
Da Fake News aos Haters Anônimos: Desvendando a Tragédia nas Redes Sociais e Identificando Responsáveis pela Morte
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
A trágica morte de Jéssica Vitória Canedo, que tirou a própria vida após ser vítima de ataques virtuais, destaca a importância urgente de responsabilizar aqueles que disseminam ódio nas redes sociais, especialmente os perfis desconhecidos que agora permanecem em silêncio após a tragédia.
Jéssica, uma estudante de 22 anos, foi alvo de uma fake news divulgada pela página de fofocas “Choquei”, que a apontava como o novo affair do humorista brasileiro Winderssom Nunes. Ambos negaram prontamente tal envolvimento.

A repercussão da notícia resultou em uma enxurrada de críticas nas redes sociais, levando a mãe da jovem a fazer um apelo público para que as pessoas cessassem as hostilidades. Ela destacou que Jéssica enfrentava um quadro depressivo e já havia tentado suicídio. No entanto, tanto os internautas quanto o administrador da página “Choquei” ignoraram o pedido, chegando até mesmo a debochar da situação após um desabafo da própria Jéssica.
O desabafo de Jéssica, compartilhado em um pôster no Instagram, revelava não apenas as cicatrizes físicas, mas também as feridas emocionais provenientes de meses de luta contra a depressão, agravada pelas ofensas virtuais intensas.
“Eu não posso lidar com esse tipo de exposição (da qual não foi ocasionada por mim). Esse foi o ano mais difícil da minha vida, só agradeço por ter chegado em dezembro com vida.”
“Agora, um pedido: por favor, parem de vir até o meu perfil destilar tanto ódio. Vocês estão falando da minha aparência, da minha classe social, xingando minha família, ameaçando, me chamando de interesseira, me comparando com as ex’s dele… gente, para quê isso? Meu único pedido é para que vocês parem e pensem nas consequências do que vocês estão fazendo.”
Mesmo diante dos apelos, as críticas persistiram, culminando no suicídio de Jéssica. Sua mãe confirmou que a filha não suportou o ódio destilado sobre ela pelos internautas.
O delegado Felipe Oliveira, encarregado do caso de Jéssica Vitória, que denunciou previamente os ataques online antes da tragédia, declarou que “está claro no inquérito” que os comentários nas redes sociais podem ter tido influência na morte da jovem. Ele afirmou que nas próximas fases do processo, os autores de publicações ofensivas na internet também podem ser alvo de investigação.
De acordo com Felipe, dependendo do conteúdo dos comentários, a polícia pode solicitar a quebra do sigilo dos perfis para identificar os responsáveis pelos ataques. Ele explicou: “Se o comentário for ofensivo à honra, seria um crime contra a honra de ação penal privada. Agora, se for um comentário que realmente induziu ou diretamente instigou Jéssica a cometer o suicídio, aí sim, responderia pelo crime do artigo 122 do Código Penal, que é o objeto da nossa investigação.”
Conforme o artigo 122 do Código Penal, é considerado crime “induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio material para que o faça”, com pena prevista de reclusão de um a três anos.
A notícia falsa veiculada pela Choquei não apenas gerou um ambiente hostil para Jéssica, mas também estimulou o ataque dos haters, indivíduos que se escondem no anonimato para disseminar ódio online.
Segundo psicólogos os haters possuem traços de perversidade e são indivíduos mal resolvidos emocionalmente, descontando suas frustrações nas redes.
As consequências dos ataques virtuais têm se mostrado devastadoras em diversos casos ao redor do mundo, não sendo este um incidente isolado. Inúmeras figuras públicas têm enfrentado o peso psicológico dessas agressões online, levando alguns a considerar, tentar ou, tragicamente, cometer suicídio.
O programa Fantástico, em 2021, entrevistou um hater que admitiu utilizar palavras pejorativas como forma de entretenimento, ignorando as consequências de suas ações.
“Eu falo palavras pejorativas. Acontece uma coisa e eu fiquei com raiva, aí eu pego aquele impulso e acabo falando coisas assim que não são legais de se falar, entendeu?”
A tragédia de Jéssica Vitória Canedo destaca os perigos da cultura de ódio online e reforça a importância de responsabilizar legalmente aqueles que promovem a destruição virtual. A sociedade precisa refletir sobre o papel da internet na propagação do ciberódio e, mais crucialmente, entender que ações virtuais têm repercussões reais que exigem medidas legais adequadas.
É vital reconhecer que não foram apenas a fake news que contribuíram para a morte de Jéssica. A ação dos “haters”, com seus ataques impiedosos, também desempenhou um papel significativo. Isso nos leva a uma reflexão sobre o impacto profundo e real das palavras e ações negativas na vida das pessoas, destacando a necessidade de coletivamente questionarmos e confrontarmos as consequências desses comportamentos no mundo digital e além.
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