Análise revela impactos profundos da alta de preços, destacando problemas econômicos e políticos futuros
Por Ana Raquel|GNEWSUSA
Os brasileiros, acostumados a lidar com a inflação como um problema crônico que corrói a renda, especialmente das classes mais baixas, podem encontrar eco de suas preocupações no atual cenário dos Estados Unidos. O país enfrenta seu maior desafio inflacionário desde a década de 1970, trazendo à tona uma questão que, até recentemente, passava despercebida para muitos analistas norte-americanos.
Segundo Charles Gave, fundador da casa de análise Gavekal Research, a compreensão completa dos efeitos da inflação nos EUA vai além dos indicadores de crescimento econômico. Em um novo relatório, Gave destaca que o flagelo da pobreza permanece um problema central, apesar de um robusto crescimento econômico.
“Muitos comentaristas políticos ficam perplexos com o sombrio estado da opinião pública dos EUA, quando o crescimento econômico tem sido tão robusto. Todos entendem que a resposta está enraizada na inflação, mas uma opinião geralmente expressa é que os eleitores não sabem o que é bom para eles. Isso é paternalismo, pois o principal problema enfrentado por muitos americanos continua a ser o flagelo da pobreza” escreveu Gave.
Análises da Gavekal indicam que a parcela mais pobre da população norte-americana não viu um aumento significativo no padrão de vida desde 1970. Gave compara o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), principal indicador de inflação dos EUA, com o índice de custo de vida do Walmart, adaptado para refletir os preços mais relevantes para os menos favorecidos. “Em cada caso de taxas de juros reais negativas, o índice Walmart subiu mais do que o IPC, especialmente no período desde 2009”, apontou.
Essa realidade inflacionária, ignorada por décadas, pode gerar grandes problemas políticos se os preços das principais categorias de consumo – alimentação, aluguel e energia – voltarem a acelerar, alertou Gave. Ele prevê que os déficits orçamentários dos EUA só tendem a aumentar a partir de agora, o que representa uma perspectiva alarmante tanto para os detentores de títulos do governo dos EUA quanto para a estabilidade da sociedade norte-americana.
Independentemente das leituras atuais dos índices de inflação, Gave mantém a recomendação de longa data de investir o mínimo possível em instrumentos de rendimento fixo nos Estados Unidos, destacando a volatilidade e os riscos crescentes no cenário econômico atual.
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