O Exército Brasileiro anunciou internamente nesta segunda-feira (29/3) que a empresa israelense Elbit Systems venceu a licitação para a compra de 36 viaturas blindadas de obuseiro 155 mm, no valor de quase R$ 1 bilhão. No entanto, há receio de que a licitação, que já dura quase dois anos, possa ser frustrada por questões geopolíticas, devido às críticas feitas pelo governo brasileiro à conduta de Tel Aviv no conflito contra o grupo terrorista Hamas.
O projeto chamado Atmos prevê a entrega dos obuseiros ao longo de oito anos, considerando que o orçamento para investimentos do Exército tem enfrentado uma queda significativa nos últimos anos. No entanto, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que acompanha os temas de defesa no partido, questionou a negociação da compra de equipamentos militares com uma empresa israelense em um momento em que o Brasil critica as ações das Forças Armadas de Israel que afetam a população palestina.
A Elbit Systems superou empresas da França, China e Eslováquia na reta final da disputa. Militares afirmaram, sob anonimato, que o principal diferencial da empresa israelense é possuir subsidiárias no Brasil com capacidade de fabricar a munição de 155 mm e garantir suporte logístico. A contratação da empresa de Israel também seria uma forma de fortalecer a base industrial de defesa brasileira.
No entanto, membros da cúpula militar temem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possa vetar a compra, assim como tem feito sistematicamente com a exportação de munições e armamentos brasileiros para a Ucrânia. Mesmo com a posição da diplomacia brasileira sendo diferente nos conflitos do Leste Europeu e da Faixa de Gaza, alas do governo e integrantes do PT já acompanhavam a licitação com receio.
Lula tem adotado uma posição crítica à ofensiva israelense na Faixa de Gaza, chegando a comparar as ações militares de Israel com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler. Essas declarações geraram reações do governo de Binyamin Netanyahu, que declarou o líder brasileiro “persona non grata”. Apesar das repercussões negativas e do impacto diplomático, Lula não se retratou e reafirmou suas críticas a Israel.
A assinatura do contrato inicial com a Elbit Systems está prevista para o dia 7 de maio. O Exército brasileiro aguarda com cautela a decisão final do governo em relação à compra dos blindados, levando em consideração as questões geopolíticas envolvidas.
Faça um comentário