Ações promovidas durante a presidência brasileira do G20 focam em estratégias multissetoriais para combater essa crescente ameaça à saúde pública.
Por Paloma de Sá|GNEWSUSA
Em novembro de 2024, o Brasil se destacou na 4ª Conferência Ministerial Global de Alto Nível sobre Resistência Antimicrobiana (RAM), realizada em Jeddah, Arábia Saudita, de 14 a 16 de novembro. O evento reuniu líderes globais para alinhar as ações e fortalecer o combate à resistência antimicrobiana, um dos principais desafios de saúde pública da atualidade. A conferência foi marcada por discussões sobre o diagnóstico, prevenção e controle da RAM, além da troca de experiências e boas práticas entre os países.
O papel do Brasil na presidência do G20 em 2024
Durante a presidência do G20, de dezembro de 2023 a novembro de 2024, o Brasil priorizou temas como Resistência Antimicrobiana, Uma Só Saúde e mudanças climáticas. A Cúpula de Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro em novembro de 2024, foi o ponto culminante das negociações conduzidas ao longo do ano, onde foram apresentados os acordos para enfrentar os desafios globais.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, que representou o Brasil na conferência em Jeddah, destacou a importância de ações integradas entre os setores de saúde humana, animal, vegetal e ambiental. Como coordenadora do Comitê Técnico Interministerial do Brasil sobre Uma Só Saúde, Ethel ressaltou a necessidade de fortalecer a vigilância e implementar o primeiro inquérito brasileiro sobre RAM, integrando dados de humanos, animais e do meio ambiente. “O comitê Uma Só Saúde tem a RAM como prioridade para as ações colaborativas entre as instituições”, afirmou a secretária.
Declaração política sobre RAM: um compromisso multissetorial
Ainda em setembro, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, os países-membros assinaram uma Declaração Política de Alto Nível sobre Resistência Antimicrobiana. Este compromisso visa uma resposta coordenada, enfatizando a importância de pesquisa, inovação e vigilância contínua, além de prever financiamento adequado para essas ações.
Durante a reunião do G20, realizada em Natal (RN), em setembro, o Brasil liderou discussões sobre o uso indiscriminado de antimicrobianos na saúde humana, animal e nos meios de produção agroalimentares. Esse uso excessivo tem contribuído significativamente para o aumento da resistência bacteriana, transformando infecções anteriormente tratáveis em ameaças fatais.
RAM: uma ameaça crescente à saúde global
Segundo um estudo publicado na revista The Lancet, em 2022, a resistência antimicrobiana foi responsável por aproximadamente 4,95 milhões de mortes em 2019, tornando-se uma das principais causas de mortalidade no mundo. As maiores cargas dessa ameaça ocorrem em países com recursos limitados, onde o acesso a diagnósticos e tratamentos é mais restrito.
A RAM ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas desenvolvem resistência aos medicamentos que antes eram eficazes, como antibióticos e antivirais. Isso resulta em infecções mais difíceis de tratar, aumento de complicações, maior tempo de hospitalização e aumento dos custos de saúde.
Estratégias para enfrentar a resistência antimicrobiana
Durante a conferência em Jeddah, foram apresentadas estratégias e ações que os países do G20 têm adotado para combater a RAM. O Brasil, em especial, enfatizou a abordagem de Uma Só Saúde, que reconhece a interdependência entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental para uma resposta eficaz.
Os países discutiram a importância da inovação no desenvolvimento de novos antimicrobianos, vacinas e alternativas terapêuticas, além de ampliar o acesso a diagnósticos rápidos para reduzir o uso inadequado de antibióticos.
O caminho adiante: cooperação global e inovação
A Conferência Ministerial e as ações promovidas pela presidência brasileira do G20 evidenciam o compromisso global com a prevenção e controle da resistência antimicrobiana. A implementação de políticas eficazes, a promoção de uma colaboração internacional mais robusta e o investimento em inovação são passos cruciais para mitigar o impacto da RAM nas próximas décadas.
Os países membros do G20, incluindo potências como Brasil, Estados Unidos, China, Índia e União Europeia, estão comprometidos em unir esforços para proteger a saúde pública global e garantir um futuro mais seguro e saudável para todos.
A liderança do Brasil na promoção de discussões sobre a RAM durante sua presidência no G20 reforça o papel do país como um importante ator global na saúde pública, buscando soluções sustentáveis e cooperativas para enfrentar os desafios que afetam a população mundial.
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