Dólar em alta com vitória de Trump e commodities em queda

A valorização do dólar se intensifica com o discurso do republicano e incertezas no mercado de commodities.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

O dólar comercial apresentou uma forte valorização contra o real, refletindo um cenário de incertezas no mercado de commodities e a crescente expectativa em torno da vitória do candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Esse movimento não se limitou ao Brasil, sendo observado também em diversas moedas de mercados emergentes na América Latina.

Ao fim das negociações, o dólar à vista fechou com alta de 1,33%, cotado a R$ 5,6565. O dia foi marcado por oscilações, com a moeda atingindo uma mínima de R$ 5,5813 e uma máxima de R$ 5,6648. Além disso, a moeda americana também avançou contra outras moedas latino-americanas, com o peso mexicano e o peso chileno registrando altas de 1,48% e 1,42%, respectivamente.

Desde o início da sessão, o dólar mostrava uma tendência de valorização frente ao real, impactado por uma série de fatores. A falta de clareza sobre as medidas de estímulo à economia chinesa continua a exercer pressão sobre os mercados emergentes, em especial os da América Latina. Na véspera, o pessimismo já havia afetado os mercados de câmbio, mas o real foi prejudicado ainda mais por notícias locais relacionadas a cortes de gastos do governo.

“Se Trump confirmar o que as bolsas de apostas estão indicando, o dólar tende a ficar mais forte em um primeiro momento”, afirma Ricardo Cará Monteiro, chefe de investimentos (CIO) da EQI Asset. Ele explica que a dinâmica do real está intimamente ligada a fatores globais, como a percepção dos investidores estrangeiros sobre a força do dólar. “Dependemos de o investidor estrangeiro ver o dólar mais fraco no mundo para alocar recursos no Brasil”, completa.

Em uma entrevista recente, Trump reiterou sua proposta de elevar significativamente as tarifas sobre importações. Esse discurso acirrou ainda mais a pressão sobre as moedas de mercados emergentes. “As medidas tarifárias de Trump não necessariamente terão como foco principal o Brasil, mas o impacto sobre o México influencia toda a América Latina”, observa Monteiro.

Ele explica que, “quando o México sofre, invariavelmente o Brasil sofre, porque estamos no mesmo grupo de emergentes. Se tivéssemos com a casa mais ‘arrumada, talvez não fôssemos tão afetados.”

A expressão “casa mais arrumada” refere-se à questão fiscal do Brasil. Monteiro ressalta que o real tem enfrentado dificuldades em aproveitar cenários que poderiam ser favoráveis, como um aumento do diferencial de juros. “Isso porque carece de um gatilho fiscal. Em toda a minha experiência no mercado, sempre que a questão fiscal surgiu como preocupação, apareceu o temor de que a taxa de juros não fosse suficiente para segurar a inflação e ancorar a moeda”, observa.

A EQI Asset mantém uma estratégia de posições táticas compradas em real contra dólar, utilizando contratos de opções na expectativa de uma assimetria favorável quando o dólar opera acima de R$ 5,60 e se aproxima de R$ 5,70. A situação atual revela um ambiente volátil, onde as decisões de política fiscal e as movimentações do mercado internacional podem definir o rumo do real nos próximos dias, enquanto a expectativa de uma vitória de Trump continua a influenciar a dinâmica cambial.

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