Polícia descobre nova rota do PCC: tráfico de drogas por ferrovias até o Porto de Santos

PCC usa ferrovias para levar cocaína até o Porto de Santos, evitando fiscalização nas rodovias.

Facção criminosa usa transporte ferroviário para evitar a fiscalização rodoviária e garantir exportação de drogas; apreensão de 216 kg de cocaína em Jundiaí reforça suspeitas.

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

Uma apreensão de 216 kg de cocaína escondida em um fundo falso de um caminhão no início de outubro, na cidade de Jundiaí, confirmou as suspeitas da Polícia Civil de São Paulo de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) passou a utilizar uma rota ferroviária para escoar grandes quantidades de drogas do interior do estado até o Porto de Santos. O caminhão, que transportava oficialmente celulose, tinha como destino um terminal de cargas onde a droga seria colocada em trens para seguir até o litoral, estratégia adotada para driblar a crescente fiscalização nas principais rodovias.

A investigação, conduzida pela 2ª Delegacia de Entorpecentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Santos, começou a acompanhar o caminhão suspeito antes mesmo da abordagem. Na primeira revista, nada foi encontrado no veículo, mas o comportamento nervoso do motorista levantou suspeitas. Ele foi então levado à sede da polícia no litoral, onde uma segunda vistoria descobriu os 216 kg de cocaína. O motorista, de 41 anos, foi preso em flagrante e teve sua prisão convertida em preventiva. Ele optou por permanecer em silêncio tanto diante dos investigadores quanto durante a audiência de custódia.

Segundo a Polícia Civil, o destino final da carga era o Porto de Santos, de onde o entorpecente seria exportado para a Europa, um dos principais mercados consumidores do tráfico brasileiro. Estima-se que o PCC despache cerca de 60 toneladas de cocaína por ano através do porto, movimentando aproximadamente R$ 10 bilhões. As autoridades acreditam que o uso da ferrovia, que liga Santos a Jundiaí, tem sido intensificado nos últimos anos para fugir do controle nas rodovias, especialmente no Sistema Anchieta-Imigrantes.

O Ministério Público estadual (MPSP) estima que o crime organizado esteja lucrando significativamente com a exportação de drogas, enquanto a Polícia Rodoviária tem registrado menos apreensões de entorpecentes nas rodovias que dão acesso ao litoral paulista. A suspeita inicial era de corrupção entre agentes rodoviários, mas a nova estratégia do PCC de usar trens para o transporte de drogas levanta outras hipóteses.

Além da operação em Jundiaí, outro grande carregamento de cocaína foi apreendido no dia 15 de outubro no Porto de Santos. Desta vez, 792 kg de cocaína foram encontrados escondidos em um contêiner de café com destino à Turquia. A droga, assim como no caso anterior, chegou ao terminal de cargas por meio de trens e foi carregada em um galpão antes de ser lacrada para exportação. Dois suspeitos, de 35 e 44 anos, foram presos em flagrante e um deles confessou que receberia R$ 150 mil pela entrega.

A Polícia Civil e o Setor de Inteligência da Polícia Militar estão investigando se há funcionários de empresas de logística envolvidos no esquema, uma vez que o uso de lacres falsos nos contêineres foi identificado em outras apreensões. No entanto, até o momento, nenhuma prova concreta liga essas empresas ao crime organizado.

A mudança para as rotas ferroviárias reflete a capacidade de adaptação do PCC para manter seu império do tráfico. Com a intensificação da fiscalização nas rodovias, especialmente em trechos críticos como o Sistema Anchieta-Imigrantes, a facção viu nas ferrovias uma alternativa eficaz para evitar os controles mais rígidos e garantir que suas cargas cheguem ao destino sem interferências.

O uso da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, com mais de 150 anos de existência, foi identificado como uma das principais vias usadas pelo PCC para transportar cocaína. A concessionária MRS Logística, responsável pela operação de cargas na ferrovia, também está sendo monitorada pela polícia, que investiga possíveis falhas ou facilitação no transporte de drogas.

A investigação ainda está em curso, mas já expõe como o tráfico de drogas no Brasil, especialmente no estado de São Paulo, evolui rapidamente para evitar as barreiras impostas pelas autoridades, sempre buscando novas maneiras de manter o comércio ilícito em funcionamento, lucrando bilhões com o tráfico internacional.

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