Ministerio Público Federal investiga ação da PRF em caso de jovem baleada na cabeça na véspera de Natal

Foto: Reprodução.

Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi atingida enquanto trafegava com a família pela BR-040, em Duque de Caxias. Polícia Federal e Ministério Público apuram a conduta dos agentes envolvidos.

Por Schirley Passos|GNEWSUSA

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou na última quarta-feira (25) um procedimento para apurar a conduta dos agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) envolvidos em uma abordagem que deixou Juliana Leite Rangel, de 26 anos, gravemente ferida. A jovem foi baleada na cabeça enquanto trafegava com a família pela BR-040, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, na véspera de Natal.

Juliana segue internada em estado gravíssimo no Hospital Municipal Adão Pereira Nunes. Segundo informações da unidade de saúde, ela permanece no Centro de Tratamento Intensivo (CTI).

Ações do MPF e PRF

O procurador da República, Eduardo Santos de Oliveira Benones, determinou que a Polícia Federal (PF), responsável pela investigação do caso, envie as informações já apuradas. As armas dos policiais envolvidos foram apreendidas e submetidas a perícia.

O MPF requisitou o afastamento imediato dos agentes envolvidos, o recolhimento da viatura e das armas, independentemente de terem sido utilizadas no incidente. Além disso, a Procuradoria-Geral solicitou acesso ao procedimento administrativo instaurado pelo controle interno da Superintendência da PRF, exigindo detalhes do caso e a identificação dos policiais.

A PRF informou que afastou três agentes que atuavam no local dos disparos e lamentou profundamente o ocorrido, afirmando que presta assistência à família da vítima e realiza uma apuração interna.

O incidente

O ataque ocorreu enquanto Juliana e sua família se dirigiam para a casa de parentes em Belford Roxo para celebrar a ceia de Natal. O veículo foi alvejado na parte traseira, e Juliana, que estava no banco traseiro, foi atingida na cabeça.

Seu pai, Alexandre, sofreu um tiro de raspão na mão, mas não teve ferimentos graves e recebeu alta médica ainda na noite do ocorrido. O cachorro da família, que também estava no carro, não se feriu.

Vídeos gravados por testemunhas no local indicam que os disparos partiram de uma viatura da PRF. Em uma das gravações, o pai de Juliana aparece desesperado, dizendo: “Meu Deus do céu, não acredito, [atingiram] minha filha.”

Solicitação de imagens e boletins médicos

O MPF também expediu um ofício à concessionária Concer, responsável pela administração da BR-040, solicitando imagens de câmeras de segurança registradas entre 20h e 22h da noite de Natal. Além disso, o procurador requisitou informações sobre a assistência prestada pela PRF à vítima e sua família, assim como boletins médicos atualizados sobre Juliana.

Contexto e normas de uso da força

O caso aconteceu um dia após a oficialização de novos protocolos para o uso da força, estipulados por decreto do Ministério da Justiça. O decreto proíbe o uso de armas de fogo contra pessoas desarmadas em fuga ou veículos que desrespeitem bloqueios policiais, exceto em situações de risco iminente de morte ou lesão.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), criticou as normas, afirmando que elas representam um “presentão de Natal para a bandidagem”. Castro não se manifestou sobre o caso de Juliana.

Relembre outros casos

Este não é o primeiro incidente envolvendo a PRF na região. Em setembro do ano passado, a menina Heloisa dos Santos Silva, de 3 anos, morreu após ser baleada durante uma ação policial no Arco Metropolitano, em Seropédica. Ela estava no carro com a família quando foi atingida. Três agentes da PRF tornaram-se réus pelo caso.

O caso de Juliana Leite Rangel segue sendo investigado, e novas informações serão divulgadas à medida que avançarem as apurações.

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