Acidente na BR-116 envolveu um ônibus com passageiros de São Paulo e uma carreta carregada com granito; investigações apontam possíveis irregularidades no transporte e nas condições de tráfego.
A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou que subiu para 41 o número de mortos no grave acidente ocorrido na madrugada do último sábado (21), na BR-116, em Teófilo Otoni. O acidente envolveu um ônibus interestadual, uma carreta que transportava granito e um carro de passeio.
De acordo com informações da Emtram (Empresa de Transportes Macaubense), 39 das vítimas fatais eram ocupantes do ônibus, que saiu da rodoviária do Tietê, em São Paulo, às 7h de sexta-feira (20), com destino a Elísio Medrado, na Bahia. O ônibus transportava 45 pessoas ao todo. Entre os sobreviventes, três seguem hospitalizados e três já receberam alta, incluindo uma criança liberada no último domingo (22).
Bombeiros atuam no resgate das vítimas no acidente envolvendo um onibus, um caminhão e um automóvel na rodovia BR-116 em Teofilo Otoni (MG). Fofo: Divulgação/Corpo de Bombeiros.
O governo de Minas Gerais afirmou que “ainda está sendo checado se todos os corpos são de vítimas que estavam no ônibus”. Dos41 corpos que deram entrada no IML (Instituto Médico Legal) de Belo Horizonte, 12 já foram identificados. A identificação de outras vítimas depende de exames de material genético devido ao estado de carbonização.
Investigações apontam causas prováveis
As investigações preliminares indicam que o acidente foi causado pelo desprendimento de uma placa de granito da carroceria do caminhão em um trecho de declive e curva da rodovia. A placa teria caído no sentido oposto, atingindo o ônibus, que pegou fogo após o impacto. Boa parte das vítimas morreu carbonizada.
Outra hipótese levantada no local é que o pneu do ônibus teria estourado, mas, segundo a Polícia Civil, a principal linha de investigação ainda é o desprendimento da placa de granito.
Colisão entre carro, carreta e ônibus em MG deixa 41 mortos na Rodovia BR-116 em Teofilo Otoni (MG). Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros.
A carreta transportava a pedra do Ceará ao Espírito Santo e, segundo a Polícia Civil, estava com excesso de peso, conforme apontado em análise preliminar da nota fiscal da carga. Além disso, o motorista da carreta, que está foragido, tinha a carteira de habilitação suspensa desde 2022, após se recusar a fazer o teste do bafômetro em uma blitz da Lei Seca em Mantena (MG).
“O motorista precisa se apresentar às autoridades”, afirmou Saulo Castro, porta-voz da Polícia Civil de Minas Gerais.
Consequências e medidas emergenciais
O acidente, considerado o mais fatal em rodovias federais desde 2007, expôs problemas de infraestrutura e fiscalização. Radares no trecho onde ocorreu a tragédia estão desativados há meses devido ao encerramento de contratos, segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). A previsão é que novos equipamentos sejam instalados apenas no início de 2025.
No local do acidente, peritos da Polícia Civil seguem coletando dados para esclarecer a dinâmica do ocorrido. Além disso, câmeras de segurança estão sendo analisadas para verificar tanto as causas quanto uma possível fuga do motorista da carreta.
A Emtram afirmou em nota que o ônibus estava com revisão em dia, pneus novos e sistema de monitoramento ativo. A empresa lamentou o ocorrido e se comprometeu a colaborar com as investigações.
Apoio às vítimas e identificação
Uma força-tarefa foi montada na Academia de Polícia de Belo Horizonte para agilizar a coleta de material genético e ajudar na identificação dos corpos. Familiares das vítimas poderão realizar a coleta de material genético em seus estados de origem, priorizando parentes de primeiro grau como pais, filhos e irmãos.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, se solidarizou com as famílias das vítimas e afirmou que o Estado dará suporte às investigações e ao atendimento dos sobreviventes.
A tragédia reforça a necessidade de melhorias na fiscalização de cargas, infraestrutura viária e regulamentação de transporte para evitar novos acidentes e minimizar os impactos de ocorrências como essa.
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