
Resultados oficiais apontam vitória de maduro, mas pesquisas de boca de urna e relatos de irregularidades levantam suspeitas
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Em um processo eleitoral marcado por tensão e acusações de fraude, Nicolás Maduro foi declarado na madrugada desta segunda-feira (29), reeleito para seu terceiro mandato como presidente da Venezuela, conforme anunciou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) logo após a meia-noite, horário de Brasília. Segundo o CNE, Maduro obteve 51% dos votos, garantindo a continuidade de um quarto de século de governo socialista no país.
No entanto, os resultados oficiais foram rapidamente contestados por pesquisas de boca de urna e observadores eleitorais. A Edison Research, conhecida por suas pesquisas precisas nos Estados Unidos e outros países, apontou que o candidato da oposição, Gonzalez, teria recebido 65% dos votos, enquanto Maduro teria ficado com apenas 31%. “Os resultados oficiais são ridículos”, afirmou Rob Farbman, vice-presidente executivo da Edison.
Outro levantamento realizado pela empresa local Meganalisis corroborou os dados da Edison, mostrando Gonzalez com 65% dos votos e Maduro com menos de 14%. A oposição e vários observadores internacionais denunciaram irregularidades significativas no processo eleitoral, incluindo a exclusão de testemunhas da oposição das contagens e a interrupção na transmissão dos resultados.
Dias antes das eleições, o governo de Nicolás Maduro ordenou o fechamento das fronteiras terrestres, aéreas e marítimas da Venezuela. A medida, publicada no Diário Oficial, começou a valer na sexta-feira antes do pleito e se estendeu até a manhã de 29 de julho. Essa ação, que também ocorreu em eleições anteriores, levantou suspeitas sobre suas verdadeiras intenções.
Dalia Romero, uma aposentada de 59 anos de Maracaibo, expressou seu desespero com o resultado das eleições. “Maduro ontem destruiu meu maior sonho, rever minha única filha, que foi para a Argentina há três anos”, disse ela. “Agora sei que vou morrer sozinha, sem vê-la novamente”, concluiu em meio às lágrimas.
Ender Nunez, motorista também de Maracaibo, compartilhou um sentimento similar de frustração. “Acordamos tristes. Vamos ficar nesse pesadelo por mais seis anos e o que mais dói é que eles nos roubaram”, declarou.
A reeleição de Maduro ocorre em um contexto de colapso econômico, migração massiva e deterioração das relações diplomáticas da Venezuela, agravadas por sanções impostas pelos Estados Unidos, União Europeia e outros países.
A oposição venezuelana, liderada por figuras como Juan Pablo Guanipa e Maria Corina Machado, pediu repetidamente que o processo eleitoral fosse justo. Na semana passada, Machado solicitou que os militares garantissem a integridade dos resultados. No entanto, incidentes de violência e prisões de opositores foram registrados antes e após o anúncio dos resultados, com relatos de brigas em locais de votação e a dispersão de protestos pela polícia em Caracas.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou sérias preocupações sobre a legitimidade dos resultados. “Washington tem sérias preocupações de que os resultados oficiais não refletiam os votos do povo”, disse Blinken. O Brasil também afirmou que estava monitorando de perto a contagem dos votos, enquanto o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, declarou que aguardaria a divulgação de 100% dos resultados antes de reconhecer um vencedor.
Em contrapartida, países como Rússia, Cuba, Honduras e Bolívia comemoraram a suposta vitória de Maduro, reforçando a polarização internacional em torno das eleições venezuelanas.
Delsa Solórzano, presidente do partido Encuentro Ciudadano, denunciou que o CNE impediu o acesso de testemunhas da oposição à sede de Caracas e interrompeu a transmissão dos resultados dos centros de votação. “As testemunhas não foram autorizadas a entrar no CNE. Pararam a transmissão dos resultados”, afirmou Solórzano, destacando o padrão de irregularidades.
A situação crítica na Venezuela continua a gerar preocupações tanto internas quanto internacionais, com muitos questionando a validade dos resultados e temendo por mais anos de instabilidade sob o governo de Maduro.
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