafirma a busca para esclarecer o crime em breve, enquanto três acusados, Élcio Queiroz, Maxwell Simões Corrêa e Ronnie Lessa, continuam detidos.
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