Aumento de casos de coqueluche em 2024 alerta para a importância da vacinação no Brasil

Crédito:Divulgação/Freepik
País registra maior número de infecções em uma década; especialistas apontam queda na cobertura vacinal como principal causa.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

O ano de 2024 registrou um preocupante aumento nos casos de coqueluche no Brasil, com 3.253 notificações da doença, o que representa o maior número desde 2014, quando 8.622 casos foram confirmados. Segundo dados do painel epidemiológico do Ministério da Saúde (MS), o ano de 2013 também foi crítico, com 3.113 pessoas infectadas.

Histórico da doença e impacto da vacinação

A incidência de coqueluche no país vinha em queda desde a década de 1990, quando a taxa era de aproximadamente 10 casos por 100 mil habitantes (índice de 10,0), graças ao aumento da cobertura vacinal. No entanto, em 2024, o estado do Paraná foi o único a apresentar um índice similar ao de três décadas atrás, com um coeficiente de 10,6, revelando uma nova tendência de alta.

Segundo a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio Libanês, a principal razão para o aumento dos casos é a queda da cobertura vacinal, que deveria estar em torno de 95% para garantir uma proteção eficaz. Dal Ben também destaca que a melhoria no acesso a exames de biologia molecular, mais precisos e acessíveis nos últimos anos, contribuiu para o diagnóstico mais preciso e, consequentemente, para o aumento nas notificações.

Falta de reforço vacinal entre adolescentes é preocupante

Outro fator que tem contribuído para a disseminação da coqueluche é a ausência de reforço vacinal para adolescentes. No Brasil, a vacina contra a coqueluche é aplicada inicialmente em bebês com menos de 6 meses e reforçada após o primeiro ano de vida. No entanto, diferentemente dos Estados Unidos e da Europa, os adolescentes brasileiros não recebem doses de reforço, o que reduz a proteção prolongada contra a doença.

Paraná e São Paulo lideram casos e ôbitos em 2024

O estado do Paraná registrou 1.224 casos de coqueluche este ano e foi responsável por 4 das 13 mortes confirmadas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Em São Paulo, o número total de casos chegou a 870, sendo o segundo estado mais afetado. A cobertura vacinal no Paraná para a vacina pentavalente em crianças é de 90%, enquanto a cobertura para a vacina DTP (tríplice bacteriana) está em 86%. No entanto, o índice de vacinação de gestantes é alarmantemente baixo, com 53,3% (21.253 mulheres) não se vacinando, um dado preocupante devido à importância dessa imunização para a proteção dos recém-nascidos.

A importância da vacinação em gestantes e crianças

A vacinação de gestantes é essencial para proteger bebês nos primeiros meses de vida, período em que são mais vulneráveis à coqueluche. Essa vacinação é extremamente importante, porque ajuda a proteger o bebê que vai nascer, que está na população mais vulnerável, com maior risco de adoecer gravemente. Além disso, é recomendada a vacinação de profissionais de saúde que têm contato direto com bebês e crianças pequenas para prevenir surtos.

A Coqueluche e sua transmissão

A coqueluche é uma infecção respiratória altamente contagiosa, causada pela bactéria Bordetella pertussis. Ela compromete as vias respiratórias, traqueia e brônquios, manifestando-se por episódios de tosse intensa e seca. A doença é transmitida pelo contato próximo, por meio de tosse, espirros ou fala de uma pessoa infectada. No Brasil, a vacina é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O esquema de imunização inclui três doses da vacina pentavalente (aos 2, 4 e 6 meses), seguidas de reforços com a DTP (tríplice bacteriana), que também protege contra difteria e tétano.

Reflexões sobre a situação atual

O aumento expressivo dos casos de coqueluche em 2024 serve como um alerta sobre a importância de manter a cobertura vacinal em dia, especialmente em um cenário em que a hesitação vacinal tem crescido. A proteção das populações mais vulneráveis, como bebês e gestantes, deve ser uma prioridade para evitar complicações graves e até óbitos.

A retomada de campanhas de conscientização e a ampliação do acesso à vacinação para todas as faixas etárias, incluindo reforços para adolescentes, são medidas urgentes para conter a propagação dessa doença que, embora seja prevenível, ainda representa uma ameaça significativa à saúde pública no Brasil.

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