A crise migratória afeta a política externa de Biden e ameaça o apoio dos EUA à Ucrânia
Por Carla Pereira|GNEWSUSA
A crescente quantidade de pessoas atravessando a fronteira dos Estados Unidos vindas do México tem sido uma questão política delicada para o presidente Joe Biden nos últimos anos. Essa situação tem minado sua aprovação e o exposto a ataques políticos. No entanto, agora essa crise migratória está ameaçando desestabilizar o apoio dos EUA à Guerra da Ucrânia, colocando em risco o cerne da política externa de Biden.
Após uma reunião com Biden na Casa Branca, o presidente da Câmara, Mike Johnson, insistiu que a Casa, liderada pelos republicanos, não aprovaria a legislação para enviar ajuda à Ucrânia a menos que os democratas concordassem com novas restrições na fronteira entre os EUA e o México. Mesmo que os dois lados cheguem a algum tipo de acordo, muitos republicanos, especialmente na Câmara, relutariam em dar uma vitória eleitoral a Biden em um assunto que lhes deu uma linha poderosa de crítica à Casa Branca. A questão também está no centro da candidatura do provável oponente de Biden nas eleições presidenciais de outubro, o ex-presidente Donald Trump.
Esse impasse sobre a migração mostra como o debate sobre imigração nos EUA não se limita mais à fronteira. Ele está transbordando para outras partes da agenda de Biden, assumindo uma influência desproporcional à medida que os republicanos a usam para bloquear as principais prioridades de política externa do presidente. Biden caracterizou o auxílio à Ucrânia como uma questão de liderança americana no cenário global. Se os EUA deixarem de enviar mais ajuda, ele alertou no mês passado, outros aliados podem recuar de seus próprios compromissos. O presidente Vladimir Putin, da Rússia, segundo Biden, poderia recuperar o ímpeto na guerra.
No entanto, os republicanos da Câmara até agora não se mostraram sensíveis a essa questão. Eles têm focado na “segurança nacional” no território americano. Janet Napolitano, ex-governadora do Arizona e secretária de segurança interna na administração Obama, afirmou que não se lembra de um momento nas últimas décadas em que grande parte da agenda de um governo dependesse da política de imigração.
Esse impasse político coloca em xeque a ajuda dos EUA à Ucrânia e tem implicações significativas para a política externa do país. A liderança dos EUA seria seriamente prejudicada se não puder fornecer assistência aos ucranianos para permitir que eles enfrentem os russos.
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