Greve nos Portos dos EUA paralisa operações e desestabiliza cadeias de suprimentos em luta contra automação

Harold J. Daggett. Foto: Bryan R. Smith.
 Liderada por Harold Daggett, a paralisação de estivadores na Costa Leste e Golfo dos EUA busca preservar empregos ameaçados pela automação, enquanto cada dia de greve pode custar à economia até US$ 4,5 bilhões.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA

Em um vídeo divulgado no canal do sindicato no YouTube, Harold Daggett, presidente da Associação Internacional dos Estivadores (ILA), afirmou: “Vocês não têm ideia do que isso significa. Ninguém tem”. Ele alertou sobre demissões em massa em diversas indústrias e o fechamento de shoppings em questão de semanas devido à greve que paralisou os portos da Costa Leste e do Golfo dos EUA a partir desta terça-feira (1º). Sem uma votação formal de autorização de greve, Daggett tomou a iniciativa de ordenar que os trabalhadores abandonassem seus postos logo após a meia-noite, desestabilizando as cadeias de suprimentos globais.

Analistas do JPMorgan estimaram que cada dia de paralisação pode custar à economia dos EUA até US$ 4,5 bilhões, apesar das tentativas da Casa Branca de minimizar o impacto. Daggett posicionou-se como defensor da classe trabalhadora americana, que teme perder seus empregos para a automação. Mesmo após recusar uma oferta de aumento salarial de quase 50% dos operadores portuários, ele reafirma que sua luta é pela preservação dos empregos dos estivadores.

Especialistas em relações de trabalho acreditam que as negociações em curso podem definir precedentes para futuras batalhas contra a automação em outras indústrias. Daggett e o sindicato insistem que a greve é necessária para garantir salários mais altos e segurança no emprego para os trabalhadores dos portos, que veem suas funções ameaçadas pela automação. Eles temem que, sem uma intervenção firme, os trabalhadores portuários enfrentem o mesmo destino dos operários automotivos em Detroit, que viram suas fileiras drasticamente reduzidas.

Daggett também expressou preocupação com o uso crescente de automação nos portos ao redor do mundo e pretende levar sua campanha global, mirando portos no Chile e em Portugal. No entanto, ele tem enfrentado críticas, com detratores afirmando que a greve está prejudicando a recuperação de estados afetados pelo furacão Helene, ao interromper a importação de alimentos e produtos farmacêuticos.

Daggett também fez acenos ao ex-presidente Donald Trump, mencionando que os dois tiveram uma “maravilhosa e produtiva reunião de 90 minutos” em Mar-a-Lago, em novembro, onde discutiram “a ameaça da automação para os trabalhadores americanos”. Ele destacou o encontro como um dos pontos altos de sua cruzada contra a automação, vendo em Trump um aliado que entende os desafios enfrentados pela classe trabalhadora americana.

Mesmo assim, Daggett criticou o presidente Joe Biden, que ele acusa de não defender adequadamente os trabalhadores portuários. “Onde está o presidente dos Estados Unidos? Ele não está lutando por nós”, disse Daggett em um vídeo no YouTube, referindo-se à falta de apoio do governo para os trabalhadores deslocados após o colapso da ponte de Baltimore em março.

No entanto, Biden atendeu ao pedido de Daggett para não intervir nas negociações paralisadas do sindicato com a Aliança Marítima dos Estados Unidos (USMX), apesar das objeções dos líderes empresariais.

Apesar de sua influência no comércio dos EUA, Daggett enfrenta desafios substanciais em sua batalha contra a automação. Os portos americanos utilizam muito menos robótica do que seus equivalentes internacionais, mas a luta pela preservação dos empregos nos portos continua. O desfecho dessa paralisação pode ter impactos duradouros sobre o futuro das indústrias que enfrentam o avanço das tecnologias automatizadas.

Leia também:

Morre o jornalista Cid Moreira, aos 97 anos

John Amos, conhecido por seu papel em “Um Príncipe em Nova York”, faleceu aos 84 anos nos EUA

Nos EUA, garoto desmaia em montanha-russa e completa o trajeto sem consciência


 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*