
Após brilhar nos Jogos Olímpicos de Paris, a judoca é recebida com entusiasmo em Peruíbe e expressa gratidão e esperança por um futuro promissor, enquanto planeja seu retorno aos treinos e sonha com novas conquistas.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
Beatriz Souza, de 26 anos, retornou ao Brasil na madrugada da última terça-feira (6), após uma participação brilhante nos Jogos Olímpicos de Paris, onde conquistou duas medalhas: ouro na categoria acima dos 78 kg e bronze na competição de equipes mistas. Apesar do entusiasmo com suas conquistas, a judoca imediatamente mergulhou em uma intensa agenda de compromissos com patrocinadores e entrevistas.
A verdadeira celebração aconteceu neste sábado (10), em Peruíbe, sua cidade natal no litoral sul paulista. “Minha mãe mal conseguiu abraçá-la antes que ela tivesse que seguir para compromissos. Hoje, Beatriz foi direto para a carreata. Faremos um churrasco em família para comemorar, que foi um pedido especial dela”, revelou Simone Souza, irmã de Beatriz.
Beatriz está desfrutando de um merecido descanso, embora breve. Ela planeja encurtar suas férias e retomar os treinamentos na segunda-feira (12) para se preparar para o próximo calendário de competições. “Não há tempo para férias prolongadas. Eu me dei hoje e amanhã para relaxar, mas já temos competições importantes pela frente. Queria aproveitar a praia do Guaraú, mas o tempo não ajudou. Só poderei tirar férias mais tarde”, explicou.
O calendário da Federação Internacional de Judô (IJF) prevê o próximo desafio de Beatriz no Grand Prix de Zagreb, entre 13 e 15 de setembro. Em seguida, ela participará das etapas do Grand Slam em Abu Dhabi e Tóquio, programadas para outubro e dezembro, respectivamente.
Nascida em Itariri e criada em Peruíbe, a vitória de Beatriz em Paris marcou a primeira de três medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil na competição. Além dela, o país viu Rebeca Andrade, ginasta, e a dupla Ana Patrícia e Duda no vôlei de praia alcançarem o topo do pódio.
Recepcionada pelo prefeito de Peruíbe, Luiz Maurício (PSD), Beatriz desfilou com suas medalhas penduradas no pescoço em um carro dos bombeiros ao longo da principal avenida da cidade, enquanto os presentes a aplaudiam e gritavam seu nome. Na chegada à praça da matriz, foi saudada pela banda municipal e cantou o hino nacional para uma plateia de aproximadamente oito mil pessoas, conforme dados da Secretaria Municipal de Defesa Social.
Durante a recepção, Beatriz distribuiu autógrafos em faixas, camisas e outros itens lançados pelos presentes. Estava acompanhada pelo marido, Daniel Souza, e pelo pai, Poscedônio José de Souza, conhecido como seu Pelé. “Tive que dar uma ordem para o meu pai subir”, brincou Beatriz, referindo-se ao pai que não é fã de holofotes. “Hoje era o dia dela, nem discuti”, respondeu ele, sorrindo.
A celebração final ocorreu no ginásio da escola municipal Maria Amélia Ribas Campilongo, onde Beatriz foi recebida por antigos senseis, alunos e ex-alunos da Associação Bundokan, a ONG que a formou no judô até os 14 anos. Emocionada, Beatriz discursou para os presentes. “Isso tudo aqui esquenta meu coração. Peruíbe é uma fábrica de campeões, tanto na vida quanto nos tatames. Sejam gratos aos técnicos, acreditem no processo e entreguem a Deus seus sonhos para que coisas assim possam acontecer”, iniciou.
“Tem sido uma jornada incrível. Cada momento de superação, mesmo quando eu mesma desacreditei, valeu a pena. A dor de não ter ido a Tóquio me ensinou muito“, completou a atleta.
Beatriz agora espera que a visibilidade proporcionada pelas medalhas ajude a impulsionar o projeto da Associação Bundokan, fundada em 1984 e que celebra 40 anos este mês. A associação possui um centro de treinamentos em Peruíbe e núcleos de apoio em bairros como Caraguava, Vila Romar, Guaraú e dos Prados, atendendo cerca de 500 alunos.
A prefeitura destina cerca de R$ 300 mil anualmente ao trabalho da associação, que recentemente recebeu um microônibus para o transporte dos atletas. “Esperamos que a medalha ajude a viabilizar nosso sonho de expandir o centro de treinamentos, com um projeto mais completo, incluindo alojamento. Nosso trabalho é baseado na inclusão. Formamos uma campeã e tiramos crianças das ruas”, explicou o sensei Samuel Lopes, primeiro treinador de Beatriz e fundador da associação.
“É fundamental sonhar grande agora. Acompanho pelas redes sociais cada novo passo e gostaria muito de ver esse crescimento”, concluiu Beatriz.
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