Milei demite chanceler após votação da Argentina em favor de Cuba na ONU

Durante a conferência da Sociedade das Américas/Conselho das Américas em Buenos Aires, em 14 de agosto de 2024, a ex-ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, discursa – AFP/Arquivos.

Novo chanceler Werthein assume com promessa de alinhar política externa e condenar regimes autoritários.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

Em um movimento que reflete sua postura ultraliberal, o presidente argentino Javier Milei decidiu substituir a chanceler Diana Mondino pelo embaixador argentino em Washington, Gerardo Werthein. A decisão veio logo após a Argentina apoiar uma resolução na ONU que pede o fim do embargo americano contra Cuba, uma ação contrária à linha dura do governo de Milei.

“O novo chanceler da República Argentina é o senhor Gerardo Werthein”, anunciou o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, em uma publicação na rede social X. A mudança ocorre após o governo se pronunciar com firmeza contra regimes que “perpetuam a violação dos direitos humanos e das liberdades individuais”. Em comunicado, a presidência destacou que a Argentina “opõe-se categoricamente à ditadura cubana” e reforçou seu compromisso com uma política externa que defenda a liberdade.

Horas antes, na Assembleia Geral da ONU, a Argentina votou a favor da resolução que condena o embargo, aprovada por 187 países. O único apoio à medida dos Estados Unidos veio de Israel, enquanto a Moldávia se absteve. Em reação, Milei repostou a mensagem de uma deputada: “Orgulhosa de um governo que não banca e nem é cúmplice de ditadores. Viva #CubaLibre”.

A troca na chancelaria argentina não surpreende. Desde o início de seu mandato, Milei deixou claro que pretende alinhar a política externa com valores que repudiam regimes autoritários, e a destituição de Mondino reforça essa determinação. Segundo analistas locais, já havia “muita interferência na chancelaria”, e a decisão da Argentina de votar a favor de Cuba teria sido o ponto final na gestão de Mondino. “É inexplicável que tenha havido falta de coordenação”, afirmou o analista político Carlos Fara, comentando que o futuro de Mondino parecia selado após a decisão da ONU.

Nos últimos meses, Mondino já não participava das missões internacionais ao lado de Milei, que preferiu a companhia de sua irmã, Karina Milei. Na visão de Fara, “ficou claro um fato: Werthein é quem definia a agenda internacional de Milei”. Além de empresário, Werthein tem ampla experiência diplomática e esportiva, sendo vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional e ex-presidente do Comitê Olímpico Argentino.

Com a nomeação de Werthein, Milei dá um passo estratégico na reformulação de sua política externa, com um chanceler que, segundo analistas, trará ainda mais alinhamento entre a diplomacia argentina e as políticas ultraliberais de seu governo.

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