
Agência aponta que funcionários desligados “podem ter se envolvido” nos ataques a Israel, em 7 de outubro, mas não divulga detalhes.
Por Camila Fernandes | GNEWSUSA
Na última segunda-feira (5), a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou a demissão de nove funcionários da Agência de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). A decisão foi tomada após uma investigação interna que apontou que esses funcionários “podem ter se envolvido” nos ataques perpetrados pelo Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023.
O anúncio foi feito pelo gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres, por meio de uma breve declaração a jornalistas. Farhan Haq, porta-voz-adjunto de Guterres, informou que as provas coletadas foram suficientes para demitir nove dos 19 funcionários investigados. Em nove outros casos, as provas não foram suficientes para justificar demissões, e um caso específico não encontrou evidências de envolvimento.
“Para nove pessoas, as provas foram suficientes para concluir que elas podem ter se envolvido nos ataques de 7 de outubro”, disse Haq.
Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA, declarou em comunicado que a prioridade da agência é continuar salvando vidas e prestando serviços essenciais aos refugiados palestinos em Gaza e em toda a região, especialmente devido à guerra em curso e ao risco de uma escalada regional. Lazzarini reiterou a condenação aos ataques de 7 de outubro.
As investigações sobre os funcionários da UNRWA começaram após Israel acusar inicialmente 12 funcionários da agência de envolvimento nos ataques que resultaram na morte de pelo menos 1.200 pessoas e no sequestro de outras 250. As alegações levaram muitos países a suspenderem suas doações para a UNRWA, causando um déficit de cerca de 450 milhões de dólares. Posteriormente, nações como Estados Unidos e Alemanha retomaram o financiamento.
Após as demissões, Oren Marmorstein, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, pediu novamente a suspensão das doações, alegando que os fundos poderiam estar indo para elementos terroristas.
O Gabinete de Serviços de Supervisão Interna da ONU, responsável pela investigação, baseou-se em evidências fornecidas por Israel e em informações internas da UNRWA, incluindo registros de funcionários e e-mails. Contudo, os investigadores não puderam confirmar as provas de maneira independente, já que não tiveram acesso direto a elas.
Um funcionário israelense, que pediu anonimato, afirmou que as autoridades israelenses investigaram a fundo cada funcionário acusado antes de informar as conclusões à ONU.
A UNRWA tem sido a principal agência de distribuição de ajuda a palestinos em Gaza desde o início do mais recente conflito com Israel, há 10 meses. O conflito já resultou na morte de quase 40.000 pessoas, conforme autoridades locais de saúde, e desencadeou uma catástrofe humanitária.
Israel intensificou os pedidos de fechamento da UNRWA, acusando-a de colaborar com o Hamas e ignorar as atividades do grupo. Durante a guerra, Israel divulgou imagens de túneis construídos ao lado das instalações da UNRWA e acusou outros funcionários de serem membros de grupos radicais. Manifestantes de extrema direita protestaram contra a agência e incendiaram partes de suas instalações em Jerusalém.
A UNRWA nega qualquer colaboração com o Hamas, destacando que mais de 200 de seus funcionários foram mortos e 190 instalações da agência foram atingidas durante a guerra, incluindo escolas administradas pela ONU, transformadas em abrigos para refugiados palestinos.
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