Imigrantes no Reino Unido: falhas no controle de inglês preocupam educadores

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Instituições são acusadas de negligenciar requisitos linguísticos em troca de altas taxas de estudantes estrangeiros.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA

O crescimento expressivo do número de estudantes estrangeiros em universidades do Reino Unido tem levantado debates sobre os padrões de proficiência no inglês exigidos para a admissão. Acadêmicos e sindicatos apontam que algumas instituições estão priorizando o lucro em detrimento da qualidade acadêmica, aceitando alunos que não dominam o idioma adequadamente. Yasmin (nome fictício), uma estudante iraniana de mestrado, compartilhou sua frustração ao perceber que muitos colegas enfrentavam dificuldades com o inglês.

“Como é possível continuar este curso sem entender corretamente o sotaque britânico ou o inglês?”, questionou. Ela ainda relatou que muitos pagavam terceiros para comparecer às aulas ou até mesmo para realizar suas atividades acadêmicas.

A situação relatada por Yasmin não é isolada. De acordo com Jo Grady, representante do Sindicato das Universidades e Faculdades (UCU), que representa cerca de 120 mil profissionais do setor, existem métodos usados para contornar os exames de idioma.

“Quando conversamos com os membros, aprendemos sobre os truques usados para fazer com que as pessoas passassem no exame de idioma e acessassem os cursos”, revelou.

Uma entidade que representa 141 instituições, nega que haja negligência e afirma que os critérios linguísticos para estudantes internacionais são rigorosos. Contudo, relatos de professores indicam o contrário: em algumas turmas de mestrado, até 70% dos alunos apresentam inglês inadequado.

O alto número de estudantes estrangeiros em programas de pós-graduação é um reflexo direto do sistema de financiamento universitário no Reino Unido. Rose Stephenson, especialista na área, explica que enquanto as taxas de graduação para estudantes britânicos são limitadas a 9.250 libras anuais, não existe teto para estudantes internacionais ou programas de pós-graduação.

“Se pode cobrar de um estudante estrangeiro tanto quanto ele estiver disposto a pagar”, explica.

Com a inflação corroendo o financiamento das universidades, os estudantes internacionais, que muitas vezes pagam mais de 50 mil libras por um mestrado em universidades de elite, acabam servindo como fonte de subsídio para manter as taxas reduzidas dos estudantes locais.

A questão traz à tona uma disputa complexa: equilibrar a necessidade financeira das universidades britânicas com a garantia de qualidade acadêmica e igualdade de oportunidades para todos os estudantes.

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