Eric Adams, prefeito de Nova York, fala à imprensa em frente à Mansão Gracie após acusações de suborno e solicitação ilegal de doações de campanha, em 26 de setembro de 2024. Foto/Reprodução.
Caso envolve contribuições ilegais, viagens de luxo e favores políticos relacionados ao consulado turco.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
O prefeito de Nova York, Eric Adams, está no centro de uma polêmica envolvendo acusações de suborno e fraude, em um esquema que teria beneficiado sua campanha e envolvido cidadãos turcos. De acordo com uma acusação divulgada pelos promotores dos Estados Unidos nesta quinta-feira (26), Adams é suspeito de aceitar contribuições ilegais de campanha e viagens de luxo, em troca de favores políticos.
Em uma investigação detalhada, que resultou em um documento de 57 páginas, os promotores expuseram um suposto esquema que começou em 2014 e que teve impacto direto na campanha de Adams para prefeito em 2021. O prefeito teria aceitado quartos em hotéis de luxo e refeições em restaurantes sofisticados pagos por cidadãos turcos, que buscavam influenciar sua atuação política.
Pressão para aprovação de consulado turco
O ponto central das acusações envolve o consulado turco em Nova York, um prédio de 36 andares cuja inauguração, segundo os promotores, foi agilizada por Adams, apesar das preocupações com a segurança. Ele teria pressionado as autoridades municipais para que o edifício fosse aberto a tempo de uma visita do presidente turco, Tayyip Erdogan, em setembro de 2021, mesmo sem ter passado por uma inspeção de incêndio. A acusação afirma que, após diversas mensagens de Adams, um alto funcionário do Corpo de Bombeiros teria instruído seu subordinado a permitir a abertura do consulado sob ameaça de demissão.
“Você é um verdadeiro amigo da Turquia“, teria respondido o diplomata turco, segundo as acusações, depois de Adams comunicar a aprovação da abertura do prédio.
Contribuições ilegais e viagens de luxo
Adams também é acusado de aceitar viagens patrocinadas por uma companhia aérea turca, incluindo uma estadia de duas noites no luxuoso hotel St. Regis, em Istambul, por um valor de apenas US$ 600, muito abaixo do custo real de US$ 7.000. As viagens teriam ocorrido mesmo quando não faziam parte do itinerário ideal de Adams. Em uma mensagem de texto de 2017, ele teria dito: “Você sabe que a primeira parada é sempre Istambul“, ao justificar a escala na cidade turca durante uma viagem a Paris.
Além disso, os promotores afirmam que Adams disfarçou contribuições de campanha provenientes de fontes turcas, canalizando-as por meio de cidadãos americanos. Esse movimento permitiu que o prefeito se qualificasse para receber US$ 10 milhões adicionais em financiamento público. “Este foi um esquema de vários anos para comprar o favor de um único político em ascensão da cidade de Nova York”, disse Damian Williams, promotor federal em Manhattan.
Prefeito nega as acusações e se defende
Adams, que já trabalhou como policial e alcançou o posto de capitão antes de entrar para a política, negou qualquer irregularidade. Em uma coletiva de imprensa, ele foi enfático: “Continuarei fazendo meu trabalho como prefeito”, disse ele, enquanto alguns espectadores pediam sua renúncia.
O prefeito, que enfrenta cinco acusações criminais e pode pegar décadas de prisão se for condenado, prometeu lutar no tribunal para limpar seu nome. “Se forem doadores estrangeiros, sei que não aceito dinheiro de doadores estrangeiros”, disse ele.
Adams deve comparecer ao tribunal na sexta-feira, ao meio-dia, para responder às acusações.
Renúncias aumentam crise em Nova York
A situação em Nova York já vinha passando por momentos de instabilidade política antes mesmo das acusações formais contra Adams. Em setembro, o comissário de polícia da cidade, Edward Caban, renunciou após agentes do FBI apreenderem seu telefone como parte de uma investigação relacionada ao prefeito. Poucos dias depois, o principal conselheiro jurídico de Adams também deixou o cargo.
Na quarta-feira, David Banks, chefe das escolas públicas de Nova York, anunciou que se aposentaria no final do ano, após ser revelado que seus telefones foram apreendidos em uma investigação federal. Banks é mais um na lista de funcionários que estão sendo alvo de investigações relacionadas ao escândalo.
A situação pode complicar uma possível tentativa de reeleição de Adams em 2025, já que outros políticos democratas, como o controlador da cidade de Nova York, Brad Lander, sinalizam que irão desafiá-lo. A deputada Alexandria Ocasio-Cortez também se posicionou, pedindo a renúncia de Adams. No entanto, dois dos legisladores mais influentes de Nova York, Chuck Schumer e Hakeem Jeffries, preferiram não se pronunciar de forma contundente sobre o assunto.
Consequências potenciais
Com a cidade mergulhada em incertezas políticas, a governadora de Nova York, Kathy Hochul, indicou que está avaliando suas opções sobre como lidar com a situação. “Espero que o prefeito aproveite os próximos dias para analisar a situação e encontrar um caminho apropriado para garantir que o povo da cidade de Nova York esteja sendo bem atendido por seus líderes”, afirmou.
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