
Fábrica em Camaçari, na Bahia, expõe 163 trabalhadores chineses a condições degradantes; empresas e autoridades reagem.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu uma investigação contra a montadora chinesa BYD e sua subcontratada Jinjiang Open Engineering, após denúncias de tráfico internacional de pessoas e exploração de trabalhadores em condições análogas à escravidão. A situação foi descoberta na construção de uma fábrica de carros elétricos em Camaçari, Bahia, onde 163 trabalhadores chineses enfrentavam condições sub-humanas.
Descobertas nas inspeções
Auditores fiscais identificaram que os operários estavam alojados em locais com infraestrutura inadequada, como:
•Dormitórios superlotados e insalubres;
•Banheiros insuficientes para a quantidade de pessoas;
•Jornada exaustiva em condições climáticas extremas;
•Retenção de passaportes e atraso no pagamento de salários.
As investigações apontam que a prática pode estar ligada a tráfico internacional de pessoas, com exploração dos trabalhadores desde o momento do recrutamento até o ambiente laboral no Brasil.
Ações do MPT e paralisação das obras
Após a inspeção, o MPT determinou a suspensão parcial das obras da fábrica e iniciou procedimentos para garantir a segurança e os direitos dos trabalhadores. A procuradora responsável pelo caso destacou a gravidade da situação:
“Essas condições violam os princípios básicos de dignidade humana e de proteção ao trabalhador, conforme garantidos pela legislação brasileira.”
Resposta das empresas
A BYD, ao ser notificada sobre as denúncias, tomou medidas imediatas, incluindo:
•Romper contrato com a subcontratada Jinjiang Open Engineering;
•Transferir os trabalhadores para hospedagens em hotéis;
•Reforçar seu compromisso com normas internacionais de trabalho.
Por outro lado, a Jinjiang negou as acusações e afirmou que as condições descritas não refletem a realidade. Em comunicado, a empresa se disse ofendida pelas alegações e anunciou uma coletiva de imprensa no Brasil para expor sua defesa.
Repercussões internacionais
A gravidade do caso ultrapassou fronteiras, com o Ministério das Relações Exteriores da China iniciando suas próprias investigações. Pequim enfatizou que empresas chinesas devem respeitar as leis locais e manter padrões éticos de trabalho, reforçando a necessidade de responsabilidade corporativa em projetos internacionais.
Impactos no setor e no debate global
O caso BYD destaca a urgência de fiscalizações mais rigorosas nas práticas trabalhistas de empresas multinacionais, especialmente em países emergentes. Ele também reacende o debate sobre a responsabilidade social de grandes corporações, mostrando que o desenvolvimento econômico não pode ocorrer às custas de direitos humanos.
A situação em Camaçari poderá servir como um alerta global para que empresas reavaliem suas práticas de contratação e monitoramento de subcontratadas.
Próximos passos e ações preventivas
As autoridades brasileiras e chinesas estão monitorando o desenrolar das investigações, e o MPT indicou que outras empresas no setor da construção podem passar por inspeções semelhantes. O objetivo é criar um ambiente mais seguro e humano para trabalhadores, independentemente de sua origem.
Conclusão
A investigação contra a BYD evidencia um problema sistêmico na relação entre multinacionais e subcontratadas, especialmente em países em desenvolvimento. Este caso poderá ser um marco para mudanças nas regulamentações trabalhistas e no fortalecimento de normas internacionais que protejam a dignidade do trabalhador em escala global.
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