Brasil na ONU: Lula troca justiça por alinhamento político com ditaduras

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Governo Lula se omite em temas sensíveis e põe em xeque sua posição sobre direitos fundamentais.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA

Nos últimos meses, o Brasil tem protagonizado uma série de abstenções em votações cruciais na Organização das Nações Unidas (ONU), causando desconforto e levantando questionamentos sobre o alinhamento do governo Lula em temas relacionados aos direitos humanos e à justiça internacional.

Na mais recente polêmica, a delegação brasileira optou por se abster em uma resolução que exige o retorno de crianças ucranianas deportadas ilegalmente para a Rússia. Mesmo sem o apoio do Brasil, a medida foi aprovada por 81 votos favoráveis. O caso é grave: a transferência forçada de crianças foi um dos motivos pelos quais o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu uma ordem de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, e a comissária russa para os direitos das crianças, Maria Lvova-Belova.

De acordo com um relatório da Escola de Saúde Pública de Yale, apoiado pelo Departamento de Estado dos EUA, o Kremlin sequestrou ao menos 314 crianças ucranianas nos primeiros meses do conflito, utilizando até mesmo aviões presidenciais para removê-las de territórios ocupados e entregá-las a famílias russas. Sob o pretexto de “proteger os menores”, as ações russas são amplamente vistas como uma estratégia de limpeza étnica e assimilação forçada.

O silêncio do Brasil diante de crimes de guerra dessa magnitude contrasta com o discurso oficial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que frequentemente se posiciona como defensor dos direitos humanos e da justiça social.

Contradições e omissões

Essa não foi a primeira vez que o Brasil evitou tomar uma posição firme na ONU. Em novembro, o país também se absteve de condenar o Irã por sua repressão às mulheres e pelo uso indiscriminado da pena de morte contra manifestantes na capital Teerã. A resolução foi aprovada por 77 países, mas o Brasil, alinhado ao grupo dos BRICS, optou pela neutralidade, sem sequer emitir justificativas claras por meio do Itamaraty.

A postura do governo brasileiro é particularmente contraditória, uma vez que o próprio chefe da Delegação Permanente do Brasil na ONU, Tovar da Silva Nunes, reconheceu, em abril, as violações sistemáticas de direitos humanos pelo regime iraniano. No entanto, em vez de apoiar uma resolução que ampliava as investigações sobre os abusos, o Brasil preferiu um discurso vago sobre “diálogo construtivo”, mesmo diante do assassinato brutal de Mahsa Amini, jovem de 22 anos morta sob custódia da polícia da moralidade iraniana.

Críticas ao governo Lula

Embora o presidente Lula tenha enfatizado em diversas ocasiões seu compromisso com causas sociais e igualdade, na prática, seu governo tem falhado em transformar esse discurso em ações concretas no cenário internacional. A insistência em adotar uma posição “neutra” em temas que envolvem flagrantes violações de direitos humanos não apenas enfraquece a credibilidade do Brasil como liderança regional, mas também sugere um alinhamento estratégico com regimes autoritários em nome de interesses econômicos e geopolíticos.

As abstenções recentes demonstram que a política externa brasileira, sob o governo Lula, está disposta a sacrificar valores universais em troca de manter relações amistosas com parceiros estratégicos como a Rússia e o Irã. Essa postura contradiz os princípios de solidariedade e justiça que o Brasil historicamente defendeu, manchando a reputação do país em um momento em que as democracias mundiais buscam maior unidade para enfrentar crises globais.

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