Porto Alegre enfrenta novos alagamentos com Chuva Recorde e retoma resgate de pessoas

Mais pessoas tiveram que ser resgatadas no bairro de Cavalhada, em Porto Alegre, após novo momento de inundações. Foto: Diego Vara.
Volume de precipitação atinge níveis históricos, forçando resgates e revelando problemas no sistema de contenção da cidade.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA

Um grande volume de chuva, previsto desde segunda-feira (20/5), voltou a causar cenas de resgate em Porto Alegre, com caminhões e barcos retirando pessoas de áreas alagadas. A precipitação, que começou na madrugada da última  quinta-feira (23/5) e deve continuar durante a sexta-feira (24/5), alcançou 100 milímetros em apenas 12 horas, equivalente à média histórica de todo o mês de maio, conforme o serviço meteorológico MetSul. Em algumas áreas das zonas leste e sul, a chuva chegou a 130 mm no mesmo período, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Diversos pontos da capital apresentaram alagamentos, incluindo as avenidas Ipiranga, Bento Gonçalves, Goethe e Silva Só. O arroio Dilúvio, que corta a cidade no sentido leste-oeste, estava com nível de água próximo às pontes das avenidas Azenha e Silva Só.

O prefeito Sebastião Melo (MDB) anunciou a suspensão das aulas na rede pública e privada na sexta-feira(24/5) e o fechamento das comportas do sistema de contenção do Guaíba. A prefeitura foi criticada por não tomar medidas preventivas suficientes, apesar das previsões de chuva. Melo afirmou que “a prefeitura não foi pega de surpresa pelas chuvas” e que o volume foi além do esperado. Ele destacou que, assim que a chuva começou, as decisões foram tomadas rapidamente, embora reconhecesse a dificuldade de agir durante a tempestade.

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informou que 5 das 14 comportas estavam abertas na tarde de quinta-feira, mas em iminência de fechamento. O diretor do Dmae, Maurício Loss, explicou que algumas comportas foram mantidas abertas para ajudar no escoamento das áreas alagadas, mas foram fechadas ao perceber que a água estava retornando do rio para a cidade. Ele negou que o sistema de saneamento da capital tenha entrado em colapso, atribuindo a situação à intensidade das chuvas.

Documentos do Dmae, recentemente divulgados, indicam que a administração municipal foi alertada por técnicos sobre problemas no sistema de bombeamento de água. Em resposta, o prefeito Sebastião Melo defendeu as ações da prefeitura e acusou “a esquerda e a extrema esquerda” de criarem uma “narrativa mentirosa” sobre as enchentes em Porto Alegre. Melo mencionou investimentos de mais de R$ 35 milhões na dragagem dos arroios e afirmou que a situação teria sido pior sem essa intervenção.

A enchente atual foi agravada pelo extravasamento de bueiros e arroios como o Feijó e o Cavalhada. Bairros como Restinga, Santana e Camaquã, que não haviam registrado alagamentos anteriormente, foram severamente afetados. Em Camaquã, uma operação de resgate envolveu pais, Corpo de Bombeiros e Exército para retirar crianças e funcionários de uma escola infantil. A precipitação recorde no mês de maio já atingiu 461 mm, a maior quantidade registrada desde o início das medições, em 1916. O segundo maior volume, de 405 mm, ocorreu em 1941.

Shopping Pontal, na Zona Sul da Capital, é um dos pontos de resgate para pessoas e animais de Eldorado do Sul
THAYNÁ WEISSBACH/JC.

Apesar das dificuldades, muitos moradores estão determinados a recomeçar. Rogério Pereira e Regina Paproski, por exemplo, viram frustradas as tentativas de retornar ao apartamento na Avenida Praia de Belas para iniciar a limpeza. Mesmo com as adversidades, Rogério expressa gratidão por estarem abrigados e por terem condições básicas asseguradas.

A prefeitura de Porto Alegre enfrenta agora a pressão para melhorar a infraestrutura e evitar futuros desastres, enquanto a população busca reconstruir suas vidas após as severas enchentes.

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