Operação Gold Digger envolve cinco estados e mira organização criminosa especializada em fraudes eletrônicas; PF investiga tentativas de desvio que podem ultrapassar R$ 50 milhões.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Nesta quarta-feira, 21 de agosto, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Gold Digger, visando desmantelar uma sofisticada organização criminosa suspeita de invadir o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), plataforma central responsável pela execução dos pagamentos do governo federal. A operação abrangeu os estados de Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e o Distrito Federal, resultando, até o momento, na prisão de duas pessoas e no cumprimento de 19 mandados de busca e apreensão. As autoridades ainda devem cumprir mais um mandado de prisão temporária.
As investigações tiveram início após a identificação de um esquema de desvio de recursos públicos, efetuado através de pagamentos indevidos. De acordo com a PF, a quadrilha utilizava um conjunto de técnicas avançadas de fraude eletrônica para acessar o Siafi. Entre as práticas identificadas, destaca-se a emissão de credenciais falsas de ordenadores de despesas, que permitiam aos criminosos autorizar transferências fraudulentas diretamente do sistema.
Um dos métodos empregados pela organização era o uso de campanhas de phishing, em que e-mails e mensagens SMS contendo links maliciosos eram enviados para servidores públicos. Ao clicar nesses links, as vítimas instalavam inadvertidamente malwares em seus computadores, possibilitando aos criminosos o roubo de dados sensíveis, incluindo credenciais de acesso ao Siafi. Outro recurso utilizado pela quadrilha envolvia a emissão de certificados digitais falsos, que garantiam aos hackers um acesso ainda mais profundo às contas governamentais, permitindo a realização de pagamentos ilegais.
Os recursos desviados eram transferidos para contas bancárias de “laranjas”, indivíduos que emprestavam seus nomes para ocultar a origem ilícita dos valores. A organização então realizava uma série de transações financeiras através de instituições de pagamento e exchanges, empresas que operam com criptoativos, para dificultar o rastreamento do dinheiro. Estima-se que o grupo tenha conseguido desviar, de forma bem-sucedida, mais de R$ 15 milhões, além de ter realizado tentativas de desvio que podem ultrapassar R$ 50 milhões.
A operação foi batizada de Gold Digger, uma alusão ao termo em inglês que significa “escavador de ouro”, refletindo a natureza voraz e predatória da organização criminosa na busca por recursos públicos. A PF continua trabalhando para identificar todos os envolvidos e recuperar os valores desviados. Os suspeitos presos até o momento deverão responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático, furto qualificado mediante fraude, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Essa ação representa um duro golpe contra a criminalidade cibernética que vem explorando vulnerabilidades em sistemas governamentais. As autoridades ressaltam a importância de medidas de segurança cada vez mais rigorosas para proteger os dados e recursos da União, evitando que novos casos como esse possam ocorrer no futuro. A PF segue com as investigações e não descarta a possibilidade de novas prisões nas próximas fases da operação.
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