
Novo governo da Síria sinaliza transição e discute combate ao terrorismo com delegação americana.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Em um movimento diplomático inédito desde a queda do regime de Bashar al-Assad, uma delegação dos Estados Unidos realizou encontros oficiais com o novo governo sírio nesta sexta-feira (20). Liderado pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o governo interino discutiu princípios de transição, segurança regional e estratégias contra o grupo terrorista Estado Islâmico (Isis).
De acordo com o Departamento de Estado dos EUA, “eles se reuniram com representantes do HTS para discutir os princípios de transição endossados pelos Estados Unidos” e abordaram “o imperativo da luta contra o Isis”.
Em paralelo, o Comando Central dos EUA anunciou, por meio da plataforma X, a realização de ataques aéreos que resultaram na morte de dois agentes do Isis, incluindo seu líder, Abu Yusif.
Primeiro contato formal
O dirigente sírio Ahmed al Sharaa classificou a reunião com os diplomatas americanos como “positiva”. Segundo ele, “os resultados serão positivos, se Deus quiser”. Contudo, a delegação cancelou uma coletiva de imprensa programada em Damasco por “razões de segurança”, deixando jornalistas à espera em um hotel da capital, onde houve queda de energia.
Barbara Leaf, principal diplomata americana para o Oriente Médio, declarou que a reunião foi “boa” e destacou o compromisso do novo governo em conter ameaças terroristas.
Desafios e expectativas
Apesar de celebrarem o fim do regime de Assad, governos ocidentais enfrentam incertezas sobre a condução política do HTS, liderado por um ex-comandante da Al Qaeda. Há debates sobre a possibilidade de remover a designação de grupo terrorista do HTS, enquanto canais diplomáticos com o grupo estão sendo gradualmente estabelecidos.
Além disso, a delegação americana discutiu com grupos da sociedade civil sobre o futuro da Síria e buscou informações sobre cidadãos desaparecidos, incluindo o jornalista Austin Tice, capturado em 2012.
França, Alemanha, Reino Unido e Nações Unidas também enviaram representantes para avaliar a situação. Especialistas temem que as políticas dos novos líderes possam impactar minorias e regiões semi-autônomas no norte do país.
Direitos das mulheres em pauta
Em manifestações realizadas na quinta-feira (19), centenas de pessoas em Damasco exigiram democracia e respeito aos direitos das mulheres. “A era do silêncio acabou. Estaremos atentas a qualquer postura que possa prejudicar as mulheres e não a aceitaremos”, afirmou Majida Mudarres, de 50 anos.
Para Amy Pope, diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações, as mulheres são “absolutamente indispensáveis” para a reconstrução do país. Essa visão reflete a esperança de que a transição na Síria possa abrir caminhos para uma sociedade mais inclusiva.
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