A violência no futebol brasileiro voltou a chocar o país no último domingo (27), com um ataque brutal a torcedores do Cruzeiro, que retornavam de Curitiba para Belo Horizonte após o jogo contra o Athletico-PR pelo Brasileirão. O ataque, que aconteceu no km 55 da BR-381, em Mairiporã (SP), deixou um torcedor morto e 17 feridos.
Segundo relatos de testemunhas e do advogado que representa os torcedores do Cruzeiro, Renan Bohus da Costa, a emboscada ocorreu enquanto os cruzeirenses viajavam de ônibus, dormindo durante o trajeto. Torcedores rivais, supostamente da Mancha Alviverde (torcida organizada do Palmeiras), teriam arremessado pregos no asfalto, forçando a parada do ônibus. Em seguida, houve um ataque com coquetel molotov e outros objetos, levando os torcedores a se esconderem e aguardarem a chegada da polícia.
A vítima fatal do ataque foi identificada como José Victor dos Santos Miranda, 30 anos, integrante da Máfia Azul de Sete Lagoas. Ele foi encontrado carbonizado dentro do ônibus que foi incendiado durante a emboscada. Outros nove torcedores do Cruzeiro ficaram gravemente feridos. O pai de José Victor, antes do jogo, implorou para que ele não viajasse para Curitiba, mas o jovem, que era motoboy autônomo e deixa um filho de 10 anos, decidiu ir acompanhar o Cruzeiro.
Torcedor morto em confronto. Foto: Reprodução.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) está investigando o caso e já ouviu 60 pessoas, entre torcedores dos dois ônibus envolvidos no incidente. 13 pessoas permanecem internadas em hospitais da região.
O Palmeiras, em nota oficial, repudiou o ataque e pediu que os responsáveis sejam punidos com rigor. O clube, que atualmente não tem relações com a Mancha Alviverde, afirmou que o futebol não pode ser palco de violência e que a situação exige apuração e punição imediatas.
O ataque é uma retaliação ao confronto entre as torcidas organizadas do Cruzeiro e do Palmeiras em 2022, em Carmópolis de Minas, onde a Máfia Azul agrediu diversos palmeirenses, incluindo o presidente da Mancha Alviverde, Jorge Luís Sampaio Santos.
A relação entre o Palmeiras e a Mancha Alviverde está rompida desde o início do mandato da presidente Leila Pereira. A torcida tem realizado protestos contra a mandatária e, em setembro de 2023, a Justiça de São Paulo concedeu medida protetiva a Leila contra três líderes da organizada, incluindo o presidente, após ameaças graves durante uma live da Mancha.
O ataque brutal a torcedores do Cruzeiro levanta novamente a discussão sobre a violência no futebol brasileiro e a necessidade de ações eficazes para combater a cultura de violência e impunidade dentro das torcidas organizadas.
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