Ucrânia à espera: Racionamento de munição e atraso na ajuda militar dos EUA

Congresso americano precisa aprovar pacote de US$ 95 bilhões para garantir a defesa do país contra a Rússia, enquanto tropas ucranianas enfrentam escassez de munição nas linhas de frente.

Por Carla Pereira|GNEWSUSA

As tropas ucranianas estão racionando ou ficando sem munição nas linhas de frente, no momento em que a guerra se aproxima de dois anos de combates. A afirmação é do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, que fez um apelo ao Congresso americano para que aprove o quanto antes um pacote de ajuda militar à Ucrânia.

“Não podemos mais esperar. Cada dia [de espera] vem ao custo de vidas do povo da Ucrânia e dos interesses nacionais dos Estados Unidos da América”, afirmou Sullivan nesta quarta-feira, em entrevista coletiva. “O custo da falta de ação está ficando mais alto a cada dia.”

Na véspera, o presidente Joe Biden fez um pronunciamento direcionado aos republicanos no Congresso defendendo a aprovação imediata do pacote que prevê o envio de US$ 95,34 bilhões (US$ 473,70 bilhões) à Ucrânia, a Israel, a aliados dos EUA na região da Ásia e Pacífico, destinada a conter o que Washington vê como ameaças vindas da China. O plano também reserva recursos para a missões no Mar Vermelho e assistência humanitária internacional. Ele foi aprovado pelo Senado na terça-feira, mas ainda não se sabe quando a Câmara vai analisar o texto.

Esforço de guerra em risco

Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, a Ucrânia depende da ajuda externa para conseguir fazer frente à invasão russa. Apesar de avanços importantes nestes últimos dois anos, especialmente ao conter o avanço da Rússia, Kiev se queixa que equipamentos mais avançados não foram fornecidos, especialmente aviões de combate. No ano passado, foi registrada uma queda generalizada no envio de ajuda aos ucranianos, e o impasse sobre pacotes dos EUA, maiores doadores individuais à Ucrânia, já ameaça a defesa do país.

“Estamos recebendo cada vez mais relatos de forças ucranianas racionando, ou ficando sem munição nas linhas de frente, enquanto as forças russas continuam a atacar por terra e também seguem inutilizando sistemas de defesa aérea da Ucrânia”, disse Sullivan nesta quarta, apontando que aliados e adversários dos EUA estão observando esta situação “muito de perto”.

O tempo é curto

O plano parado na Câmara prevê que a Ucrânia receberia US$ 60 bilhões (US$ 298,11 bilhões), sendo que a maior parte na forma de armas e equipamentos militares. Segundo o Instituto Kiel, da Alemanha, desde fevereiro de 2022, os EUA forneceram US$ 43,9 bilhões (R$ 218,12 bilhões) em ajuda militar a Kiev. Neste mesmo período, a Rússia conseguiu contornar dificuldades iniciais para suprir suas linhas de frente, seja com o incremento das atividades de sua indústria armamentista, seja com o apoio de aliados como o Irã e a Coreia do Norte, que vêm fornecendo munição e equipamentos como drones de combate.

“O velho ditado ainda é verdade: o lado com a maior quantidade de munição para lutar geralmente vence”, escreveu o ministro da Defesa ucraniano, Rustam Umerov, em carta ao chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, obtida pelo Financial Times. “A escassez [de munição] está aumentando a cada dia.”

A Casa Branca argumenta que a ajuda à Ucrânia é crucial para a segurança dos EUA e seus aliados, e que o tempo está se esgotando. “O Congresso precisa agir agora”, disse Sullivan. “O futuro da Ucrânia está em jogo.”

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