Governo de José Raúl Mulino realiza primeiras deportações de imigrantes com histórico criminal em parceria com os Estados Unidos.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
O novo governo do Panamá, liderado por José Raúl Mulino, deu início na manhã desta segunda-feira (19), ao processo de deportação de imigrantes que cruzaram a perigosa selva de Darién. Às 8 horas (6h locais), cerca de 30 colombianos embarcaram no Aeroporto Internacional Albrook, na Cidade do Panamá, em um voo financiado pelo governo dos Estados Unidos.
Essa deportação faz parte de um esforço conjunto com a administração de Joe Biden para interromper o fluxo migratório pela selva de Darién, conhecida como “selva da morte”. Desde 2018, esse território inóspito, localizado na fronteira entre o Panamá e a Colômbia, se tornou um dos principais corredores para imigrantes que buscam chegar aos Estados Unidos.
A administração Mulino, que tem buscado estreitar laços com Washington, afirma que as deportações iniciais estão focadas em imigrantes com histórico criminal ou aqueles que voluntariamente desejam retornar a seus países de origem. “Nosso foco é garantir a segurança e a ordem na região, lidando com aqueles que representam uma ameaça ou que desejam retornar”, disse um membro do governo, que preferiu não se identificar.
Mulino, que já foi ministro de Segurança e ganhou notoriedade por sua campanha presidencial, na qual prometeu “fechar Darién”, declarou recentemente que a região se tornou “a nova fronteira do Texas“, referindo-se à crise migratória enfrentada pelos EUA. Biden, por sua vez, elogiou o presidente panamenho, chamando-o de “top partner” na luta para conter o fluxo migratório na América Central.
Apesar dos esforços de ambos os governos, organizações humanitárias têm expressado preocupação com a situação. Segundo dados recentes, 201 mil pessoas cruzaram a selva de Darién apenas no primeiro semestre deste ano, sendo que 133,4 mil eram venezuelanos. O Panamá, que recentemente rompeu relações diplomáticas com a Venezuela, enfrenta um dilema, já que o fechamento do espaço aéreo entre os dois países impede a deportação de venezuelanos para sua terra natal.
Além das dificuldades diplomáticas, outro fator preocupa as autoridades panamenhas: a possibilidade de que mais imigrantes tentem cruzar Darién antes das eleições presidenciais nos EUA em novembro, especialmente se Donald Trump, conhecido por sua rígida política migratória, retorne ao poder. “Estamos atentos ao cenário político nos EUA e ao impacto que isso pode ter em nosso país”, declarou uma fonte do governo.
Embora o fluxo migratório tenha se mantido elevado nos primeiros meses do ano, as autoridades panamenhas indicam uma queda no número de travessias em julho e agosto. O governo ainda não divulgou os números oficiais, mas relatórios preliminares indicam que, na primeira semana de agosto, cerca de 2.000 pessoas cruzaram a selva, uma redução significativa em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a média diária de travessias era de 2.600.
Mulino afirmou que medidas estão sendo tomadas para direcionar e organizar o fluxo de imigrantes, como a instalação de cercas elétricas em certos pontos da selva. “Nosso objetivo é garantir um trânsito seguro e ordenado para aqueles que passam pelo nosso território”, explicou o presidente panamenho em entrevista recente durante uma visita ao Paraguai. A maioria dos imigrantes que chega ao Panamá segue em ônibus até a Costa Rica para continuar sua jornada em direção ao norte.
O governo panamenho segue em negociações com outros países da região, como o Equador e a Colômbia, buscando soluções conjuntas para enfrentar a crise migratória, enquanto os olhos do mundo continuam voltados para a selva de Darién e para a complexa situação dos milhares de imigrantes que arriscam suas vidas em busca de um futuro melhor.
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