Manifestações contra a guerra na Faixa de Gaza resultam em suspensões e expulsões de estudantes, enquanto autoridades e reitores enfrentam críticas e pressão política.
Estudantes detidos nos protestos pró-Palestina e contra a guerra na Faixa de Gaza em universidades dos Estados Unidos estão preocupados com as consequências de suas detenções e punições para suas vidas acadêmicas. Segundo informações locais, mais de 200 novos manifestantes foram presos em universidades de vários estados no ultimo final de semana (29/4), elevando o número total para pelo menos 900 detenções.
Maryam Alwan, estudante detida no campus da Universidade Columbia, em Nova York, relatou que, no dia seguinte à sua detenção, recebeu um e-mail da instituição comunicando sua suspensão. Ela e dezenas de colegas foram impedidos de entrar no campus, participar de aulas presenciais ou virtuais e frequentar os refeitórios da universidade.
Alwan questiona como sua detenção afetará eventos importantes da vida acadêmica, como provas finais, graduação e até mesmo a ajuda financeira para pagamento de mensalidades. A Universidade Columbia informou que audiências disciplinares serão realizadas para decidir caso a caso, mas Alwan ainda não recebeu indicação de uma data para sua sessão.
Em outra faculdade da mesma instituição, mais de 50 alunos foram expulsos da moradia estudantil, conforme relatado por uma fonte local que entrevistou pessoas afetadas e obteve documentos internos da universidade.
As respostas das instituições têm variado, dependendo dos atos dos alunos, que vão desde acampamentos pacíficos até confrontos mais intensos contra manifestantes pró-Israel. Alguns campi têm sido palco de confrontos físicos, enquanto em outros as autoridades policiais têm realizado detenções ordenadas e cordiais, conforme relatado pelo Washington Post.
A situação é ainda mais delicada para estudantes internacionais que participam do movimento, pois há o temor de que prisões possam resultar na perda do visto estudantil e, consequentemente, na permanência no país.
Manifestantes pró-Palestina e pró-Israel durante protestos na Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos EUA. Foto: David Swanson.
Os reitores das instituições estão sob pressão, sendo criticados por reprimir as manifestações e não condenar formalmente o apoio da Casa Branca a Tel Aviv, mas também por permitir atos considerados antissemitas e agressivos contra estudantes e professores judeus.
O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, afirmou que o presidente Joe Biden respeita o direito de protesto pacífico e entende os sentimentos fortes em relação à guerra em Gaza, destacando que está acompanhando os protestos.
“Ele entende e respeita isso e, como ele disse muitas vezes, certamente respeitamos o direito de protesto pacífico”, afirmou Kirby sobre o presidente Biden. “As pessoas devem ter a capacidade de expressar suas opiniões e compartilhar suas perspectivas publicamente, mas tem que ser de forma pacífica”, concluiu o porta-voz.
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