
Tratamento diferenciado em hospital público levanta suspeitas de favorecimento a integrantes de milícias.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Nesta quarta-feira (11), a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu Felipe Ferreira Carolino, conhecido como Zulu, um dos milicianos mais procurados do estado. Ele foi localizado dentro de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro de Paciência, na zona Oeste da cidade, por agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO).
Zulu estava na UPA recebendo tratamento exclusivo, após ter sido transferido do Hospital Municipal Pedro II, também na zona Oeste. No momento da abordagem, o criminoso estava fumando um cigarro e aparentava estar tranquilo. Ele foi preso em flagrante com uma pistola.
Esquema de favorecimento em unidades públicas de saúde
O fato de Zulu estar recebendo tratamento diferenciado na UPA levantou suspeitas de favorecimento a milicianos em unidades de saúde pública. A DRACO iniciou uma investigação para apurar possíveis irregularidades no atendimento de integrantes da organização criminosa em hospitais e postos de saúde municipais.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o miliciano deu entrada na UPA no dia 9 de dezembro “por motivos clínicos, sem causas externas ou suspeitas que configurassem necessidade legal de comunicação à autoridade policial”. A secretaria também afirmou que:
•Zulu passou por todo o fluxo padrão de atendimento, incluindo triagem, avaliação médica, exames e internação em um leito de isolamento;
•Ele foi repreendido diversas vezes por desrespeitar a norma que proíbe fumar em ambientes hospitalares;
•Até a chegada da polícia, a equipe médica não tinha conhecimento sobre a condição criminal do paciente.
A coordenação da unidade se colocou à disposição das autoridades para colaborar nas investigações.
Histórico criminal de Zulu
Felipe Ferreira Carolino, o Zulu, é investigado por constituição de milícia privada, além de ser alvo de inquéritos conduzidos pela Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), que investigam crimes como desaparecimentos e homicídios relacionados à milícia.
Em 2019, Zulu foi preso, mas foi libertado em 2023. Após sua soltura, ele retomou a liderança da milícia que controla a favela do Rodo, em Santa Cruz, consolidando seu poder de comando na organização criminosa. Ele é acusado de liderar uma série de crimes violentos na zona Oeste, incluindo execuções, extorsões e controle de territórios.
Prisão e investigações
Zulu foi preso em flagrante por constituição de milícia privada e será investigado por outros crimes associados à sua atuação. A prisão dele é considerada um golpe significativo contra a estrutura da milícia que domina a favela do Rodo, mas também expõe os desafios no enfrentamento do crime organizado no estado.
A DRACO já investiga a existência de um esquema de favorecimento dentro de hospitais e UPAs, que pode envolver funcionários públicos e integrantes do crime organizado. A Polícia Civil ressaltou que as operações contra milicianos continuarão, com o objetivo de desmantelar essas organizações criminosas e responsabilizar todos os envolvidos.
Impacto da prisão
A captura de Zulu representa um avanço importante no combate às milícias no Rio de Janeiro. Contudo, o caso ressalta a urgência de ações mais rígidas contra a infiltração do crime organizado nos serviços públicos, especialmente na área da saúde.
Com Zulu sob custódia, a expectativa é que novas informações sobre o esquema criminoso sejam reveladas, permitindo um maior desmonte da milícia que atua na zona Oeste e uma repressão mais eficaz às suas atividades ilegais.
Leia mais
Câmara dá primeiro passo para retorno do voto impresso nas eleições
PF desarticula esquema bilionário de transporte ilegal de ouro de terras indígenas
Descoberta revolucionária: novo tipo de célula com potencial de regeneração impressionante
Faça um comentário