Nova lei britânica proíbe orações silenciosas perto de clínicas de aborto

Foto: reprodução
Ativistas e religiosos temem criminalização de práticas pessoais sob novas “zonas de censura”.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA

O Reino Unido introduziu uma nova legislação que proíbe qualquer forma de influência — incluindo orações silenciosas — no entorno de clínicas de aborto, o que gerou intenso debate. A chamada lei de “Acesso Seguro” já está em vigor na Escócia e entrará em operação na Inglaterra e no País de Gales em 31 de outubro de 2024. As penalidades para violações incluem multas que podem ultrapassar £10.000 (cerca de R$61.000).

A ativista pró-vida Emma, que mora perto de um hospital com clínica de aborto em Edimburgo, foi notificada de que sua casa agora faz parte de uma dessas zonas de censura. Segundo a lei, até atividades privadas — como reuniões ou orações silenciosas realizadas em residências — podem ser consideradas infrações, caso possam ser vistas ou ouvidas na zona restrita. “Ser criminalizada por uma oração silenciosa é inimaginável”, declarou Emma, preocupada com a possibilidade de denúncias.

O rigor da medida foi exemplificado no caso de Adam Smith-Connor, multado em £9.000(cerca de R$54.900) por rezar silenciosamente nas proximidades de uma clínica em Bournemouth, Inglaterra. Outra ativista, Livia Tossici-Bolt, também enfrenta acusações por exibir um cartaz que oferecia conversa a quem desejasse.

Religiosos, incluindo padres católicos e voluntários, expressaram preocupação com a lei, que já resultou em monitoramento de pessoas que exibem mensagens como “Vidas não nascidas importam” ou realizam orações silenciosas. Críticos argumentam que essas restrições representam uma invasão estatal na vida pessoal e religiosa.

Temor de uma legislação “orwelliana”

Especialistas e ativistas têm descrito a nova lei como “orwelliana”, fazendo referência ao controle estatal opressivo presente na obra 1984, de George Orwell. Eles alertam que a criminalização de atos silenciosos, como pensamentos e orações, é um passo perigoso em direção ao monitoramento de intenções e crenças pessoais. A discussão sobre até onde o governo pode interferir em práticas privadas, mesmo aquelas realizadas sem alarde ou manifestação pública, tem gerado preocupações e pode estabelecer um precedente significativo para outras legislações no futuro.

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