Obra milionária em PE é alvo de superfaturamento e parentesco entre prefeito e julgador gera polêmica

Foto: reprodução
Auditoria do TCE-PE aponta irregularidades em projeto de João Campos; prefeito nega acusações e defende legalidade do contrato.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA

O Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE) apontou graves irregularidades na construção do Hospital da Criança, em Recife, obra símbolo da gestão de João Campos (PSB-PE). A auditoria revelou um superfaturamento de R$ 8 milhões no contrato, avaliado em R$ 111,8 milhões, com R$ 52,1 milhões já pagos até agora.

Marcada para ser inaugurada em janeiro de 2025, a obra foi amplamente usada como trunfo político durante a campanha de Campos à reeleição. Apesar das promessas de modernidade e eficiência, o TCE-PE identificou sobrepreço, subdimensionamento de equipamentos e atrasos no cronograma.

A análise gerou ainda mais repercussão ao ser conduzida por Marcos Loreto, conselheiro do TCE-PE e primo de Renata Campos, mãe do prefeito. A proximidade familiar levantou suspeitas sobre a imparcialidade do julgamento. Loreto solicitou explicações à prefeitura, que deve responder até 23 de dezembro.

Prefeitura nega, mas relatório reforça problemas

Em nota, a Prefeitura de Recife rechaçou as acusações, classificando o relatório como preliminar e parte do processo comum de auditoria em obras públicas. A gestão municipal garantiu que esclarecerá todos os pontos no prazo estipulado.

No entanto, especialistas questionam a condução do projeto. “É preocupante quando irregularidades como essas vêm à tona em obras que são vitrine eleitoral. O superfaturamento representa um desrespeito ao contribuinte”, afirmou um analista de contas públicas.

Promessas vazias?

João Campos transformou o Hospital da Criança em um símbolo de sua administração, prometendo à população uma unidade de referência. Durante a campanha, ele afirmou: “Pode anotar que vai ser o melhor hospital de todo Recife. Está ficando pronto, equipamento todo lindo e a gente vai ter um hospital de primeiro mundo”. No entanto, as denúncias contrastam com o discurso, gerando desconfiança sobre o uso político do projeto.

A visita à obra em novembro, acompanhada de ministros e da governadora Raquel Lyra (PSDB), foi apontada como tentativa de consolidar sua imagem de gestor eficiente. A construção é financiada com recursos municipais e federais, via Novo Programa de Aceleração do Crescimento, mas a desorganização no uso dos recursos coloca em xeque a gestão de Campos.

Enquanto o prefeito promete esclarecimentos, a polêmica continua. A combinação de falhas técnicas, uso eleitoral da obra e vínculos familiares com o auditor fortalece as críticas e expõe fragilidades na administração.

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